Capitulo 6

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Capítulo 6:

Meus pais tinham entrado na sala bem depois que eu tinha lembrado do meu sonho da noite anterior. Eu estava na sala deles pegando o relatório do Leo, eu precisava ler.

- Se puder leia hoje mesmo.- falou minha mãe.

- Certo.- falei.

- E é impressionante como ele fica calmo na sua presença.- comentou meu pai.

- Verdade. Desse jeito é melhor você morar na clinica.- falou minha mãe.

Eu dei um sorrisinho. E a ideia nem era ruim. Eu poderia ficar o dia inteiro com ele, só para ver aquele mesmo sorriso do sonho que eu tive.

- Agora pode voltar lá. Se quiser leve o Leonardo para um passeio no pátio.- falou minha mãe.

Eu assenti, me despedi deles e sai.

Queria mesmo levar o Leo para uma volta no pátio. Realmente lá era lindo. Parecia um parque. As pessoas com problemas menos graves ou que já estavam se recuperando sempre andavam por lá com os enfermeiros.

Cheguei na porta e dei uma batidinha.

- Entre.- respondeu Leo.

Quando entrei ele logo me deu um sorrisinho. Meio tímido, mas fofo. Seus olhos já não estavam mais vermelhos.

- Oi Lavi.- falou.

- Oi Leo.- falei de um jeito normal- Que tal darmos uma volta no pátio?

- Seria ótimo!- falou já se levantando.

Ele usava a roupa que eu considerava triste. Uma camiseta branca de manga curta, uma calça meio folgada branca e uma havaianas preta. Sempre odiei as roupas dos pacientes.

Andamos um do lado do outro até a parte de fora da clinica.

Quando chegamos do lado de fora, eu fiquei olhando todos que estavam no pátio. E novamente reparei nas roupas tristes dos pacientes.

Acho que Leonardo percebeu que eu estava olhando com uma expressão triste para os lados.

- O que está olhando?- perguntou.

- As roupas dos pacientes.- falei olhando pra ele.

- O que tem de errado?- falou enrugando a testa.

- Sei lá,- falei dando de ombros- sempre achei elas meio tristes. Sempre achei que as coisas coloridas sempre alegravam mais.

- Você tem razão.

- Mas e então,- falei caminhando do seu lado até um banco afastado perto de uma arvore- do que você gosta de fazer?

- Bom, de muitas coisas.

Eu já sabia sobre o que ele gostava de fazer, mas queria que ele me falasse.

- E você?- perguntou.

- Ei, assim não vale! Você tem que falar pelo menos uma coisa que gosta.

- Okay, okay. Eu gosto de musica. E agora é sua vez.

- Eu também gosto de musica. Na verdade eu amo musica.

- Toca algum instrumento?

Sentamos no banco embaixo da arvore.

- Sim, violão e guitarra.

- Legal, eu toco piano e teclado.

- Que fabuloso! Sou apaixonada por um teclado.

E eu era mesmo. Quem sabe um dia eu não aprenda a tocar.

- Bom saber. Você canta também?

- Sim, mas eu não gosto da minha voz.

- Então cante para eu ouvir.

Senti meu rosto corar. Ai, e agora?

- Por favor.- pediu olhando no fundo dos meus olhos.

- Tá, mas só um pouquinho.

Pensei em uma musica simples de cantar. Ah, já sei! Vou cantar "Caminha de volta" de Manu Gavassi.

"Voe pro mundo que te espera hoje à noite

Conheça tudo que sempre sonhou

Ouvi dizer que Porto Alegre faz frio, mas foi lá onde começou

Voe pra longe vou ficar esperando

E me lembrando enquanto olho pro céu

Que em Salvador eu descobri que seu coração, é de papel"

- E você acha sua voz feia?- perguntou com um lindo sorriso.

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Eu e Leo façamos praticamente a atarde inteira conversando no pátio. Mas quando deu 17:00h, tivemos que entrar, pois era a hora que os pacientes tomam um lanche em seus quartos.

Queria ficar mais, o papo estava ótimo, ficamos conversando sobre livros, filmes, musicas, resumindo, sobre nossos interesses. Mas meus pais falaram para eu sair mais cedo para poder ler o relatório do Leo.

- Desculpa Leo, mas eu não vou poder ficar até ás 20:00h.- falei meio triste.

Ele deu um longo suspiro e olhou pra mim com um olhar triste e desapontado.

- Será que você poderia voltar amanhã?- perguntou.

- Acho que eu poderia te fazer uma visitinha à tarde.

- Sério?

- Serio.

- Seríssimo?

- Seríssimo.

- Vou contar os minutos.

- E eu os segundos.

Dei um beijinho carinhoso em sua bochecha e fui embora.

Quando eu salvei Você-Volume 1 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora