Capítulo 12

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Era ele. Simon estava lá. Ele havia deixado a máscara branca em minha poltrona. Eu não conseguia acreditar, sentia como se estivesse em um sonho. Acho que levei mais de um minuto para recuperar minha consciência. Quando o fiz, me levantei da cama e corri até a sala. Quando o vi, meu corpo travou. Ele estava em pé, de frente para a varanda, encarando o céu. Minha respiração ficou acelerada, meus batimentos cardíacos também. Minhas mãos e meus pés suavam. Meu corpo parecia se preparar para um combate. Ou para uma fuga. E, então, ele se virou. Ele sentiu que eu estava ali e se virou para mim.

— Achei que você fosse dormir a noite inteira – falou. – Você parecia tão calma.

Sua voz ríspida invadiu meu corpo e despertou meus sentidos. Pisquei meus olhos algumas vezes, para ter certeza do que via. Respirei fundo, sentindo a força de seu perfume inebriante.

— Ouvi seu recado – continuou. – Eu ia atender sua ligação, mas... sei lá... não tive coragem...

Respirei fundo mais uma vez. Aquele perfume me enlouquecia. Ele estava tão maravilhoso, com a lua iluminando seu corpo. Os dedos de minhas mãos pulsavam, ansiosos por tocá-lo.

— Você está me assustando, Annie – disse interrompendo meus pensamentos. – Está tudo bem com você?

Simon se aproximou e encostou em meus braços. Ao sentir o toque de suas mãos em minha pele, me afastei. Meus olhos continuavam encarando os dele. Ele pareceu se assustar com a minha reação e, talvez por isso, permaneceu parado e depois recuou um pouco. Eu estava tendo dificuldade em acreditar que aquilo tudo era real. E, então, deixei cair a primeira lágrima.

— Annie, eu estou ficando preocupado. O que você está sentindo?

— Você está mesmo aqui? Isso está mesmo acontecendo?

— É claro que eu estou aqui...

Simon voltou a se aproximar de mim, pegou uma de minhas mãos e a levou até seu rosto. Meus olhos se fecharam quando senti sua pele áspera arranhar minha mão. Cada centímetro do meu corpo sentiu aquele encontro. Simon deu um beijo suave em minha mão. Tive medo de que fosse um sonho, mas quando abri meus olhos, ele ainda estava lá. Em silêncio, permanecemos ali. Eu precisava de um tempo para assimilar o que estava acontecendo. Meu Deus, como eu senti falta daquele homem. Como eu sofri por estar longe dele. E agora ele estava ali, na minha frente. Simon também estava calado. Acho que tentava respeitar minha reação, mas sua paciência não durou muito. Com a mesma brutalidade do nosso primeiro encontro, Simon soltou minha mão, colocou suas mãos em meu rosto e me beijou. Ah, ele me beijou. Finalmente, ele me beijou. Aquele beijo não foi tão bruto quanto o nosso primeiro beijo porque agora havia sentimento. Havia amor. Mas a intensidade foi a mesma. Simon parecia nervoso. Ansioso. Como se a qualquer instante eu pudesse escapar de suas mãos. Ele me segurava com tanta força que chegou a machucar um pouco. Seus lábios também foram duros com os meus.

— Você não tem ideia do que foi viver sem você nesses últimos meses – falou com os lábios ainda bem próximos dos meus.

— Eu... Eu... Eu ainda não acredito que você esteja aqui.

Ele sorriu e deu um leve beijo em meus lábios.

— Isso não pode ser verdade... – continuei. – Não pode estar acontecendo... Foi tão rápido...

— Na verdade... eu já estava vindo para o Brasil quando você ligou.

— Vindo para cá? Mas por quê?

Simon continuava com as mãos em meu rosto. Ele encostou sua testa na minha, fechou os olhos e suspirou. Sua respiração tinha um quê de alívio, de contentamento. Como quando nos acomodamos onde deveríamos estar. No lugar certo, no tempo certo. Sem abrir os olhos, Simon aproximou seus lábios dos meus e, com leveza, os beijou. É difícil descrever o que eu senti naquele momento. Porque não era só felicidade. Amor. Saudade. O que estava acontecendo ali era inacreditável. Era tão bom que causava dor. Meu coração sofria com a possibilidade de aquilo ser um sonho ou, ainda pior, ser real, mas acabar. E eu não podia mais me despedir de Simon. Não aguentaria. A suavidade em seu beijo não durou muito. Em pouco tempo, ele voltou a me segurar com força. Eu queria dizer que não fugiria dali, que eu não escaparia de suas mãos, mas o beijo era bom demais para ser interrompido. Suas mãos já haviam saído do meu rosto e tomavam meu corpo. As minhas passeavam por seus braços. Enquanto nos beijávamos, eu o conduzi para o sofá. Simon caiu sentado, o que só foi possível porque ele permitiu que eu o empurrasse. Ele não sorriu, mas eu conhecia aquela expressão. Seu rosto me dizia o quanto ele era louco por mim, o quanto ele queria me agarrar com toda a força que possuía. Me sentei em seu colo, de frente para ele, e voltamos a nos beijar. Mas eu estava tensa. Meu corpo não conseguia relaxar. Há tanto tempo eu esperava por aquele reencontro, no entanto, não estava preparada para ele. Simon me surpreendeu de tal forma que não pude controlar todas as sensações que tomavam conta de mim. Mas aquele homem me conhecia como a palma da própria mão. Ele entendeu que tinha alguma coisa errada. Descolou seus lábios dos meus, sorriu e os levou até minha orelha.

ANNIE [Português]Onde histórias criam vida. Descubra agora