Capítulo 8

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Quando me virei, vi Simon em pé na sala.

— Não era para você ter acordado – disse tentando controlar minha respiração.

— Seria mais fácil sair escondida.

— Não estou saindo escondida. Só não queria te acordar. Você tem estado tão cansado...

— É a melhor desculpa que você pode pensar?

— Não é desculpa, Simon. Por favor, tente me entender.

— Entender o quê? Você ainda nem explicou. – Ele estava sendo debochado.

— Eu só estava... Eu só queria... – Meu coração estava disparado, não conseguia pensar direito.

— Você estava indo embora. Eu sei. Estou vendo as malas. Por quê?

— Simon você deveria estar deitado...

— Por que, Annie? – Simon não gritou. Sua voz continuava baixa e controlada. Mas eu já conseguia vê-lo contrair o maxilar. – Por que, Annie? Perguntou mais uma vez, após o meu silêncio.

— Porque sim, Simon – Minha voz já estava mais alta do que eu gostaria. – Isso não está dando certo. Eu estou cansada e tenho certeza de que você também está.

— Então agora você sabe como eu me sinto?

— Simon, por favor... – Tentei me aproximar de Simon, mas ele recuou.

— Quer saber, Annie? – Ele me interrompeu, ainda sem gritar. – Eu acho que você deveria ir mesmo.

— O quê? – perguntei confusa.

— Eu não vou mais pedir para você ficar. Se você quer ir, então vá.

— Mas eu não queria que terminasse dessa forma. Não queria que ficássemos mal.

— E como você acha que ficaríamos se eu não tivesse acordado?

— Eu não sei, Simon. Essa foi a melhor forma que eu encontrei.

— Sério? – Gritou. – Essa foi a melhor forma que você encontrou, Annie? Achei que você fosse mais inteligente.

— Não precisa ser estúpido.

— Não estou sendo estúpido. Você não quer ir embora? Então, vá. Some da minha vida.

— Por favor, Simon, não piore as coisas...

— Então sou eu que estou piorando as coisas? Você é muito cara de pau mesmo.

Simon já havia elevado o volume da conversa e eu o acompanhei.

— O que você quer de mim? O que você quer que eu diga?

— Eu quero que você seja sincera. Eu quero que você assuma que não teve coragem de me dizer que estava indo embora.

— É isso que você precisa ouvir? Ótimo! Eu estou indo embora, Simon, e não tive coragem de dizer isso olhando em seus olhos. Por isso estava saindo escondida. Porque sou uma covarde! Está satisfeito?

— Não.

— Então eu não sei mais o que você quer...

— Eu quero que você vá embora, Annie. Some daqui de uma vez por todas. – Simon virou de costas para mim e foi em direção à cozinha.

— Não, assim. – Fui atrás dele. – Não vou sair daqui brigada...

— Não cabe a você decidir isso. Você é tão prepotente... – Disse enquanto pegava um copo e o enchia com água.

ANNIE [Português]Onde histórias criam vida. Descubra agora