XVI

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Aviso:
• Este capítulo foi escrito em 3º pessoa (narradora pov).

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Poucos dias se passaram, e todos ainda estavam abalados pela morte de Ray. Anna tinha voltado para o internato no mesmo dia em que falou para Emma, Norman e Don sobre Ray, mas desde então não tem conseguido se concentrar nos estudos.

Isabella ainda não se sentia bem para voltar a trabalhar e continuava no quarto de Ray, porém agora não ficava sozinha, Leslie ficava junto de Isabella, tentando acalmá-la enquanto a abraçava.

Leslie também não tinha voltado a trabalhar pelo mesmo motivo de Isabella, então resolveu ficar em casa junto com ela.

Emma tinha faltado todos os dias de aula desde aquele dia, ficava trancada no quarto se perguntando como que ela não havia percebido que Ray gostava de Norman e por que ela não sabia que ele tinha aquela doença.

Don havia ficado em casa, perguntando a si mesmo como Ray estaria agora. Ele não queria que Ray tivesse morrido, pelo contrário, queria que ele estivesse vivo e feito a cirurgia; e mesmo que ele não tivesse feito a cirurgia, também se perguntava como estaria agora se tivesse feito a cirurgia enquanto cuidava da sua irmã mais nova, Conny.

Norman nem pensava em sair do quarto, a única coisa que passava pela sua mente era o sentimento de culpa; ele se sentia extremamente culpado por não ter percebido os sentimentos do amigo a tempo. E depois da morte dele, tudo ficou mais claro para ele, o motivo de Ray lhe ajudar tanto quando sempre precisava, tratar ele de maneira diferente, tudo que Ray fazia para Norman tinha ficado mais claro naquele momento. Ele se sentia um completo idiota, burro e, principalmente, um péssimo amigo por não ter ajudado Ray quando ele precisava.

Ninguém sabia, mas, quando era criança, Norman tinha começado a ter sentimentos por Ray, sentimentos que podiam ser correspondidos pelo amigo. Porém, quando falou do que sentia para seus pais, eles tiraram aquela ideia da cabeça do garoto imediatamente, mesmo que não tenha sido tão fácil.

— Se eu não tivesse esquecido os sentimentos que eu tinha por Ray... Talvez ele estaria vivo. Talvez nada disso estaria acontecendo. — Norman murmurou para si mesmo enquanto colocava o rosto no travesseiro, o apertando e começando a chorar mais ainda.

[...]

Meses foram se passando e o enterro de Ray já tinha acontecido. Anna, Isabella, Leslie, Emma, Don e Norman ficaram no mesmo local apenas olhando para o caixão em que Ray estava. Ninguém trocava uma palavra sequer com ninguém, todos ficavam em silêncio apenas relembrando os momentos que passaram com ele.

Anna já estava conseguindo voltar a estudar normalmente mesmo lembrando de Ray. Ela não queria lembrar que ele estava morto, mas também não queria esquecer dele. A garota ainda via algumas fotos e vídeos da infância deles, algumas vezes até chorando durante a madrugada.

Isabella e Leslie já tinham voltado a trabalhar. Mesmo que ainda estivessem de luto pela morte do filho, eles sabiam que tinham que voltar a trabalhar em algum momento. Eles ainda não tinham se recuperado totalmente, porém tanto Isabella ajudava Leslie como Leslie ajudava Isabella a se recuperar, um estava ajudando o outro a se recuperar da morte do filho.

Don teve que se mudar para outro país, pois os pais receberam uma nova proposta de emprego que dava um salário maior. Mesmo Don não querendo ir, acabou tendo que ir, pois sabia que não tinha como ele morar lá porque ainda era menor de idade.

Emma e Norman terminaram com o namoro, pois não estava dando certo, mas mesmo assim ainda continuaram amigos sem nenhum problema. Emma teve que se mudar para outro país, já que os pais disseram para ela que talvez seria um pouco melhor que ela não morasse naquele lugar cheio de memórias do amigo morto, pois a cada memória que ela lembrava, a garota chorava na mesma hora.

As Flores (NorRay)Onde histórias criam vida. Descubra agora