Todos já tinham acordado da "melhor maneira". E qual maneira foi essa? Simples, foi com Emma gritando pela casa falando para todos acordarem. E agora, nós estávamos na sala. Emma e Norman conversavam entre si, Don conversava com Gilda, e eu, ficava apenas olhando meu celular esperando a hora de ir para casa.
Antes de irmos para sala, enquanto eu arrumava minhas coisas no quarto de Emma, Norman ficava me olhando seriamente de longe, parecia até que queria ver minha alma apenas para descobrir o que aconteceu na noite anterior. Ele até tentou falar comigo, mas por sorte, Emma tinha o chamado na mesma hora para ajudar ela com o café da manhã, e do jeito que ele gosta da Emma e faz praticamente tudo por ela, ele aceitou e foi ajudar ela.
— Olá Ray! — Me assustei após ouvir a voz de Norman, que estava atrás de mim me encarando com um sorriso no rosto. Ele não estava falando com Emma agora pouco?!
— Olá. — Vi ele sentar do meu lado.
— Tudo bem?
— Por que eu não estaria?
— Apenas quis perguntar. — Tirei minha atenção dele e voltei a olhar para meu celular. — Mas... Não quer conversar sobre o que ocorreu ontem?
Eu fiquei tão surpreso ao ponto de segurar meu celular com força. Ele ainda não esqueceu sobre ontem?! Que droga! Por que ele não pode simplesmente esquecer e pronto? Tipo, sumir da mente dele? Que droga... Realmente não vai ser nenhum pouco fácil tirar aquilo da cabeça dele.
— Já conversamos.
— Não terminamos a conversa.
— Terminamos.
— Não, apenas iniciamos.
— Nós iniciamos ontem e acabamos com ela ontem.
— Ray, eu só estou preocupado com você. Se você encontrasse alguém com uma pequena mancha de sangue no seu rosto, o que você faria?
Fiquei olhando para meu celular, até ele o pegar e ficar com ele na mão.
— Então? O que faria? — Norman perguntou novamente enquanto segurava meu celular.
— Tentaria ajudá-la. — Percebi que Norman ia falar novamente, logo o interrompi antes que ele começasse a falar. — Mas, se ela não quisesse minha ajuda ou respondesse que não era nada, eu não iria continuar prosseguindo com a conversa.
Norman me olhou surpreso. Eu peguei meu celular da mão dele e me levantei do sofá.
— Tenho que ir agora. — Falei em tom alto para todos escutarem.
— Já?? — Emma perguntou indignada enquanto olhava para mim.
— Já. Tenho que fazer umas coisas em casa.
— Ah, ok!
— Até amanhã pessoal.
Peguei minha mochila e Emma fez questão de me levar até a porta, mesmo que não precisasse já que a chave estava na tranca da porta. Quando fui sair, senti alguém pegar em meu braço. Olhei e era Norman.
— O que está escondendo da gente? — Eu o olhei surpreso. — Aquilo não era nada, e nem tem como ser nada. Não tem como o rosto de alguém ficar manchado com sangue tão de repente.
— Eu já disse que não era nada. Você apenas deve estar confundindo as coisas, escolhendo uma hipótese errada e querendo fazer com que ela se torne certa.
— Eu não estou confundindo nada! Sei muito bem o que vi! Você pode até negar, mas eu nunca vou negar o que vi! E sei que você está escondendo alguma coisa!
— Eu já disse, eu não estou escondendo nada!
Norman me olhava seriamente e um tanto com raiva; Emma, Don ficaram confusos e surpresos; e Gilda parecia que já sabia o que estava acontecendo.
— Por que não nos conta?!
— O que eu vou contar?! Vou contar uma coisa que você pensa que é grave mas na realidade não é nenhum pouco grave?!
— Se não fosse grave já teria nos contado.
— Eu não tenho que contar tudo da minha vida para vocês apenas porque são meus melhores amigos! Vocês me tratam como se eu nem estivesse aqui afinal!
Vi Norman me olhar surpreso e soltar meu braço.
Droga, acabei falando por impulso.
— Eu disse por impulso—
— Desculpe. — Norman me interrompeu. — Desculpe por fazer você se sentir assim. Tudo bem, se você diz que não tem nada acontecendo de errado, não tem nada acontecendo de errado então. Até amanhã.
— Até... — Eu saí da casa de Emma e comecei a caminhar até minha casa, que não ficava tão longe, então não tinha a necessidade de pegar um ônibus, afinal, posso ir a pé.
Que droga... Por que eu falei aquilo?! Por que justo aquilo?! Eu poderia ter falado várias coisas, mas justo aquilo? Não é culpa deles, sempre me viram sozinho e eu falo que gosto de ficar sozinho, então estão acostumados a me deixarem mais de canto às vezes.
Por que justo aquilo?!
Sai dos meus pensamentos após tossir, vendo logo em seguida as pétalas na minha mão.
Fiquei olhando para as pétalas por um tempo, até que parei de olhar para elas e as joguei no lixo que tinha na calçada, voltando a andar novamente a caminho de casa.
Quando cheguei, a casa estava completamente vazia. Era de se esperar. Meus pais estão trabalhando hoje, então não tinha como ter ninguém aqui, afinal, se tivesse alguém aqui, seria um invasor ou um ladrão, o que não é uma coisa boa por sinal.
Entrei em casa e fechei a porta da sala. Olhei para a casa e suspirei fundo, logo comecei a subir para meu quarto. Quando cheguei, coloquei minha mochila na cama e fui tomar um banho.
Minutos depois, saí do banheiro e fui para meu quarto, começando a trocar de roupa e arrumando as coisas que tinham na minha mochila. Não tinha muita coisa, então não seria difícil arrumar.
Quando terminei, peguei meus fones que estavam na escrivaninha e peguei meu celular, coloquei meus fones e comecei a escutar música. Fui até a cama e deitei nela, ficando de cara com o travesseiro.
A música consegue me acalmar às vezes. O melhor é quando a internet acaba recomendando uma música que combina com o tempo que você está passando. É estranho, mas bom.
Fiquei ouvindo música por um tempo, um longo tempo, horas se eu não me engane, até que parei quando ouvi a campainha da sala tocar.
Será que são meus pais? Mas eles têm as chaves. Para que eles tocaram a campainha sendo que podem muito bem abrir a porta?
Ouvi a campainha novamente. Levantei da cama e sai do quarto, indo até a sala. Acabei tossindo as pétalas brancas no caminho, então fui na cozinha, joguei as pétalas no lixo e lavei minhas mãos, logo sai da cozinha e fui até a porta da sala.
Após abrir a porta, fiquei surpreso.
— Olá Ray!
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As Flores (NorRay)
FanfictionRay Lullaby é um garoto de dezessete anos, e seu amor por Norman, seu melhor amigo, não é correspondido. Porém, ele não sabia, que isso poderia gerar uma doença, chamada Hanahanaki Disease. Hanahanaki Disease é uma doença fictícia onde a vítima cos...