Capítulo 9

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Meus olhos doíam à medida que eu tentava abri-los. Pisquei algumas vezes até conseguir mantê-los abertos. Estava tudo um pouco embaçado, mas, pela janela, percebi que era dia. Olhei para o lado e vi minha vizinha sentada numa cadeira. Ela estava dormindo. Vi também o soro em meu braço e, então, percebi que estava em um hospital.

— Acordou, bela adormecida?

Era a voz de Tom. Olhei para o outro lado do quarto e lá estava ele, em pé na porta.

— Que susto você nos deu, Annie.

Minha vizinha havia acordado. Estava tão desnorteada que nem percebi que Noelle havia me chamado de Annie ao invés de Ana.

— O que aconteceu? – Perguntei tentando levantar meu corpo um pouco. – Como vim parar aqui? Está claro lá fora.

— São nove horas da manhã. – Tom explicou. – Você desmaiou na sua casa ontem à noite e eu pedi que Noelle fosse te socorrer.

— Você ligou para Noelle? Mas vocês nem se conhecem, Tom.

— Eu sei que você não está bem, Annie. – Ele continuou. – Eu soube o tempo todo. Quando vim para te levar para o apartamento pude sentir como você sofria por dentro. Eu sabia que você não ficaria bem, então te vigiei de longe. Esperei você fazer amizade com alguém e, quando se aproximou de Noelle, fui até ela e pedi que ela me ajudasse a cuidar de você. Expliquei que você havia passado por um sequestro e que estava muito abalada.

Tom fez questão de deixar claro que não havia contado à Noelle o verdadeiro motivo do meu péssimo estado emocional. Ele não podia sair contando para as pessoas que eu havia me envolvido com um assassino profissional que, aliás, havia tentado me matar.

— Eu sei que não tem casamento nenhum... – Noelle falou baixinho.

— Sinto muito, Noelle. Eu menti porque não queria ficar lembrando...

— Tudo bem – Ela me interrompeu. –, eu entendo. Desculpe-me por ter escondido que eu já sabia a verdade, Annie, mas era para o seu próprio bem. Eu fiquei preocupada com você.

— Tudo bem, Noelle. Na verdade, eu tenho é que te agradecer por ter cuidado de mim esse tempo todo.

— Fiz menos do que deveria. Você é difícil – sorriu.

— É verdade. – Tom completou. – Você deu mais trabalho do que eu imaginava.

— Sinto muito – sorri. – Mas por que mesmo eu vim parar aqui?

— Você desmaiou – minha vizinha respondeu.

— E por que eu desmaiei?

— Vamos deixar isso para depois. Agora você precisa se concentrar em se recuperar.

— Para de me enrolar, Tom.

— Mas Annie...

— Por favor.

— Eu estava no telefone com você. Estava te contando que Simon descobriu quem te machucou e que logo você poderá voltar para sua casa.

— Voltar para o Brasil?! – Disse confusa.

— Sim.

— Isso é ótimo, Annie – completou Noelle.

— Não... Não... Eu não posso.

Quando Tom me contou que logo eu poderia voltar para casa me lembrei do motivo do meu desmaio. É claro que o fato de eu estar me alimentando mal tinha influenciado, mas o motivo principal foi desespero. Eu não podia voltar para casa. Voltar para o Brasil significava me afastar para sempre de Simon e eu não podia aceitar isso.

ANNIE [Português]Onde histórias criam vida. Descubra agora