Capítulo 6 - O livro Botico

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Em 1910 minha tataravó  Giulia Brown com a ajuda de Eleonora e do meu tataravô Josh criaram o livro Botico,  nele, continham informações sobre os Herdeiros da linhagem Clarke até os Brown e sucessivamente  até as Gêmeas Giulianna e Giuliette. Além disso,  todas as fórmulas medicinais que minha tataravó criou misturada com algumas poções mágicas já existentes foram introduzidas no livro. Tudo isso seria um tipo de salvação para os descendentes caso precisassem de ajuda,  entretanto,  caindo nas mãos erradas,  esse livro era a perdição de anos de pesquisa da minha tataravó  e a exposição de minha família e outras mais para o Conselho das sombras.  Minha avó contava que bruxas não podiam entrar em igrejas e cemitérios pelo fato de ser solo consagrado,  isso me levou a crer que Giulia e minha bisavó Giulianna esconderam propositalmente em um desses lugares.

Eleonora me contou que não aparenta ter a idade que tem, e que precisa do livro para manter esse feitiço do tempo ativo,  por isso ela me perguntou hoje cedo se ela estava com a mesma aparência nos meus sonhos.  Eu e Arão estávamos sentados em um sofá,  ele me perguntou várias coisas sem sentido e começou a vasculhar a biblioteca.  Arão aparentava ter uns 40 anos,  era bem bonito,  corpo atlético,  cabelos grisalhos e usava óculos de grau.  Ele me contou que ele e seu irmão Daniel,  pertencem a linhagem de Eleonora mas, não nasceram em noite de lua cheia ou eclipse. 

— Por quê o conselho das sombras teme você?

— Não sabemos! O fato de ser gêmeo intriga Moora Thora,  mas ela não pode me matar porque eu não sou herdeiro.  — Respondeu Arão.

— Tá aí uma outra questão,  a Moora Thora que vocês estão falando é a mesma Moora Thora que meu pai contou histórias quando eu era pequena?

— Provavelmente. 

— Mais isso é impossível! Ela teria mais de 100 anos.  — Falei incrédula

— 128 anos para ser mais preciso.

— E como isso é possível?

— Você acha que Eleonora tem a idade que aparenta?

Parei um  instante e pensei.

— É magia?

— Existe uma poção mágica,   que reúne um excesso de força vital através de alguns cordões de couro cabeludo.  Você trança o cordão em uma mecha de cabelo e fala algumas palavras  o cordão libera uma força vital com o passar dos anos que paralisa a sua vida, durante anos você consegue manter a mesma idade.  — explicou Arão.

— Isso faz algum sentido realmente, eu achava totalmente estranho minha bisavó manter a mesma aparência durante anos.

— Provavelmente ela usou os cordões.

— Mas por que será que ela quis prolongar a vida dela? — Perguntei pensativa.

— Provavelmente para se certificar de que estava tudo dentro do planejado.

 Analisei as palavras de Arão e realmente havia algo por trás da aparência da minha bisavó, e eu estava disposta a descobrir o que era.  Olhei para o relógio e marcava um pouco mais das 19 horas e isso me preocupou,  eu não vi a hora passar e muito menos avisei a ninguém onde estava. 

 — Arão,  eu preciso voltar para casa,  eu não fui trabalhar e se o porteiro do prédio viu tudo que aconteceu  a essa altura minha família está desesperada. 

Eleonora entrou na biblioteca e disse:

— Se alguém perguntar diga que foi uma tentativa de assalto,  que você foi acolhida por um policial e prestou queixa na delegacia. Aqui nessa sacola, possui Melissa e Mel, você já sabe que precisa tomar pelo menos uma vez no dia, assim,  nosso amigo Cory Waite não continuará  bisbilhotando sua cabecinha minha criança.

— Está bem! Mas e a mulher que tentou me matar hoje?

— Eles ainda querem informações sobre você criança,  ao contrário de Arão,  creio que não corre perigo.  Entretanto,  o que exatamente você encontrou no apartamento da sua bisavó? — Perguntou Eleonora.

— Achei isso aqui, um terço perolado e essa caixinha de jóias dourada e azul. Minha bisavó Giulianna contava que um dia essa caixinha seria minha. Tem uma inscrição embaixo dela. — Disse retirando os objetos da bolsa.

Arão pegou a caixinha da minha mão e leu a inscrição em voz alta:

—  T.I – Bedier,  1.900, isso é uma pista.

— Esse nome não me é  estranho — disse olhando para a caixinha.

— É um romance bem conhecido, só precisamos saber que tipo de segredos se esconde nesse livro. — Disse Arão.

— Romance? Qual? — Perguntei tentando lembrar.

— Tristão e Isolda minha criança.  — Respondeu Eleonora.

— Mas por qual motivo minha bisavó esconderia alguma pista em um romance?

— Para quando for necessário as pessoas certas encontrarem o livro.  — Respondeu Arão.

— Também achei uma menção no livro Robin Hood em cima da mesa dela.

Roube dos ricos e distribua o poder aos pobres.”

— Esse era o lema dela! Pode ser o seu também — respondeu Eleonora.

— Sinceramente estou muito confusa com tudo isso, descobri uma realidade dentro de um mundo que eu não sabia que existia. 

— Eu irei te ajudar no que for preciso! Vamos! Eu te levo para casa.  — Respondeu Arão.

Me despedi de Eleonora,  que me deu um abraço carinhoso e me disse:

— Dentro da sacola possui ervas e instruções,  não deixe de ler. 

— Obrigada! Irei conferir tudo!

— Volte assim que possível e não confie em muitas pessoas. 

Arão me acompanhou até a porta e saímos em direção à porta principal.

Herdeiros da luz  - A distribuição do poder Onde histórias criam vida. Descubra agora