Capítulo 11

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Aurora

— Anda desembucha logo — Lisa diz enquanto andamos pelo shopping.

— O que? — pergunto, me fazendo de sonsa.

— Desde quando tu conhece o sub dono do morro garota, e por quê não contou pra gente? — ela diz.

— Conheci ele lá no churrasco, a gente ficou e foi só isso — dou de ombros — não contei pra vocês porque não era grande coisa.

Continuamos nossas compras, já não aguento mais segurar tantas sacolas.
Finalmente passamos em frente ao melhor lugar do shopping.

— Amiga volta aqui! — falo pois Lisa estava passando reto — Precisamos comprar alguns livros.

Ela faz uma cara de cansada.

— Não sou muito fã de ler — ela diz.

— Que pena, pois você vai ler sim — digo e entramos na livraria.

Olho atentamente cada sessão de livros procurando algo que a Lisa vai gostar, acho que as pessoas que dizem não gostar de ler ainda não encontraram o livro certo.

Decido comprar para ela "Os sete maridos de Evelyn Hugo", eu tenho certeza que ela vai amar.

Pego mais uns 10 livros para mim e pago.

— Lisa dê uma chance para esse livro, juro que é impecável e você vai amar — digo.

Ela suspira.

— Tudo bem, eu vou tentar — ela diz.

Fomos para a prancha de alimentação e pedimos lanches no McDonald's, comemos tudo e decidimos ir embora.

***

Assim que chego em casa decido pintar um pouco, pego uma tela em branco e deixo alguns pincéis e tintas separados, deixei um quarto separado apenas para isso, acho impossível pintar algo sem fazer uma bagunça.

Coloco uma roupa velha que eu já deixo separada para isso e aproveito para colocar uma música calma e relaxante, pego um dos pincéis e deslizo facilmente pela tela. Enquanto eu pinto sinto a criatividade surgir e decido pintar o baile, do ponto de vista da pessoa que está participando.

Nem sequer percebo as horas passando, fico completamente focada em meu quadro, e por apenas algumas horas, me esqueço do mundo ao meu redor.

— Você pinta bem hein.

Levo um enorme susto ao ouvir alguém falando atrás de mim, me viro e vejo o Pitbull parado na porta, me observando.

Ele está sem camisa, deixando a vista todas suas tatuagens, e está usando uma bermuda preta e um chinelo branco, em sua cintura está seu radinho e uma arma.

— Me diga, invadir a casa dos outros é algo de família? — brinco.

— A porta estava aberta, então não invadi — ele dá de ombros — aliás você devia começar a trancar a sua porta.

Eu sempre esqueço de trancar a porta, o que sinceramente é algo muito imprudente, isso só torna as coisas mais fáceis caso alguém tente me sequestrar.

— Sempre esqueço — falo.

— Gostei do quadro, achei bem realista, não sabia que você era uma artista tão talentosa — ele diz apontando para o quadro que eu estava terminando de pintar.

Sinto meu rosto queimar, nunca sei como reagir quando as pessoas elogiam minhas pinturas.

— Obrigada — falo, tentando não deixar transparecer minha vergonha.

Mas infelizmente ele nota, e abre um grande sorriso.

— Não vai me dizer que a destemida Aurora fica com vergonha ao receber elogios — ele me provoca.

Faço uma cara emburrada.

— Vai se fuder, agora diz logo o que você veio fazer aqui — digo enquanto guardo o pincel que eu estava usando.

— É falta de educação tratar as visitas assim, Aurora. Tamo indo lá no bar agora, Lisa pediu pra passar aqui porque você não estava recebendo as mensagens dela — ele diz.

— Deixei meu celular desligado, hoje não tô muito afim de ir não, vou deixar pra uma próxima — digo.

Ele assente e se vira para sair, mas antes para e olha para mim.

— Devia mostrar mais suas pinturas, não entendo porra nenhuma de arte, mas dá pra perceber que você é talentosa — ele diz e sai.

Coro, mas me permito dar um pequeno sorriso, não sei porquê, mas ouvir ele dizer que gostou do quadro me deixou com uma sensação de conforto no peito.

A nova moradora do morroOnde histórias criam vida. Descubra agora