Cap.3

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POV Maeve

Uma semana se passou desde que meu pai falou que iria comprar um piano pra mim, desde então ele não tocou no assunto e eu tento não força-lo, porque ele já fez um grande esforço guardando uma quantia para realizar esse meu sonho.

Cheguei na escola com Norah e ela logo foi cumprimentar algumas pessoas enquanto eu pegava meu material no armário.

- vamos? - disse ela assim que eu fechei a porta a minha frente.

- está aí há quanto tempo? - perguntei e ela deu de ombros.

- acho que vou começar meu trabalho de biologia hoje - falou enquanto nos dirigíamos á sala - estava falando com o pessoal e eles estão combinando de ir na casa da Khai pra fazer, quer ir? - Khai era uma amiga dela, que também era popular obviamente.

- merda! - me repreendi fechando os olhos com força - eu esqueci desse trabalho.

- achei que tivesse pesquisado sobre ele semana passada!

- eu meio que ia mas me distraí - dei um sorriso amarelo.

- vai na Khai hoje então, aí você arranja alguma ideia.

- ah Norah, foi mal, mas prefiro ficar aqui na biblioteca até mais tarde e fazer sozinha. Você sabe como eu me sinto perto daquelas pessoas.

- eu sei Maeve, e tudo bem. Quer que eu fique com você? - ela perguntou - podemos fazer juntas!

- tá tudo bem Norah, pode ir. Vai ser até melhor pra eu pensar se não tiver ninguém.

- tudo bem eu vou, mas qualquer coisa, qualquer coisa mesmo! me ligue ok? - como eu disse, ela era muito especial.

- ok.

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Mais uma vez as aulas passaram rápidas e deu a hora do almoço. Estávamos embaixo da arvore de sempre observando a nossa volta enquanto apreciávamos um muffin de banana.

- nossa! Quase esqueci de te contar - me virei pra ela que estava ao meu lado - vi o Edvin semana passada no mercado.

- semana passada? E porque você só está me contando isso agora? - indagou.

- ah sei lá, não era nada importante - dei de ombros.

- não sei você, mas ele é um gatinho!

- ah pelo amor de deus Norah, ele é um babaca.

- não é não, ele é uma graça comigo - obvio que era. Revirei os olhos.

- ele é uma graça com quem ele quer pegar e não com a melhor amiga da pessoa - falei mordendo meu muffin - e fala sério, se você acha ele tão "gatinho" é só pegar ele. Ele com certeza quer te pegar também.

- é... talvez.

Uma coisa que eu gostava em Norah era que ela não ficava com qualquer um, ela tinha um mínimo de gosto e muito amor amor próprio pra isso, então vamos dizer assim que ela escolhia a dedo.

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Depois do horário da saída, acompanhei meus pés até a biblioteca e passei a tarde com a cara no computador e em livros, pesquisando como fazer esse trabalho.

Após algumas horas, já estava escuro e meu pai me mandou uma mensagem avisando que estava chegando em casa, então decidi parar por ali e terminar outro dia. Peguei minhas coisas e parti para o corredor principal que dava para a saída.

Do lado da biblioteca possuía uma sala antiga de música. Na nossa escola as aulas de músicas eram obrigatórias, mas por uma mudança nas normas escolares eles tiveram que remover do currículo. A sala se mantem parada desde então, exceto pelos instrumentos que não foram descartados. Ela costumava ficar vazia, na verdade a esse horário a escola toda costumava ficar vazia, por isso estranhei ao ouvir um som vindo do cômodo.

Me esgueirei na porta e a abri lentamente. Fiquei surpreendi ao ver quem estava ali sentado no piano antigo tocando uma linda melodia.

Com seus cabelos loiros caídos nos olhos, seus dedos se moviam rapidamente sobre as teclas formando uma melodia harmônica e nostálgica. Fechei os olhos e senti a música entrando em meus ouvidos, não pude deixar de pensar em meu avô nesse momento, sinto falta dele.

- está apreciando minha beleza? - abri meus olhos de supetão e observei o garoto em minha frente. Só agora percebi que possuía um espelho na parede frente a porta, que burra!

- não!... claro que não - respondi tentando não parecer nervosa, não gostava de falar com pessoas de quem não era próxima, ele então, pior ainda - só queria saber quem estava tocando o piano, já que essa sala está desativada.

- não faz mal querer me ver Flor, mas fazer isso escondida é meio estranho - ah mas ele é um convencido mesmo.

- eu tenho nome, Edvin. E mais uma vez, eu não estava te admirando, pare de ser convencido, só gostei da melodia.

- eu sei seu nome, Flor, mas gosto de te ver brava - que ódio dessa criatura e esse sorrisinho convencido. Posso dar um soco nessa sua carinha linda? Credo esquece o que eu disse - então a donzela admite que gostou de me ouvir tocando?

Revirei os olhos e me virei para partir, cansei de ouvi-lo.

- gostaria de aprender? - minha mão que estava na maçaneta parou no mesmo instante - prendi sua atenção, Flor?

Ele não está falando sério, porque faria isso? É obvio que ele queria algo em troca, e porque já tenho uma ideia do que seja? Ele tem sorte de que eu quero muito aprender a tocar piano.

- o que quer em troca? - disse me virando em sua direção. Ele estava sentado no pequeno banco do piano voltado para mim.

- por que eu iria querer algo em troca? Não acredita que eu posso ceder meu tempo para te ensinar algo? - seu tom era quase irônico.

- não, não acredito - falei travando o maxilar.

- e tem razão! Quero algo em troca, mas não será difícil pra você. Não deve ser a primeira vez que você faz isso.

-deixa eu adivinhar - disse fingindo pensar - você quer que eu te arranje para Norah - e lá estava seu sorriso convencido mais uma vez.

- acertou em cheio, Flor. Agora vem aqui, vou te ensinar algumas notas - indagou se virando de frente para o piano novamente e ficando de costas para mim.

- preciso ir para casa agora, poderia ser amanhã nesse mesmo horário? - perguntei.

- está mesmo querendo aprender a tocar piano - ele falou com um leve tom inacreditado - Estou surpreso, não sabia que tinha interesse.

- e eu não sabia que tocava.

- ninguém sabe e nem vai saber, não é, Flor? - me olhou com um olhar ameaçador.

- se me ensinar mesmo, pode ter certeza que ninguém vai ficar sabendo.

Ele se levantou até mim e chegou bem perto, tão perto que sentia o calor que emanava de seu corpo.

- fechado então, Docinho - ele chegou mais perto e dei um passo para trás tentando não parecer assustada. Até que ele agarrou a maçaneta atrás de mim e saiu me deixando sozinha. Soltei a respiração que nem sabia que estava prendendo, me recompus e sai fingindo que nada tinha acontecido.

Piano de Stravinsky - Edvin RydingOnde histórias criam vida. Descubra agora