✨o que diz o contrato✨

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Jenna Smith

Não, tudo se repetindo. Não pode ser, não. Cloudh Gaspar, logo ele, um selvagem orgulhoso, meticuloso e ciumento. Quando casei com Héctor ele era tudo isso e muito mais, porém, disfarçava a manipulação dizendo ser "proteção", encobria o ciúmes afirmando ser "cuidado", a possessividade, para ele, era demonstração de "amor". Não posso deixar que tudo aconteça de novo, não com minha única filha. Eu a amo. Caí de joelhos no cimento e as lágrimas de muitos anos vieram e desceram, ágeis e dolorosas.

– Me perdoe Ally. Filha, por favor… filha… como eu te amo… me perdoe Ally.
– Mãe…

Compreensão, eu sabia, ela me entendia, toda aquela carranca foi caindo aos poucos, mas fui eu que a ensinei assim, e foi errado, você pode encubrir o medo e a dor, a culpa e o cansaço, mas eles continuam lá, te puxando para baixo, te afogando em mares revoltos, te envolvendo com escuridão.

– Pergunte. Fale. Grite. Diga o que quer dizer.

Falei, sabia que ela tinha muito a contar. Ela se abaixou e ficou ajoelhada como eu, à minha frente.

– Por que não se importava em me ver sofrer com as atrocidades do Héctor? Por que todo esse tempo não procurou por mim? Eu fugi, mas eu queria ter importância o suficiente para que alguém fosse atrás de mim. Por que não demonstrava amor por mim?

A voz da minha pequena estava embargada, isso foi como um grito ressoando dentro do meu peito, meu coração estava estilhaçado.

– Eu não tinha forças Ally. Quando olhava para você, via o quão inútil e fraca eu era. Diferente de você, minha filha, deixei que o medo me paralisasse, que a culpa falasse mais alto e me afastasse de você. Não conseguia te tocar sabendo que seu pai havia gritado com você sem motivo, te proibido de sorrir sem razão, ele te mantinha presa em um mundo sem cor, eu me fiz cativa em um mundo sem esperanças, mas diferente do que fui e fiz, você procurava por chaves, frechas, liberdade, oportunidades, enquanto eu me sufocava cada vez mais, no remorso, na desistência, no desânimo. Perdão filha… tudo podia ser tão diferente se…
– Não, mãe, nas nossas vidas nunca mais haverá espaço para "e se", "talvez", "quem sabe", chega. Eu senti sua falta.

      Ally Smith

Abracei minha mãe e chorei com ela. Ela é minha família, é meu sangue, é meu coração, faz parte da minha alma mesmo que mal tenha feito parte da minha vida. Cheguei a conclusão de quê minha vida havia parado desde o dia que fugi dos meus problemas, desde o dia que fugi de casa, e não posso e nem quero culpar ninguém pelo meu fracasso, só a mim mesma, assim poderei me erguer e dizer que as vitórias e as conquistas também serão unicamente minhas. Levantei minha mãe do chão, havia me esquecido da presença de Carter, ele estava com uma expressão singela, serena. Peguei água e ofereci os dois, eles beberam e eu também.

– Mas então, mãe. Sou obrigada a casar com Cloudh.
– Temo que sim, como filha dele ele se torna responsável por você e você sabe, os vampiros tem total controle sobre as filhas… Mas seu marido não precisa ser ele…

Ela olhou para Carter.

– Mãe?
– Querer lhe obrigar a casar, é uma coisa, escolher a pessoa é outra.
– Como assim, mãe?

Olhei perplexa para Carter, estava tão perdido quanto eu.

– Ele pode sim casar você com alguém, mas não pode escolher por você a menos que queira assim. Lembra que eu falei que poderia se relacionar com quem quisesse? Isso inclui amigos, parentes, noivo…
– Genial! Mas espera… de qualquer forma, tenho que me casar?
– Infelizmente, sim, me perdoe por isso.
– Tudo bem, tudo bem, o que está feito, está feito. E agora, o que fazemos?

Perguntei, quase para mim mesma.

– Carter é a solução.

Minha mãe disse.

– Em?
– Carter daria um noivo excelente.
– Tá de brincadeira com a minha cara? Isso seria trocar um irmão pelo outro, e Carter também não quer casar tão cedo, não é Carter?!
– Não quero casar tão cedo.
– Tá vendo mãe.
– Mas se for você, por mim tudo bem.

Ele falou, o encarei e ele sustentou meu olhar por segundos, até mamãe quebrar o silêncio.

– Ótimo! Feito.
– Não está "feito", pelo pouco tempo que conheço Cloudh ele não vai aceitar assim tão fácil.

Eu disse. Carter concordou, mas teve uma ideia.

– Ele não precisa saber do que nós descobrimos. Assim ele não vai tentar acrescentar ou retirar algo do documento, até o baile ficaremos calados sobre isso. Pois é no baile que ele irá pedir sua mão em casamento oficialmente.
– Sério?!

Perguntei.

– Sim. E é no baile que vou fazer o mesmo. Então você terá que escolher. E quero que lembre de uma coisa Ally, não importa o que aconteça antes, independente de tudo, me escolha, mesmo que esteja confusa, enxergando por lentes embaçadas, lembre-se, eu sou sua única e melhor escolha.
– Nossa, que drama em?!

Ri mas ele continuou sério. Minha mãe nos serviu a janta(apesar de que eu fui a única a comer), as horas voaram e nós conversamos muito, não sabia que ela havia gravado na memória tantos momentos comigo, tantos momentos de mim, me relembrou eles contando para Carter, que me olhava e sorria, minha mãe o estava entregando pedacinhos do que eu fui quando mais nova. A ideia de me casar com Carter ainda era recente não tive tempo para refletir, ele aceitou e eu também, simples. Amanhã pensaria melhor sobre tudo, raciocinar com a mente da forma que está agora, quente como a cabeça de um fósforo em chamas, não me levará a bons resultados, sei por experiência própria. Nos despedimos com algumas lágrimas, muitos beijos e abraços. Chegamos no casarão.

– Boa noite Carter.

Ele olhou para os lados, estava se concentrando, não sei o porquê.

Carter como noivo? Kitácontecenáki? Kkkkk
Essa doidera merece uma estrelinha?

DhampirOnde histórias criam vida. Descubra agora