Capítulo 9

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     Depois de Luke ter me deixado eu jantei com meu pai e meu irmão, por sorte o Carlos estava contando sobre seu jogo importante e ninguém me perguntou nada, após o jantar tomei um banho, vesti meu pijama mais confortável e me joguei na cama.

Como uma lâmpada que se acende na cabeça de um personagem de desenho animado eu me lembro da existência do meu celular e resolvo ver tudo que eu perdi enquanto ignorei a internet por um dia inteiro.

Flynn realmente tinha me ligado milhares de vezes, assim como Nick, resolvo ver todas que todas as mensagens que ele tinha mandado. Em linhas gerais ele me pedia para atender o celular, se desculpava por sua mãe e dizia que me amava, mas de longe a mais triste para mim foi aquela em que ele dizia que tinha adorado o meu presente, meus olhos se enchem de lágrimas ao ler: "esse foi o melhor presente que já ganhei na vida, você me conhece tão bem, você também é e sempre será a #1 no meu coração e na minha vida, eu te amo Julie, por favor me atende", essas palavras tão sinceras partiam meu coração, mas eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele tem um medo quase irracional de sua mãe, ela nunca nem sequer bateu nele, mas toda a sua indiferença e cobrança deixaram traumas muito mais profundos do que broncas e tapas.

Nick se sentia constantemente pressionado à ser o melhor em tudo, ela exigia o ápice da perfeição desde quando ele era criança, sempre queria que ele tirasse as melhores notas, fosse o mais bonito, o mais bem vestido, o mais talentoso e o mais popular, ela adora ser elogiada pelas conquistas do filho, mas aposto que nem sabe qual a música favorita dele. Já conversamos inúmeras vezes sobre como ele se sentia sobre esse assunto, eu sei o quanto tudo isso é desgastante para a saúde mental dele, mas agora isso está fazendo mal para mim também, já tinha aguentado insultos de Margot antes, em outras festas de aniversário e ocasiões que nos encontramos eventualmente, mas dessa vez ela extrapolou todos os limites e eu não vou aceitar ser humilhada por ela.

O pai de Nick se divorciou de Margot quando ele tinha nove anos, ela com certeza era controladora, manipuladora e insuportável no casamento também, então Lorenzo apenas se cansou e voltou para Itália, durante as férias Nick vai visitá-lo, mas foram poucas as vezes que eu o vi, é nítido que ele evita o máximo possível vir para Los Angeles e ter contato com a ex esposa, o que consequentemente o afasta do filho também.

Por fim eu acabo adormecendo ainda pensando em todos os acontecimentos desse dia maluco. Mas infelizmente parece que eu dormi oito horas em uma única piscada, pois sinto que mal fechei os olhos e o despertador toca.

Mais um dia começou então inicio minha rotina com um bom banho. Depois de pronta desço para tomar café.

- Bom dia meu amor. – Meu pai sorri. – Está com fome? Fiz ovos mexidos com bacon para o café. – Ele me mostra a frigideira e meu estômago ronca de fome. – Acho que o monstrinho despertou.

- Nossa, eu tô morrendo de fome. – Acompanho suas risadas e me sento para fazer a primeira refeição do dia.

- E aí, como vai a escola e os amigos novos? – Ele me pergunta enquanto toma um copo de suco.

- Tudo certo, eles são bem legais. – Eu respondo e dou a primeira mordida em minha torrada, Carlos entra cozinha e se junta a nós na mesa.

- Eles tocam bem, você sabe quando vão tocar novamente? – Meu pai também morde sua torrada e me observa atentamente.

- Acho que não tem nada marcado por enquanto. – Eu dou de ombros.

- Papai disse que estava com saudade de ir em shows, segundo ele tá faltando música nessa casa. – Eu amo meu irmãozinho porque ele sempre vai direto ao ponto, meu pai fica enrolando para falar o que quer porque sabe que consegue me convencer ou pelo cansaço ou pela curiosidade.

No Regrets | Juke (JATP)Onde histórias criam vida. Descubra agora