Capítulo 20 - Onde você estava?

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Na quarta-feira à noite, na saída do curso, Yao ligou para Nie. Tudo que ele queria era estar nos braços do mais velho. Porém, ao ouvir novamente a mesma desculpa de um mês atrás ele surtou. Foi doce em suas palavras apenas para enganar o maior.

Horas depois, em um táxi ele estava seguindo Mingjue de uma certa distância para que ele não desconfiasse. Desta vez descobriria que diabos de compromisso importante era aquele.

O bar ficava no outro lado da cidade. Era um lugar pequeno e pouco frequentado, a maioria de seus fregueses eram bêbados alienados. Perfeito para o encontro daquela noite.

Nie Mingjue ao entrar, correu seus olhos pelo salão. Com passos incertos caminhou até ficar diante de um garoto que bebericava seu drink.

Sua mente emudeceu, sentia seu coração descompassado e um leve tremor em suas mãos. Foi inevitável o receber em seus braços, aquele simples ato trouxe conforto a sua alma. Ao se separarem seus olhos estavam marejados.

"Gēge, que saudades!" Nie Huaisang falou segurando com força os braços do irmão.

Desperto daquele transe, ele fez seu irmão sentar-se junto a ele ou acabariam chamando atenção.

"O que o fez me procurar? Sabe que é perigoso, Dìdì!"

Segurando a mão de seu irmão com força, Huaisang suspirou fundo. Precisava sentir o calor dele para ter certeza que era real. Os últimos meses afastados sem ao menos se falarem foram uma tortura. Seu irmão mais velho era tudo o que lhe restara. Jamais se conformaria com aquela separação.

"Precisamos conversar. Não suporto mais essa situação, quero meu irmão de volta em minha vida."

Num gesto de carinho Mingjue acariciou o rosto do seu Dìdì. Ele também sofria com aquela separação, talvez até mais que Huaisang. Todavia, ela era necessária, sua presença só destruiria a vida do seu irmão.

O que o traficante não notou foi um par de olhos vidrados olhando a tudo. Em um canto do bar, Yao cuidava cada movimento dos dois homens. A cada gesto de carinho trocado ele sentia seu coração doer. Então suas suspeitas tinham fundamento. O olhar cheio de amor de Nie para aquele desconhecido não deixava dúvidas.

Sem forças para continuar a ver aquela cena, Yao se virou e saiu do bar sem olhar para trás. Andou por um tempo desnorteado pelas ruas até buscar por um táxi. Precisava sair daquele lugar ou sufocaria.

Nie alheio ao sofrimento de seu pequeno Yao, tentava argumentar com seu irmão.

"Huaisang, o que você quer não é possível. Quantas vezes preciso lhe explicar a mesma coisa? Se o seu nome for vinculado a mim sua carreira de advogado acabou!" ele falou desviando o olhar para o vazio.

"Muda! Deixa essa vida, se torne uma pessoa de bem. Acabou o motivo de você ter virado um traficante. Tenho minha vida, minha profissão, ganho meu próprio sustento. Venha morar comigo, posso perfeitamente te bancar até você encontrar um emprego."

Cabisbaixo Nie ouvia a tudo, sua cabeça era um turbilhão de questionamentos. O que seu irmão dizia parecia ser tão simples, mas, na verdade, não era. Tinha grandes dúvidas se Fēngbào permitiria que ele simplesmente largasse tudo. Ele sabia demais.

"Didi, não é nada fácil o que me pede. Nem sequer posso afirmar que seja possível. Me dá um tempo, preciso pensar, pois não sei nem por onde começar."

"Eu sabia que você ouviria a voz da razão. Posso sentir o quanto odeia essa vida, ela te corrói a alma. Não tenho paz imaginando que um dia a polícia vai te prender ou coisa pior. Preciso te lembrar qual é o destino de quem vive dessa maneira?"

Nos braços da maldadeOnde histórias criam vida. Descubra agora