Jiang Cheng

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3 de Novembro de 2011

"Lan XiChen, oi.

Em dois dias é meu aniversário, em alguns dias fará um mês desde a última vez que eu te escrevi. Esse ano eu não quero fazer festa nem qualquer merda do tipo.

Eu apenas quero ficar fechado no meu quarto vendo Grey's Anatomy, sim, aquela série que você disse que odiava e que sempre me tirou a motivação para ver.

Agora que eu estou assistindo, tô amando ela.

Essa deve ser uma das razões por nós não termos dado certo! (Além da minha muito óbvia frivolidade.) A série é incrível, é o que estou dizendo pra mim mesmo e vou continuar repetindo até ser verdade. Para passar a impressão que estou te contrariando e o fazendo sofrer.

Apesar de achar que meu lugar está melhor em casa, Xian-gege quer me levar pra sair com os amigos dele e Nie Mingjue. Você sabe, eu não gosto de agitação.

Meu aniversário me lembra você, como todas as coisas que estão no looping infinito do tempo.

Estou fazendo dezoito agora, mas só consigo pensar que no meu aniversário de dezessete fomos para nosso cantinho no prédio abandonado, aquele em que nós dormimos para ver a chuva de meteoros no ano passado. Foi alguns meses antes do meu aniversário, em agosto.

Você se lembra?

— Gostaria de ver uma queda de estrelas no meu aniversário. - Foi o que eu disse no limite do sono, nós dois agarrados compartilhando uma manta.

— Vou te dar uma chuva de estrelas. - Você respondeu e me beijou, tão bom. Eu não me esqueci disso, dessa promessa doce e impossível de ser realizada foi um presente antecipado.

Lembro de ter falado para jiejie que você disse que me daria estrelas. Foi poético, eu entendi que você me daria o mundo. Ou uma pintura de estrelas ou qualquer outra coisa nessa temática. Você sempre foi bom em escolher livros, me fazendo apaixonar por aventuras de romances épicos e fantasias.

Esperei que você me fizesse apaixonar outra vez e não fui decepcionado quanto a isto.

Você fez chover estrelas, amor.

Os fogos coloridos que você comprou e depois convenceu seu irmão a estourar todos eles pra mim. Eles iluminaram o céu por segundos eternos, explodindo em dezenas de estrelas contra o céu escuro e nublado de inverno.

Sabes? Foi a primeira vez que eu te incluí nos meus planos para faculdade, uma vida inteira. Não é como se eu não soubesse que te amava, mas foi ali, sob a luz de pequenas estrelas pirotécnicas que eu quis você no meu futuro. Eu nos vi tendo um cachorro e gatos porque você sempre preferiu a tranquilidade dos gatos e eu amava a agitação e alegria dos cachorros. Nós sempre fomos diferentes, mas eu pensei que nós um dia poderíamos ter ambos numa casa e conviver pacificamente numa vida simples, num apartamento com ares de modernidade e uma bandeira LGBT na janela. Cafona, eu sei.

Mas eu quis - às vezes ainda quero - as dores e as delícias de um relacionamento fácil, que corre suavemente através dos anos e tem até um pouco de breguice. No entanto, não vamos estar no futuro um do outro nessa linha do tempo, resta apenas relembrar o passado.

Se pudesse escolher, nesse aniversário nós estaríamos juntos, no nosso lugar e eu te daria um cafuné até você adormecer. Como essa escolha não é possível me dei um presente adiantado: Fui te ver jogando basquete.

Tão bonito. Você está mais magro também e estava mancando. Não ficou até o final em quadra, mas eu te vi e não doeu quando fui assaltado pelas memórias porque todas eram boas demais para eu querer chorar.  Me dei você como presente.

Por todos os Dias que eu te AmeiOnde histórias criam vida. Descubra agora