XIV

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Após o ocorrido na cozinha, Anna conseguiu me acalmar depois de longos minutos, e me pediu para eu descansar no meu quarto, pois estava claro que eu não estava me sentindo muito bem. E como eu não queria discordar dela, apenas concordei e fui para meu quarto, começando a olhar meu celular enquanto ficava deitado na cama.

Minutos depois, ouvi algumas batidas na porta.

— Pode entrar. — Falei em tom alto e vi Anna abrindo a porta, logo entrando no quarto e fechando a porta novamente.

Anna veio até mim e sentou na cama, ficando do meu lado e olhando para as próprias mãos.

— Por que não me falou que já chegou no terceiro estágio? — Ela perguntou, sendo bastante direta na pergunta.

Após ouvir aquela pergunta, fiquei surpreso, e então lembrei do ocorrido na cozinha. Provavelmente ela deve ter visto o buquê enquanto limpava o chão.

— Olha, acho que até já sei o motivo de você não ter me falado. Mas pode me responder pelo menos quando começou o terceiro estágio? — Anna perguntou novamente.

Suspirei e me levantei, sentando na cama e encostando minhas costas na parede da cama.

— Hoje. Começou hoje de manhã, um pouco depois de eu chegar na escola. Provavelmente às seis horas da manhã.

Anna me olhou um tanto preocupada, mas tentou disfarçar o olhar, porém, ela não sabia bem como fazer isso. Geralmente quando ela fica preocupada e tenta disfarçar, ela começa a olhar para as mãos enquanto mexe os dedos.

— Não precisa fingir que não está preocupada. — Ela me olhou surpresa. — Mesmo que eu não queira que você se preocupe, não posso impedir isso. Afinal, como alguém não ficaria preocupado com isso?

— Isabella e Leslie ainda não sabem, não é? — Balancei a cabeça negativamente. — Vai contar para eles hoje à noite?

— Eu não queria, mas vou ter que contar de qualquer forma. Sabe, ultimamente eles estão preocupados demais, chegando até a ficar sem dormir devido à preocupação. E se falar isso, vai aumentar mais ainda a preocupação deles. Mas não tem jeito, eles vão ter que saber alguma hora.

— Antes você não queria contar. Por que mudou de opinião?

— Uma amiga minha, Gilda, teve a doença e fez a cirurgia. Ela também não queria que ninguém soubesse da doença dela, mas, no final, acabaram descobrindo quando a mãe dela veio na escola e pediu para Don contar para eles.

— Entendi... E ela está bem?

— Perdeu as emoções e as memórias. De acordo com a mãe dela, ela só se lembra dela e do pai dela. — Anna me olhou surpresa e preocupada, mas depois voltou a olhar para as mãos novamente.

— Você não pediu o remédio para eles porque sabe que não faz mais o efeito indicado, não é? — Balancei a cabeça positivamente.

— Mesmo que diminuísse a quantidade de tosses de forma mínima, seria um desperdício de dinheiro pedir. 

— Já contou para eles? — Olhei para Anna. — Já contou para Emma, Norman e Don?

— Don e Norman já sabem. — Anna me olhou surpresa e confusa. — Don descobriu através de Gilda, que contou para ele sem querer.

— Como ela contou isso para ele acidentalmente?

— De acordo com ele, ele disse que durante uma conversa, ela acabou contando, e Don insistiu que ela contasse o resto.

— E como Norman sabe?

— Don contou para ele após mostrar uma foto do remédio.

— Como ele soube do remédio?

As Flores (NorRay)Onde histórias criam vida. Descubra agora