Capítulo 38 - Cartões de Crédito

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ANNELISE


- Posso fazer uma pergunta? – Arabela questiona em tom neutro e eu a olho de lado enquanto passamos pelas vitrines das lojas

- Claro

- Porque não vendeu o relógio do meu irmão? – ela pergunta e eu expiro observando os vestidos e macacões dispostos em frente as lojas chamando a atenção pelas cores e modelos

- Por conta da inscrição

- Sério?

- Sim – eu falo e bufo uma risada baixinha – É meio estranho, mas eu gostei da frase, na verdade, eu amei a frase. E achei que quem quer que fosse gostaria de tê-lo de volta, parecia precioso

- E de certa forma é – Arabela responde e nos direciona para dentro de uma loja sem tanta elegância – Minha mãe deu a Dante quando ele fez dezoito anos, ela era maluca por poemas e escritores. Já deu para perceber, não é? – ela termina rindo e eu sorrio acenando

- O nome de vocês dois

- Exato

- O seu é de um poema, não é? – pergunto e a vejo passando os olhos pelas roupas até encontrar um cabideiro que lhe chame atenção

- Sim de Alexandre Pope – ela olha para mim e sorri – Algo sobre madeixas

Dou risada e vou até ela olhando as camisas lindas sem estampas e com pequenos botões delicados na frente

- E finalmente o Inferno – falo olhando para Arabela – O Inferno de Dante

- Minha mãe podia ser um tanto dramática – ela responde sorrindo carinhosamente – Nós a amávamos muito

- Ela morreu tem muito tempo?

- Sim, faz algum tempo – Arabela suspira e pega duas camisas com botões, uma de cor creme e a outra cinza – Não ficamos muito bem depois disso, mas estamos tentando superar aos poucos

Aceno distraída e vou com ela até uma plataforma disposta no meio da loja, com saias formais um pouco acima dos joelhos, a irmã de Dante pega cinco delas, com cores diferentes e lindas e as coloca em meu braço com um sorriso junto com as camisas

- Pode ir

- Para onde? – pergunto e ela pisca os olhos inocentemente

- Eu sequestrei o cartão do meu irmão e se você for noiva dele, precisa se vestir o mais bonita possível

- Você sequestrou ou ele te deu de bom grado? – pergunto ironicamente e ela ri

- Gostei de você Annelise, agora vá lá provar essas e eu irei olhar mais algumas outras

- Eu não preciso de roupas, não agora. Posso muito bem me vir... – paro quando vejo os olhos cinzas de Arabela me encarar me desafiando a continuar e estalo a língua – Ótimo estou lidando com dois irmãos malucos

- Exatamente, então não ouse me contradizer. Meu noivo disse que eu posso ser muito durona quando eu quero – ela ameaça e eu suspiro apertando as roupas em meus braços

- Não duvido – resmungo e saio de perto dela ouvindo sua risada


╠♥╣


Horas depois e com uma maré de bolsas contendo camisas, vestidos, sapatos, casacos e acessórios que Arabela teimou em comprar eu finalmente estaciono em frente a escola de Luke para busca-lo. Olho para as compras jogadas no carro e sorrio.

Se Dante queria me provocar eu também o provocaria, a começar por hoje com o jantar lá em casa que minhas tias estavam animadas em fazê-lo. Saio do carro pensando se deveria comprar algo no supermercado por vias das dúvidas e dou um sorriso quando vejo as crianças saindo do prédio.

Luke vem logo atrás conversando com dois amiguinhos, ele parece tão distraído que demora alguns minutos até que perceba onde eu estou. Aceno e deixo que ele se despeça deles, Luke vem caminhando balançando a cabeça com um sorriso lindo e sua farda tão bonitinha.

- Oi mãe

- Oi patinho – bato na ponta do seu nariz e tiro sua mochila ajudando-o. Rapidamente ele começa a me contar tudo o que aconteceu e eu sorrio vendo sua animação quando ele começa a falar sobre a aula de artes. Termino de colocar o cinto e vou em direção ao banco do motorista quando percebo uma sombra do outro lado do prédio.

Estreito os olhos sentindo o corpo ficar tenso, mas expiro um pouco aliviada quando a sombra se mexe e vai embora indo em outra direção. Entro no carro rapidamente e fecho as portas ligando e dirigindo para casa.


╠♥╣


Depois de arrumar a mesa no jardim que está ainda em processo, mas que já tem algumas flores brotando, e ajudar com o que posso no processo do que parece ser um mini banquete eu subo as escadas indo direto para o quarto de Luke.

Escolho uma das camisas novas com gola e coloco uma calça social que o deixa com a aparência de um pequeno homem. Suspiro enquanto ajeito o cabelo dele colocando-o de forma organizada e ele sorri para mim

- Bonito?

- Um gatinho – respondo e ele ri

- Posso brincar no jardim?

- Pode, mas não se suje – aviso e ele acena rapidamente antes de sair correndo pela casa com seus sapatos batendo na madeira. Bom, é a minha hora de ficar arrumada

De banho tomado com os cabelos secos depois de passar um secador deslizo o vestido vermelho colado no corpo e puxo o zíper antes de me olhar no espelho. O vestido de tom escuro é casual, o comprimento só vai até a metade das coxas com um pequeno corte no lado.

Arabela entendeu o que eu queria assim que eu peguei o vestido, e sorriu enquanto pegava brincos com pedrinhas pequenas e uma pulseira também delicada. Borrifo o perfume nos lugares certos e opto por não fazer maquiagem, colocando somente um gloss sem cor.

Deslizo uma sandália sem salto e estalo a língua vendo que estou pronta. Sorrindo saio do quarto e desço as escadas indo até a cozinha para ver o que as tias estão aprontando

A Mentira PerfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora