Nos braços da maldade

Capítulo 17 - Em teus braços

🚨🚨Contém cenas de agressão e abuso🚨🚨

❈•≫❈ •≫ ❈ ≪•❈≪•❈

Ele hesitou ao olhar em direção ao anexo, sentia-se estranho. Embora não soubesse como interpretar aquilo, continuou a caminhar. Parado diante da porta, Lan Zhan balançou a cabeça tentando clarear a mente. Apertou os olhos num gesto nervoso. Quando finalmente se convenceu de que a situação estava sob controle, passou pela entrada com passos decididos.

Não havia ninguém no andar inferior. Subiu as escadas devagar, não queria demonstrar o quanto estava ansioso para rever Wei, mas parou vacilante diante da porta. Não estava se reconhecendo. Afinal, que merda estava fazendo?

Wei muito nervoso andava em círculos tentando se acalmar. No entanto, ele congelou ao ver a figura imponente de Lan Zhan entrar e se aproximar lentamente, parando diante dele, fazendo com que o ar se tornasse mais rarefeito naquele momento.

Por alguns segundos, nenhum dos dois se moveu. Com o olhar fixo no seu, Wei percebeu que fora um enorme erro ter assinado aquele contrato. Sabia que deveria dizer algo, qualquer coisa, mas nada lhe veio à mente. Só conseguia olhar para ele.

As memórias voltaram como avalanche, todas elas, e notou quão pouco sabia sobre Lan Zhan. Seu rosto possuía traços perfeitos. O dourado de suas ires, tinha uma intensidade que ele jamais vira igual. Seus lábios eram macios ao toque e o gosto era doce como mel, porém aquilo era ilusão. A verdade era que naquela boca havia apenas veneno, que lhe entorpecia os sentidos.

"Wei Ying!" ele falou com voz rouca se aproximando.

Só após ouvir aquela voz, Wei percebeu o quanto ficara hipnotizado por ele. Envergonhado por sua atitude e receoso por ver Lan Zhan se aproximando, deu dois passos para trás.

"Es-es-espera só um minuto!" Wei falou com voz tremula, colocando os dois braços a sua frente, tentando afastar o maior.

"Você tem tanto medo de mim assim?"

Lan Zhan perguntou referindo-se ao estado do menor que tinha olhos esbugalhados; uma palidez visível; um leve tremor e uma fina camada de suor que fazia sua pele brilhar.

"Me-me-medo? Medo tenho do sobrenatural, de você tenho nojo!" Wei não baixou o olhar somente os braços, mesmo estando mortificado de pavor e repulsa pelo que o outro poderia fazer.

Os olhos de Lan Zhan naquele momento ardiam em vermelho e amarelo, antes de mergulharem em uma densa escuridão. Seus punhos estavam cerrados e sua respiração tornou-se pesada e profunda. Um aterrador sorriso brotou em seus lábios.

"Ótimo! Vejamos quanto tempo isso dura."

O maior deu um passo em sua direção e ele automaticamente deu mais dois passos para longe, quando começou a respirar com dificuldade. Ele levantou a mão esquerda diante do seu corpo para manter distância, a qual tremia miseravelmente.

"O que está fazendo?" Wei perguntou em um fio de voz, sentindo a vista escurecer. Pôde notar o maior se aproximando rapidamente, antes de ser tomado pela escuridão.

Agradeceu aos anos de treinamento, que lhe proporcionaram agilidade a ponto de conseguir pegar o menor antes que seu corpo inerte alcançasse o chão. O levou até a namoradeira que estava próxima e o deitou com cuidado. Ele foi ao banheiro, pegou álcool e uma toalha úmida, voltando para o lado do menor. Colocou a toalha em sua testa, passou o álcool em seus braços e o fez cheirar. Poderia chamar alguém para ajudar, mas não entendeu o porquê de se negar a isso.

Logo que o odor do álcool entrou pelas narinas de Wei, ele começou a recobrar a consciência. Antes de abrir os olhos sentiu uma umidade em sua testa e levou a mão ainda trêmula para ver o que era, percebendo ser um pano molhado. O retirou, abrindo as suas pálpebras pálidas. Um pouco confuso, se assustou ao ver Lan Zhan o encarando com um olhar estranho e próximo demais. Wei sentou-se apressadamente, tomando um espaço do outro que se afastou em simultâneo. Se não o conhecesse, podia jurar que viu preocupação naquele olhar, mas era Lan Zhan e, esse nada sentia. Nada além de desprezo por ele.