Capítulo 11 - Dante Turner

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ANNELISE


Três horas da manhã eu finalmente saio pela porta ignorando os convites trôpegos dos últimos clientes que ainda tem dinheiro para gastar. Coloco minha bolsa atravessada no peito e vou em direção a estação de metrô acertando os passos cansados.

- Hey! – paro sobressaltada com a voz rouca do outro lado da rua e olho vendo o grandalhão vindo em minha direção com as mãos dentro do bolso – Você se esqueceu ou só estava tentando fugir?

Eu tinha me esquecido, mas preferi desviar

- Obviamente nenhuma das duas opções deu certo – comento parando por fim e ele fica a alguns passos de distância me observando

- Você vai de taxi? – ele pergunta olhando para a rua e eu balanço a cabeça negando

- Não

- É perigoso ir de metrô por essas horas

- Você se acostuma depois de um tempo – respondo e puxo uma respiração – O que queria falar comigo?

O silêncio é a única coisa que eu escuto dele, seus olhos vagueiam em mim e eu troco o peso de um pé para outro sentindo estar nua a sua frente

- Eu vou te dar uma carona – ele diz depois de um segundo e eu pisco surpresa

- Prefiro que não

- Não vou deixar você ir de metro quando eu poderia muito bem leva-la

- Não entro em carro de estranhos – respondo por fim e o canto de sua boca sobe um milímetro, quase imperceptível, mas ainda o vejo. O grandalhão estende a mão direita e suspira

- Meu nome é Dante – olho para a mão enorme estendida para mim e hesito por um segundo antes de pega-la. Ele aperta e eu engulo em seco sentindo sua mão esquentar a minha

- Annelise – respondo e ele inclina a cabeça para frente

- Prazer em conhece-la – ele diz e eu solto minha mão sentindo-a queimar – Agora podemos ir?

- O que...? – pergunto confusa e ele dá de ombros

- Você disse que não entra em carros de estranhos, eu te disse meu nome e você me disse o seu. Portanto não somos mais estranhos

Mordendo o meu lábio inferior eu prendo um sorriso e olho para o seu carro antes de acenar distraidamente. Dante me deixa ir primeiro e abre a porta do carro, me sento sentindo o seu perfume impregnado no banco e passo o cinto de segurança enquanto penso o quanto estou sendo idiota.

Quem já se viu entrar em um carro de uma pessoa que te chamou de ladra?

É, eu com certeza fazia parte dos personagens que morriam primeiro nos filmes de terror

Dante entra e liga o carro fechando a porta, seus movimentos suaves e precisos são contraditórios dado ao fato de que ele é bruto em sua aparência. Olho para a gola de seu moletom e estreito os olhos vendo uma frase marcada indo perto da orelha até onde eu não conseguia ver.

O carro é colocado em movimento e eu expiro movendo os ombros cansados e tensos

- Coloque a localização no GPS – Dante fala baixinho e eu pego com cuidado o seu celular digitando a rua. Coloco de volta no apoio e a localização começa a ser delineada. Batuco os dedos na coxa ignorando meu corpo tenso e espero que ele pare no semáforo antes de perguntar de uma vez

- E então? O que gostaria de falar comigo?

Dante pigarreia se mexendo no banco parecendo tão desconfortável quanto eu e olha de lado para mim quando finalmente diz algo

- Eu tenho uma proposta para você

- Proposta?

- Sim – ele assente e eu tento não pensar em uma proposta nojenta – Não sei se você me conhece ou se viu os jornais por esses dias

- Não para as duas perguntas – respondo e ele acena mais fracamente

- Não assisti MMA?

- Não – falo e depois franzo a testa – Espera, você é lutador do MMA?

- Sim

- Oh – me viro de lado para ele e inclino a cabeça, o semáforo fica verde e ele prossegue – Isso é interessante, agora que eu parei para pensar, você faz mesmo o estilo de lutador

Dante encolhe os ombros brevemente e eu me viro olhando para a rua novamente.

- E então? Vai me explicar?

- Há um mês, um dos meus oponentes entrou no ringue estando com uma lesão e eu o nocauteei colocando-o em coma – Dante começa e o vejo olhar para mim novamente, continuo com a expressão calma e ele prossegue – O fato é que logo em seguida questões que já estavam sendo levantadas foram aumentas e levadas a um nível que pode prejudicar minha carreira

- Que questões?

- Do tipo que não saio, não bebo, não curto festas ou coisas do tipo

- Em resumo uma máquina de combate – respondo e vejo aquele pequeno tremeluzir em sua expressão como se ele quisesse sorrir

- Algo do tipo – ele diz e suspira – Então meu agente achou que uma distração ou até algo para contradizer seria o suficiente para acalmar essas questões e então eu poderia voltar a lutar

- Ok – falo e coço meus olhos com as costas das mãos espantando o sono causado pelo balanço suave do carro chique – Pode ser o sono, mas eu realmente não entendo o que isso tem a ver comigo

- O meu agente acha que eu poderia ter uma... – Dante hesita novamente e eu pisco me virando para ele

- Ter o que?

- Uma noiva – ele diz com a respiração curta. Seus olhos batem com os meus e ele para o carro de novo em outro semáforo – Ele quer que eu encontre alguém para ser minha noiva por algum tempo

- E...

- E achei que você poderia me ajudar – ele conclui e eu faço a coisa mais normal que qualquer pessoa poderia fazer.

Eu começo a rir

A Mentira PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora