Quando eu salvei Você-Volume 1 [Completo]

Capitulo 4

Capítulo 4:

Ainda eram 18:00h, e eu tinha preferido ficar na clínica, ajudando o Leonardo a se acostumar.

Entrei no quarto dele, ainda meio tímida.

- Oi.- falei.

- Oi.- ele falou.

Seus olhos ainda estavam vermelhos e com expressão de tristeza.

- Me conta de você.- falei tentando descontrair o clima.

- O que quer saber?

- Bom, sei lá, sua idade, se você fazia faculdade, essas coisas.

Me aproximei dele, e sentei na beirada da cama dele.

- Eu tenho 20 anos e eu cursava arquitetura.

- Sério? Sou apaixonada por arquitetura- falei. E eu sou mesmo, se eu não me tornasse psicóloga, ou melhor, se eu não cursasse psicologia iria cursar arquitetura.

- Legal. Mas e você?

- Bom, eu tenho 19 anos, curso psicologia e faço estágio aqui.

- Desde quando você faz estágio?

- Desde hoje...

Ele deu uma risadinha, o que me deixou um pouco mais feliz.

- Então eu sou seu primeiro paciente?

- Dizemos que é tipo isso.

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Eu fui embora às 18:30h, pois o Leo tinha tomado calmante e acabou caindo no sono.

Já estávamos ficando próximos, o que era um ótimo sinal.

Tinha acabado de falar com a Paula e a Amanda por whatsapp. Contei para elas tudo que havia acontecido, e elas me apoiaram e falaram que eu ia conseguir alegrar esse garoto. E falaram que ele iria se apaixonar por mim. Há, há, há. Okay. Só que não.

Hoje meus pais chegariam mais tarde, então eu resolvi ir dormir cedo para acordar disposta.

Amanhã seria sexta-feira, finalmente. Mas por outro lado, eu estava mesmo era ansiosa para rever o Leonardo. Não sei por que, mas ele me era familiar...

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Eu estava andando em um lindo parque, que estava praticamente vazio. O lugar tinha pequenos canteiros com lindas flores. Me sentei em um banco perto de uma arvore de flores amarelas com um delicioso perfume.

- Que bom que nos encontramos.- falou alguém, me assustando.

Me virei rapidamente para ver quem era e levei um susto.

- Calma princesa, não precisa se assustar.- falou

Era o Leonardo, mas não qualquer Leonardo, ele estava mais forte e com olhos alegres. O sorriso dele era radiante.

- Não vai falar nada?- perguntou brincalhão.

Ele se sentou no banco ao meu lado. Eu estava paralisada.

- O que faz aqui?- perguntei

- Não é obvio?- perguntou com um sorriso maior ainda- Eu vim te agradecer.

- Pelo o que?- perguntei confusa.

- Por ter mudado o meu mundo.- falou radiante.

Não estava entendendo nada. Como assim? Mudar o mundo? O mundo dele? Senhor! Que confusão!

- Suas palavras mudaram minha vida!- falou com um sorriso maravilhoso.

- Não estou entendendo.- falei.

-Certo dia, eu sonhei com você, e você prometeu me salvar.- falou- Disse que iria me ajudar. Você pode não lembrar, mas eu lembro até hoje.

O que?! Eu ouvi direito? Então eu conhecia mesmo ele. Mas de um sonho!

- Você também disse...- falou em tom triste, mas continuou olhando em meus olhos- que eu iria perder uma pessoa especial pra mim.

- Alice...- falei por impulso.

- Exatamente.- falou abaixando a cabeça- O que me deixou triste foi quando você disse que ela não me amava o suficiente para vencer os problemas para me poupar deles. Assim como deixou eles a ponto dela...

- Se matar.- falei.

Não controlava mais o meu corpo, tudo que eu falava vinham à minha mente de repente. Era como se eu estivesse lembrando de coisas passadas, mas tão passadas à ponto de eu não ter mais nenhum vestígio do acontecimento.

- Desculpa, meu amor, mas você precisa ir.- falou.

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Droga de despertador! Peguei meu celular e desliguei. Estava à ponto de colocar no modo soneca, coisa que eu nunca fazia, mas não podia perder um minuto se quer do meu dia.

Meu dia era assim. Eu acordo às 5:00h, vou para a faculdade às 6:00h, entro na aula às 7:00h, saía às 12:40h, almoçava às 13:00h, e agora teria mais um item na minha agenda. Ir para a clínica às 13:40h e chegar às 14:00.

Dia cheio, mas bem dividido, isso era uma coisa que eu era boa, me organizar.

Levantei e fui tomar café da manhã. Quando cheguei na cozinha fiquei de boca aberta, pois me deparei com a cena mais inédita de todas, meu pai e minha mãe quase dormindo em cima da mesa.

- O que aconteceu com vocês dois?- perguntei tirando eles do “sossego”.

- Ah, oi Lavinia.- falou minha mãe sonolenta.

- Dizemos que seu “paciente” deu trabalho.- falou meu pai com mais sono ainda.

Despertei na mesma hora.

- O que houve com o Leonardo?!- perguntei preocupada.

- Ele teve um ataque de pânico ontem à noite.- falou minha mãe- Não parava de chamar pela antiga namorada.

- E ele conseguiu arrancar a seringa com calmante da mão de sua mãe, e ameaçou a injetar no coração.- falou meu pai.

- Nós conseguimos convencer ele a nos devolver a seringa, mas só acalma-lo depois.- falou minha mãe.

- Só saímos da clínica às 2:00h da manhã.

Okay, agora eu estava preocupada. Nunca pensei que o Leonardo poderia chegar a esse ponto.

- Nossa...- foi tudo que eu consegui falar.

 Queria que meus pais mudassem de assunto. Não queria que chegasse no ponto em que eles falam: “É melhor você achar outra pessoa para cuidar.” Porque eu estava determinada a cuidar dele, não sei por que, mas eu sentia isso.

- Filha, quer que eu te leva para a faculdade?- que bom que meu pai lê minha mente!

- Ah, não precisa. A Paula combinou comigo de vir me buscar.- falei.

- Okay, então nós vamos indo.- falou minha mãe.

Os dois se despediram de mim e foram embora.

Coloquei uma roupa básica. Uma calça jeans, uma blusinha preta com manga e um all star azul xadrez.

Ainda eram 5:25h, por isso eu fiquei sentada na cama pensando... Me lembrei! Okay, na verdade, eu tive a impressão de ter tido um sonho. Mas não me lembro dele.

De repente uma frase veio na minha cabeça. Peguei na minha prateleira minha agenda de frases. Abri em um dia qualquer. Caiu em 6 de setembro. E anotei: É estranho como palavras podem mudar uma vida. Foi assim que eu salvei você.”