Aurora
— Anda desembucha logo — Lisa diz enquanto andamos pelo shopping.
— O que? — pergunto, me fazendo de sonsa.
— Desde quando tu conhece o sub dono do morro garota, e por quê não contou pra gente? — ela diz.
— Conheci ele lá no churrasco, a gente ficou e foi só isso — dou de ombros — não contei pra vocês porque não era grande coisa.
Continuamos nossas compras, já não aguento mais segurar tantas sacolas.
Finalmente passamos em frente ao melhor lugar do shopping.— Amiga volta aqui! — falo pois Lisa estava passando reto — Precisamos comprar alguns livros.
Ela faz uma cara de cansada.
— Não sou muito fã de ler — ela diz.
— Que pena, pois você vai ler sim — digo e entramos na livraria.
Olho atentamente cada sessão de livros procurando algo que a Lisa vai gostar, acho que as pessoas que dizem não gostar de ler ainda não encontraram o livro certo.
Decido comprar para ela "Os sete maridos de Evelyn Hugo", eu tenho certeza que ela vai amar.
Pego mais uns 10 livros para mim e pago.
— Lisa dê uma chance para esse livro, juro que é impecável e você vai amar — digo.
Ela suspira.
— Tudo bem, eu vou tentar — ela diz.
Fomos para a prancha de alimentação e pedimos lanches no McDonald's, comemos tudo e decidimos ir embora.
***
Assim que chego em casa decido pintar um pouco, pego uma tela em branco e deixo alguns pincéis e tintas separados, deixei um quarto separado apenas para isso, acho impossível pintar algo sem fazer uma bagunça.
Coloco uma roupa velha que eu já deixo separada para isso e aproveito para colocar uma música calma e relaxante, pego um dos pincéis e deslizo facilmente pela tela. Enquanto eu pinto sinto a criatividade surgir e decido pintar o baile, do ponto de vista da pessoa que está participando.
Nem sequer percebo as horas passando, fico completamente focada em meu quadro, e por apenas algumas horas, me esqueço do mundo ao meu redor.
— Você pinta bem hein.
Levo um enorme susto ao ouvir alguém falando atrás de mim, me viro e vejo o Pitbull parado na porta, me observando.
Ele está sem camisa, deixando a vista todas suas tatuagens, e está usando uma bermuda preta e um chinelo branco, em sua cintura está seu radinho e uma arma.
— Me diga, invadir a casa dos outros é algo de família? — brinco.
— A porta estava aberta, então não invadi — ele dá de ombros — aliás você devia começar a trancar a sua porta.
Eu sempre esqueço de trancar a porta, o que sinceramente é algo muito imprudente, isso só torna as coisas mais fáceis caso alguém tente me sequestrar.
— Sempre esqueço — falo.
— Gostei do quadro, achei bem realista, não sabia que você era uma artista tão talentosa — ele diz apontando para o quadro que eu estava terminando de pintar.
Sinto meu rosto queimar, nunca sei como reagir quando as pessoas elogiam minhas pinturas.
— Obrigada — falo, tentando não deixar transparecer minha vergonha.
Mas infelizmente ele nota, e abre um grande sorriso.
— Não vai me dizer que a destemida Aurora fica com vergonha ao receber elogios — ele me provoca.
Faço uma cara emburrada.
— Vai se fuder, agora diz logo o que você veio fazer aqui — digo enquanto guardo o pincel que eu estava usando.
— É falta de educação tratar as visitas assim, Aurora. Tamo indo lá no bar agora, Lisa pediu pra passar aqui porque você não estava recebendo as mensagens dela — ele diz.
— Deixei meu celular desligado, hoje não tô muito afim de ir não, vou deixar pra uma próxima — digo.
Ele assente e se vira para sair, mas antes para e olha para mim.
— Devia mostrar mais suas pinturas, não entendo porra nenhuma de arte, mas dá pra perceber que você é talentosa — ele diz e sai.
Coro, mas me permito dar um pequeno sorriso, não sei porquê, mas ouvir ele dizer que gostou do quadro me deixou com uma sensação de conforto no peito.
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A nova moradora do morro
Любовные романыAurora Lima tem um passado que a persegue, agora aos seus 19 anos ela decide se mudar para o morro da Rocinha para tentar recomeçar sua vida.