Cap. 7

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POV Maeve

- VERDADE OU DESAFIO, TODO MUNDO AQUI NO MEIO!

Apenas ignorei e voltei minha atenção ao celular.

- o que está fazendo ai sozinha? - Norah apareceu ao meu lado - venha, vamos jogar!

- eu não vou Norah.

- por favor Maeve, vem! Vai ser legal - revirei os olhos e a mesma agarrou meu pulso.

Ela me puxou até a roda no meio da sala onde estavam dançando e nos sentamos no chão.

- todos sabem como o jogo funciona! Em quem a garrafa cair vai ter que responder, não vale amarelar! - disse um garoto que não conhecia. Ele pôs a garrafa no chão e a girou caindo em um garoto moreno de olhos azuis.

Jogo ia e jogo vinha, passou-se umas meia hora e já estava ficando chato. Quis levantar dali diversas vezes, mas Norah falava que eu precisava aproveitar a festa. Onde já se viu aproveitar uma festa sentada no chão fazendo desafios bobos?

Finalmente a garrafa parou em mim e em um garoto que nunca havia visto.

- verdade ou desafio?

- verda...  - Norah me interrompeu com uma cotovelada.

- desafio! Ela quer desafio.

- o que está fazendo? - sussurrei pra ela.

- fazendo você aproveitar!

- desafio, então... - disse o menino pensando em algo e olhando em sua volta - fique sete minutos no armário com o namorado da sua melhor amiga - namorado?

Fiz um cara confusa olhando pra ela.

- meu namorado? - perguntou ela.

- é, aquele loirinho encostado ali - apontou para Edvin - vi vocês se pegando e nada melhor do que uma festa com briga entre amigas! 

Todos começaram a se agitar e nos empurrar para o pequeno armário de casacos que tinha portas viradas para onde estávamos. Eu e Edvin tentamos interver, o que não deu certo, e fomos colocados no pequeno espaço.

- hm... - tentei não fazer contato visual pois estava muito nervosa.

- não precisamos conversar. É só esperar o tempo acabar - disse ele seco se virando de costas. Estranhei seu jeito de falar, achei que depois de ontem teríamos nos aproximado.

- tudo bem então... O lance com a Norah deu certo? - perguntei e ele soltou uma risada debochada se virando pra mim.

- não somos amigos, Flor. Eu já consegui ficar com sua amiguinha, então não precisamos continuar a conversar. 

- você é um babaca! - o que houve com ele?

- e você é uma ninguém escondida na sombra da sua amiga gostosa!  - eu levo uma de minhas mãos acertando seu rosto em cheio com um tapa forte. 

- qual é a sua?! Estávamos bem ontem, você é bipolar ou algo assim?! 

- o que aconteceu é que te viram saindo da sala de música antes de mim e agora sabem que eu toco piano - falou arrogantemente.

- e qual é o problema?! 

- isso era uma coisa minha! Não era pra ninguém saber!

- mas você me contou!

- eu não te contei, você entrou naquela sala e me espionou, e se você tivesse sido mais cuidadosa ninguém saberia! Já não bastava ser uma sombra agora é uma pervertida que espiona os outros!

- SEU IDIOTA! - gritei.

Saí do armário, peguei minha bolsa e sai da casa. Ia embora de um jeito ou de outro, mas só queria sair dali.

Quem esse babaca acha que é? Eu não fico na sombra de Norah, eu só não sou tão popular quanto ela, ou talvez nenhum pouco popular. Quem eu quero enganar? Ela é minha única amiga. 

Era assim que as pessoas me vinham? Como uma sombra dela? Como a amiga da Norah que te arranja pra ela? A esse ponto já estava chorando no meio da rua e ignorando as mil ligações de minha amiga. 

Demorou, mas cheguei em casa. Eu me encontrava cansada, suada e chorando, que ótimo! Por sorte, meu pai estava dormindo e não me viu nesse estado, fui ao meu quarto, me limpei e dormi tentando não pensar em tudo que aquele cretino disse.

[...]

Acordei e pelo menos hoje não tem aula e não vou ter que encarar ninguém, não estou com saco para qualquer ser humano que queira falar comigo. Norah tem me ligado e mandado mensagens e mesmo eu a ignorando, ela continua a mandar.

Ela é uma boa amiga, mas realmente preciso de um tempo para pensar agora. Meu pai fora trabalhar antes de eu acordar, então não tive que encara-lo pela manhã, o que era bom porque não queria ter que explicar minha carranca.

Eu estou torcendo para que na segunda ninguém se lembre de nada e que os deuses alinhem as estrelas para que eu não tenha que ver Edvin. Não aguentaria passar cinco minutos numa sala com ele, eu voaria na cara dele ou choraria, porque será que eu acho que seria a segunda opção? 

Suas palavras me machucaram mesmo eu tendo plena noção da diferença entre Norah e eu. Além disso, eu estava começando a achar que ele seria diferente, principalmente pela interação que tivemos da última vez.

Eu sabia que seu dom era um segredo e ele não queria que ninguém soubesse, mas não tinha razão para explodir comigo daquele jeito, a culpa não era minha.

Acabou que passei o fim de semana deitada na cama lendo e procrastinando, sem falar com ninguém sem ser Norah. Ela veio á minha casa e quase me arrancou da cama só para que eu explicasse o que tinha acontecido.

- Maeve, eu sou sua melhor amiga. Precisa me contar o que aconteceu  - suplicou ela.

- eu não quero falar sobre isso, afinal você já tá tendo alguma coisa com o Edvin e eu não quero atrapalhar isso.

- nós não estamos tendo nada! E nem vamos ter pelo jeito que ele te fez ficar. Você não saiu de casa o fim de semana todo, Mae.

- ele só falou algumas coisas que me deixaram meio mal, nada de mais.

- se te deixaram mal, então não foi nada de mais. Vou deixar de falar com ele, ele é um babaca!

Sua cara de brava era impagável, eu ri e ela me olhou confusa.

- sua cara de brava é incrível - eu disse e ela se juntou a mim rindo de sua expressão. 

Norah é minha melhor amiga e Edvin quase estragou isso. Como pude cair nas palavras dele?

Piano de Stravinsky - Edvin RydingOnde histórias criam vida. Descubra agora