ANNIE [Português]

Capítulo 5

Procurei um hotel bem afastado do apartamento de Simon. Tentei dormir, mas não consegui. Passei o resto da noite revirando na cama. Tomei o café no hotel mesmo. Tinha decidido sair para almoçar, mas na última hora desisti. Não tinha ânimo para nada, então fiquei pelo hotel mesmo. À noite, saí apenas para dar uma volta. Deve ter durado uma hora apenas. Quando voltei, tinha uma visita.

— Você podia tentar entrar como uma pessoa normal - iniciei a conversa.

— Prefiro assim.

— Como você me encontrou?

— O rastreador.

— Nossa, como fui estúpida.

— Vamos embora.

— Eu vou ficar aqui, Simon.

— Por favor, Annie. Não dificulte as coisas. E, a propósito, o que significa "você dormiu no sofá"? - Ele perguntou enquanto me mostrava o bilhete que eu havia deixado.

— Significa que você não consegue passar uma noite sequer ao meu lado.

— Você está confundindo as coisas, Annie. Nós não somos um casal.

— Eu sei. Você é o meu assassino – meu tom não era de brincadeira.

— Eu estou tentando te ajudar, te proteger.

— Mas eu não quero sua proteção, Simon. Eu quero você. Eu quero saber quem você é. Quero ouvir sobre as suas cicatrizes.

— Mas isso eu não posso te oferecer.

— Então eu prefiro me afastar de você.

— Annie, vamos embora.

— Por favor, Simon, respeite a minha decisão. Eu não sei por que e nem como, mas acho que me apaixonei por você. E essa situação toda não está me fazendo bem.

— Deixa de besteira, Annie. Vamos.

— Besteira? – Perguntei após ficar em silêncio por alguns segundos. - Você ouviu o que eu acabei de dizer? Eu estou apaixonada por você. Será que alguém já te disse essas palavras?

— Não acho que devemos falar sobre isso.

— Meu Deus, como você pode ser tão frio?

— O que você quer que eu diga?

— Eu não sei, Simon. Mas eu quero sentir que você se importa.

— Se eu não me importasse, não estaria aqui.

— Não quero que você se importe com a minha segurança. Quero que você se importe comigo. Eu sei que você me quer. - Me aproximei dele e segurei seu rosto em minhas mãos. - Quando você me beija, quando você me toca, eu sinto o quanto você me deseja.

— Eu não sei do que você está falando. - Ele se afastou de mim.

— Ah, não? E que história é essa de não poder me perder?

— Eu só quero te proteger.

— Então foi por isso que você foi atrás de mim em Montevidéu? Para me proteger? Você nem me conhecia, Simon. Por que não me deixou em paz? Por que não me matou quando teve a chance? – Minha voz já estava alterada.

— O que você quer de mim? – Simon também começava a se alterar. – O que você quer ouvir? Você quer que eu diga que desde que te vi na sua casa eu não parei mais de pensar em você? Que, enquanto eu segurava seu pescoço e te enforcava, eu senti meu coração parar junto com o seu? Que, enquanto eu olhava em seus olhos, senti meu corpo fraquejar? É isso que você quer ouvir, Annie? Eu não sei o que aconteceu lá. Eu não sei por que fui atrás de você. Eu só sei que não consegui ficar longe. Eu precisava te ver. Precisava garantir que você estaria segura.