Capítulo 40 - Perder você

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Nuvens começaram a deslizar lentamente pelo céu noturno, ficando prateadas enquanto a lua refletia sobre elas. Apesar do frio, Wei estava sentado no banco do novo jardim de sua casa, perdido em pensamentos e memórias que ele julgava que nunca se repetiriam.

O que Lan Zhan fizera era imperdoável. Aquela se tornou sua única certeza naquele momento, mesmo o amando com todas suas forças. Pois, se o fizesse, estaria traindo sua família que tanto sofreu em suas mãos.

"Oi filho! Vim te buscar, está muito frio aqui fora" ela declarou o abraçando com carinho, então segurou suavemente sua mão o conduzindo para dentro.

A Sra. Jiang conhecia aquele olhar, a dor do seu filho chegava a ser palpável. Ela precisava fazer algo, nenhuma mãe consegue ficar inerte diante do sofrimento de sua cria.

"Meu amor, você está bem? Nunca te vi tão calado!" ela perguntou enquanto se acomodava na poltrona ao seu lado.

"Estou bem, mãe. Não é nada!"

"Não me entenda mal, fiquei muito feliz que você tenha voltado para casa, mas quanto ao seu namorado? Ele aprova isso?"

Wei Ying ficou alguns segundos calado encarando sua mãe, nunca imaginou que ela tivesse percebido haver algo entre eles.

"Mãe... Como a senhora descobriu?" sua voz saiu trêmula.

"Eu sabia, meu filho. Sempre soube que você diferia. Sensível, amoroso e homem de valor. Mas ao ver vocês dois juntos tive certeza. O amor que transbordava no olhar de ambos era evidente. Somente um tolo não perceberia."

"Mãe, eu preciso lhe pedir desculpas. Sei que todo pai e mãe esperam de um filho. Eles o criam como homem, dão-lhe toda educação baseada no sexo do seu corpo físico, mas... no meu caso, não sou o que vocês esperavam" suspiros. Tentei. Juro que tentei negar a mim mesmo esses sentimentos..." 

Sem qualquer expressão de reprovação, ela o ouvia atentamente, procurando lhe transmitir apoio para que continuasse.

"Imagino como está sendo difícil para senhora... será muito triste e constrangedor encarar os vizinhos, os parentes, os amigos que ficarem sabendo e virem com brincadeiras ofensivas ou mesmo ofensas diretas."

A doce senhora agitou-se e levantando-se ela caminhou em círculos até parar e encarar o filho com os olhos cheios de ternura.

"Seja qual for a sua escolha, estarei sempre ao seu lado. Você é meu filho!" ela bateu levemente com a mão direita em seu peito. "Ninguém fará ou irá falar nada que o magoe aqui nesta casa."

A Sra. Jiang abriu-lhe os amorosos braços, chamando-o para envolvê-lo. Wei aceitou e correspondeu imediatamente, indo a sua direção.

Enquanto se abraçavam, a mãe se emocionou. Até que seu filho se afastou e um tanto constrangido, comentou:

"Eu o abandonei... por mais que o ame não consigo perdoá-lo. Por favor, mãe, não me pergunte mais nada."

Emocionada e preocupada, ela o acolheu em seus braços novamente. Ao se afastar, segurou em suas mãos dizendo: "Quando você quiser desabafar, estarei aqui de braços abertos para lhe ouvir."

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Uma semana se passou e Wei não apareceu, ligou ou mandou qualquer notícia. Lan Zhan não foi mais a empresa, deixou tudo nas mãos de Vicenzo.

Quando questionado pela secretária sobre o funeral do tio, pois, o corpo havia sido liberado e a família precisava decidir o que fazer, Zhan simplesmente pediu que ela providenciasse a cremação sem cerimônia, sem alarde. Ninguém reclamaria o corpo sem vida de Lan Qiren, nem mesmo Lan Huan.

Nos braços da maldadeOnde histórias criam vida. Descubra agora