Capítulo 10 - Uma Proposta

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ANNELISE


- Se eu sem querer tiver trocado uma bebida por outra – Zoe começa sobre o som alto do clube e eu me inclino para escuta-la – O cara tem que pagar pela qual pediu ou pela qual eu dei?

Começo a rir enquanto limpo o balcão e bato em sua mão

- Qual é a mais cara? – pergunto maliciosa

- A que ele pediu

- Então é dessa que você deve cobrar – passo um segundo pano no balcão a minha frente e faço uma careta quando outro cara derruba cerveja espumante sujando tudo de novo

- Vou fazer isso então – Zoe fala e passa um papel a minha frente. Vejo o que parece ser um número de telefone e olho para cima questionando-a – Um cara está dizendo que adoraria vê-la dançar novamente. Pediu para que ligasse para ele e ele prometeu que a recompensa seria enorme

Arqueio uma sobrancelha e ela ri com os olhos tão maliciosos quanto antes

- Acho que ele estava se referindo a outra coisa amiga. Pelo que eu vi o que nós pensamos não é enorme, é no máximo razoável

- Eca, você olhou tanto tempo assim? – pergunto enojada e ela se vira apontando para um cara que está perto do palco

- Ele está com uma calça tão colada que consigo ver até suas cicatrizes

E ele realmente estava e parecia mais uma calça legging do que outra coisa. Desvio o olhar sorrindo e balanço a cabeça negando

- Diga a ele que eu não danço mais

- Eu já disse – Zoe comenta e pisca um olho para mim – Você vai sair de que horas hoje?

- Martin mandou eu ficar até duas da manhã – comento irritada e ela faz uma careta

- Que merda, esse cara é um babaca

- É, eu mandei uma mensagem para as tias. Elas irão colocar Luke para dormir e irão ficar de olho nele

- Eu posso ficar no seu lugar – Zoe fala e eu sorrio para ela

- Obrigada, mas tudo bem. Hoje é o único dia que você sai mais cedo – falo e a puxo para um abraço por cima do balcão – Vai curtir seu sono muito merecido

- Tem certeza?

- Sim – falo e bato em seu ombro – Vai logo antes que Martin te veja

- Ok – ela diz e me dá um beijo estalado na bochecha – Te vejo amanhã. Amo você

- Amo você – aceno e ela sai do clube pegando sua bolsa de cima do balcão.

Puxo uma respiração e pego a bandeja de prata colocando os copos e taças sujos nela antes de levantar devagar para que nenhum caia e eu tenha que pagar depois.

Levo a bandeja lá para dentro e despejo na pia começando a lava-los metodicamente. Os outros funcionários passam pegando os que já estão limpos e eu termino alguns minutos depois enxugando as mãos em um pano esfarrapado.

Saio o mais rápido possível não querendo lavar mais nenhum prato nojento e vou direto para o balcão atendendo as pessoas mais próximas de mim. Pego garrafas e mais garrafas de bebida e me movo para o final do balcão olhando para baixo contando as notas de gorjetas antes de coloca-las no bolso.

- Posso ajudar?

- Uma água – levanto o olhar de supetão e encaro os olhos cinzas que eu vi na semana anterior.

- Olha se não é o cara julgador de ações – comento e me viro pegando uma garrafinha de água e colocando a sua frente

- Como sabia que era eu? Você nem me olhou – ele questiona com aquela voz sem emoção e eu levanto um ombro

- Você é o único que pede água – explico e ele assente. Vejo seu corpo tenso e dou um passo atrás – Porque veio aqui? Eu devolvi o seu relógio

- Não foi por isso – ele fala rapidamente e depois para – Gostaria de conversar com você em particular

- Estou trabalhando

- Eu sei, que horas você sai? – estreito os olhos e balanço a cabeça em negativa

- Olha se quer me denunciar faça isso, eu nã...

- Eu não vou denunciar você. Só quero conversar

- Do mesmo jeito que conversou semana passada? – pergunto ironicamente – Se for eu passo

- Sinto muito ok? – pisco surpresa com o seu pedido de desculpas e vejo com surpresa quando ele se inclina – Prometo que é só conversar, não vai levar mais do que alguns minutos

Fico em silencio e vejo com o canto do olho Martin me observando de uma das mesas exclusivas. Puxo uma respiração e me viro para o grandalhão

- Eu saio as duas da manhã

- Ok, vou esperar você lá fora – ele diz e eu arqueio uma sobrancelha

- Você vai esperar?

- Vou – dizendo isso ele coloca uma nota de vinte dólares junto com uma de cinco e sai dando a volta e abrindo a porta de entrada. Recolho a nota meio que agradecida pela gorjeta generosa e a coloco no bolso enquanto coloco a de cinco no caixa

O que diabos ele queria comigo?

E porque meu coração estava correndo desenfreado?

A Mentira PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora