E se as flores falassem?

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- Hey, Skeppy - a voz de Darryl era baixa e sonolenta. 

- Sim? - uma resposta no mesmo tom do garoto. Eles estavam deitados sobre a grama, admirando as estrelas que pintavam o breu. Uma brisa leve fazia com que as flores ao redor do dois, balançassem e exalassem ainda mais o cheiro. 

- Se as flores falassem, você acha que elas contariam nossos segredos? - Darryl pergunta e vira seu rosto para poder encarar Zak, que também vira. Seus olhos brilhavam, e o coração pintado de azul, no meio de sua bochecha se destacava. 

- Eu não sei... eu acho que elas só falariam as coisas que não temos coragem. 

- Hum...

- Por que? Tem algo que queira me falar, senhor Darryl? - Zak pergunta com um sorriso debochado. 

- Não é isso, seu idiota! Eu só queria saber o que você achava - o garoto de óculos faz um bico com a boca, o que faz Zak rir docemente. 

- Você vai me fazer beijar esse bico? - Zak pergunta ao meio de suas risadas, debochando. 

- Se você quiser - Darryl fala, mas o arrependimento bate na mesma hora - estou brincando - o garoto força um sorriso e vira o rosto. 

  Um silêncio  se instaura pelo ambiente, apenas a respiração deles era escutada, além da brisa. Darryl sentia seu coração apertar aos poucos, se arrependia de ter falado aqui. Mesmo sempre tendo gostado de seu melhor amigo, nunca teve coragem de se declarar ou falar se seus sentimentos para ele, o medo de perdê-lo era tão grande que suprimia seus sentimentos para si mesmo por muito tempo. Mas naquele dia, ele se sentia um tanto livre para falar com Zak, mas tudo parecia ter ido água a baixo. 

- Eu... - Zak tenta falar algo, mas Darryl o corta se levantando. 

- Tá tudo bem, não precisa falar nada! Eu vou indo para casa, está ficando tarde - o garoto ajeita seu óculos e começa a caminha em passos largos para de volta do seu carro, mas assim que vai abrir a porta, Zak agarra seu braço, o impedindo de abrir.  

- Não vai embora, você não me deu nem tempo de processar! - Zak exclama em um tom preocupado. Ele solta o braço de Darryl, mas se assegurando que o outro não iria fugir - é sério? 

- Do que está falando? - o garoto desvia o olhar, mas Zak segura seu queixo e trás o olhar do mais velho para o seus. 

- Sobre o beijo. 

- Deixa isso quieto, Skeppy... era brincadeira, já disse - sua voz falhava, era perceptível que estava se segurando para não chorar. 

- Darryl... - Zak olha para os olhos que começavam a lagrimejar, eles estavam tão cativantes - eu também quero te beijar. 

- Espera, o que disse? - Darryl exclama surpreso. 

- E-eu, eu quero te beijar, seu idiota! - Zak grita. O garoto suspira e enfia sua cara no vão do pescoço do mais velho - eu tinha medo de você não querer ser mais meu amigo se eu falasse - sua voz sai abafada, mas estava em um tom de alívio. 

  Darryl ainda estava paralisado, não sabia o que falar nem o que fazer. Mas seu coração palpitava tão rápido que parecia que iria parar a qualquer momento. O garoto sorri docemente e coloca suas mãos sobre as costas do mais novo, que ergue a cabeça para o fitá-lo. 

- E-eu posso? - Zak pergunta um pouco hesitante. 

- U-uhum... - Darryl responde com vergonha. Os dois trocam olhares, e lentamente vão encostando suas bocas uma a outra. Era como um sonho, um dos muitos sonhos que os dois tiveram com o decorrer do tempo. A sensação de estar nos braços de quem amava, de poder tocar essa pessoa, de poder sentir seu corpo colado no seu. 

  Eles se separam pro conta da maldita falta de ar, mas permanecem com suas testas coladas. Suas respirações eram profundas, e os dois esboçavam sorrisos satisfeitos. 

- Eu queria tanto isso - Zak fala. 

- Eu digo mesmo - Darryl concorda. Um silêncio acolhedor preenche o ar - eu acho que elas falariam o quão lindo você é. 

- Ahn? 

- As flores. Elas diriam o quão lindo é. 

- Seu idiota - os dois riem. 

  O coração dos dois pulavam, e suas bocas ansiavam por mais beijos como aqueles. Então os dois cedem. O cheiro calmo das flores estava forte, assim como os sentimentos dos dois. 

Shorts - SkephaloOnde histórias criam vida. Descubra agora