No Regrets | Juke (JATP)

Capítulo 49 - Dancing with your ghost

         O plano de Flynn dependia de muitos fatores que fugiam do controle de Julie e isso a deixava maluca, mas talvez essa fosse a única forma de conseguir ajudar os garotos. Já se passaram duas semanas desde que ela tinha recorrido à ajuda de Bobby e apesar de ainda não entender muito bem o que aconteceu com a Sunset Curve no passado, ele estava colaborando com o plano e a mãe da Flynn estava fazendo um grande favor ao aceitar entrar no caso e procurar uma forma de tirar os meninos dessa roubada.

Além dos dois, Julie ainda estava contando com a ajuda de Carrie para entrar no escritório do Caleb e conseguir encontrar alguma coisa que provasse que os meninos estavam falando a verdade. O pai dela iria utilizar o estúdio de Caleb para gravar uma música nova e ela teria livre acesso pela gravadora.

- Filha, vamos senão você vai se atrasar para sua audição. - Ray apareceu na porta do quarto de Julie a tirando de seus devaneios.

- Claro, pai, já tô pronta. - A garota olhou uma última vez para o quadro com uma foto de sua mãe na cabeceira da cama. 

- Eu tenho uma coisa para te dar. - Disse Ray se aproximando da filha tirando uma corrente do bolso. - Era da sua mãe. - Ele entrega para ela um colar com uma aliança transpassada como pingente.

- Pai! - Julie exclamou surpresa. - Eu não posso... Isso é seu. - A garota sabia que desde a morte de sua mãe Ray havia colocado a aliança que era dela em uma corrente que nunca, em hipótese alguma, retirava do pescoço. Isso fazia com que ele se sentisse mais próximo do amor da sua vida.

- Eu quero que fique com isso, agora pouco entreguei uma corrente igual à essa com a minha aliança ao seu irmão. Quero que seja como um amuleto para vocês, para que sempre se lembrem que são amados e que eu confio em vocês. Aconteça o que acontecer eu me sinto muito honrado por você ser minha filha e tenho muito orgulho de ti. - O homem estava com os olhos marejados.

- Eu te amo muito, papá. - A garota deu um abraço apertado em seu pai e se sentiu acolhida quando ele lhe deu um beijo na testa. Ela sabia que não precisava ter medo, ele sempre a apoiaria e isso fez com que todo o nervosismo de estar fazendo um teste importante para uma das melhores universidades do país se dissipasse como uma fraca névoa à brisa do vento.

***

Julie aguardava sua vez de ser chamada do lado de fora do anfiteatro da Faculdade de Música de Los Angeles, ela não conseguia ouvir nada que se passava dentro da sala, mas sabia que todos os selecionados para as entrevistas eram, no mínimo, incríveis. Tentando manter os pensamentos distantes dos possíveis concorrentes fez um esforço para pensar no quanto havia estudado e ensaiado. 

Ela se lembrou da noite que passou em claro escrevendo a música que cantaria hoje. Lembrou também da forma que só a música a ajudou a esclarecer seus sentimentos quando descobriu que a banda com os meninos estava acabada. Seu peito doía com a ausência dos seus melhores amigos, doía com a ausência de Luke. Depois de tudo, todos os dias que passava sem eles pareciam vazios.

Havia um espaço em branco em sua vida, um espectro que rondava todos os lugares que ela havia estado com Luke. Quando estava no estúdio de sua mãe nem precisava fechar os olhos para enxergar o garoto ali, sorrindo, fazendo gracinhas e contando piadas bobas só para vê-la sorrir, tocando qualquer coisa só para não ficar parado ou falando besteiras sobre qualquer assunto aleatório que passasse por sua mente. Ela se via girando como no dia em que ele a puxou para dançar na festa de Halloween. Agora, Luke parecia um fantasma em sua vida, deixando lacunas que mais ninguém poderia preencher e ela se sentia estúpida ao se dar conta que estava rodopiando sozinha, uma vez que ele não estava mais ao seu lado.

Seu nome sendo chamado em voz alta a fez despertar do estado de torpor e nostalgia que haviam envolto seus pensamentos. Determinada, Julie se levantou e seguiu a instrutora que a guiou para o palco do anfiteatro.