Quando eu salvei Você-Volume 1 [Completo]

Capitulo 5

Capítulo 5:

Entrei no carro de Paula e cumprimentei ela.

- Bom dia!- tentei falar da maneira mais alegre o possível.

- Lavinia, nem adianta fingir.- falou colocando a chave na ignição- Você não está bem.

- Deixa de bobagem, Paula.- falei- Por que eu não estaria?

- Seus olhos te entregaram. Eles são sempre brilhantes, e hoje estão tristes.

Psicóloga nada, essa daí tinha que virar advogada!

Mas agora não adiantava esconder. Dei um longo suspiro e olhei pra baixo.

- Okay, realmente não estou em um bom dia.- falei suspirando novamente.

- O que aconteceu?- perguntou.

- Meus pais me contaram hoje de manhã que o Leonardo tentou se matar.- falei sentindo as lágrimas caírem. O fato da história ser triste já me deixava para baixo.

- Nossa La, como que foi isso?

Contei tudo que meus pais tinham falado e não consegui conter as lágrimas. Paula tentou me acalmar, mas não deu muito certo.

Paula estacionou no estacionamento da faculdade. Eu já não chorava mais. Por sorte meus olhos não tinham ficado inchados.

Logo que saímos do carro, vimos a Luíza e a Bruna, que eram duas amigas nossas. Elas não perceberam que eu tinha chorado, por isso apenas fomos para a sala conversando normalmente.

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Tinha acabado de chegar na clinica. Estava indo em direção ao quarto onde estava Leonardo. Eu ia abrir a porta, mas...

- Eu não quero ficar aqui!- alguém gritou. Mas não era qualquer “alguém” e sim o Leonardo.

Não consegui enxergar nada, pois a janela que tinha estava coberta. Que ótimo!

- Por favor, fique calmo.- falou uma enfermeira, pelo que parece.

- Rápido, chamem o Sr. Lucas!- falou um enfermeiro, ou era um médico, não sei bem.

- Não será possível, ele e a Sra. Claudia estão em reunião com a família de um outro paciente.- falou Mayara pelo jeito.

A não! E agora? Eu sabia que reunião era essa. E o paciente era de um nível mais alto de problema. Não teria a menor chance de atrapalhar a reunião.

- A Lavinia!- falou Mayara- Ela já deveria ter chegado. Ela está responsável por ele.

- Eu não quero a Lavinia!- gritou Leonardo- Eu quero a Alice!

Esse nome! Esse nome me despertou. De onde eu tinha ouvido ele?

Okay. Agora era melhor eu entrar logo nesse quarto. Quer ele queira ou não.

Abri a porta em um impulso, sem nem bater antes. Logo todos olharam pra mim.

- Graças a Deus que você chegou, Lavinia!- falou Mayara.

- Er... boa tarde.- comecei- Por favor, podem me deixar sozinha com o Leonardo?

- Tem certeza?- perguntou a enfermeira.

- Tenho.

Os três saíram me deixando sozinha com o Leonardo. Eu me aproximei dele devagar. Sentei na cadeira que tinha ao lado da cama, ficando de frente pra ele.

- Me deixa em paz.- falou.

- Eu sei que você não queria que eu estivesse aqui.- falei me lembrando do que ele havia gritado minutos atrás- Mas eu só quero o seu bem. Todos nós queremos.

Ele continuou calmo olhando para as mãos sobre o colo.

- E você pode contar comigo para o que precisar.- falei tocando em seu braço- Eu posso ser seu apoio caso você queira.

Do nada, com um impulso ele puxou minhas mãos me fazendo levantar e me abraçou. Não entendi muito bem o gesto, mas retribui. Quando ele me soltou, eu sentei novamente na cadeira e ele sentou na cama. Finalmente ele me olhou. Seu rosto era angelical, apesar dos olhos inchados e vermelhos.

- Um dia,- começou tímido- eu sonhei com uma garota. Eu tinha 17 anos ainda, e ela me falou que eu iria perder alguém importante pra mim, mas que ela iria aparecer e me salvar.

Eu não entendi muito bem o por que dele estar me contando aquilo, mas acho que ele queria chegar a um certo ponto.

- Eu nunca entendi aquele sonho. Assim como eu nunca consegui ver o rosto dessa garota. Será que era uma pista?

- Eu... eu não sei...- falei.

- Você deve estar me achando um idiota.- falou.

- Não! Eu entendo. Só não sei responder a sua pergunta. Mas... por que está me contando isso?

- Porque você não me é estranha...

Caiu a ficha! Na verdade, a ficha despencou. Como um flash, eu me lembrei do sonho que tive a noite. Me lembrei de cada pedaço. Do parque, dele chegando, dele me contando de um dia ter sonhado comigo. De tudo!

Era isso, eu era essa garota. Eu estava destinada à salvá-lo.

Eu já não era mais apenas uma estagiária, eu era a salvação de uma pessoa.