O som da chuva era um falso calmante, me trazia uma falsa sensação de segurança enquanto o vento parecia sussurrar em meu ouvido: "Está tudo bem, não há o que temer...", mas não estava tudo bem, havia sim o que temer e estou paralisado, encolhido no canto mais escuro de meu quarto. O Sol está quase indo embora...
E se eu saísse?
Antes que meu cérebro pudesse processar essa ideia lunática, ouço a porta de meu quarto sendo aberta com um estrondo. Agora nem mesmo a chuva podia me acalmar, os gritos estão mais altos, o cheiro de sangue está mais forte, meu lobo está rosnando com mais ardor. Meu corpo dói...
Isso é um sonho?
Não era um sonho, e mesmo que fosse deveria ser chamado de pesadelo. Quando escutei o baque de um corpo caindo ao meu lado não pude evitar abrir meus olhos, e naquele momento eu desejei do fundo de meu ser para que eles tivessem permanecido fechados. Um corpo sem vida jazia ao meu lado, sem brilho, apenas com o calor do sangue que jorrava e manchava meu rosto. Era minha mãe... ERA MINHA MÃE, MINHA MÃE, MINHA MÃE!
Ela não podia, certo? É tudo um sonho... Quando eu acordar, ela estará ao meu lado, vai estar acariciando meus cabelos, vai me dizer que tudo não passou de um sonho ruim... Então por que parece tão real? Por que os olhos dela estão tão tristes? Por que seu cheiro está quase inexistente? Por que sua mão estendida para mim está tão gelada? Vamos me abrace, me acorde... ME ACORDE DESSE PESADELO!
Um grito mudo saiu de meus lábios, minhas mãos foram em direção a minha boca de forma desesperada, eu estava tentando silenciar a mim mesmo. Minha mãe morreu me encarando, com os olhos mórbidos em mim prendendo-me naquele lugar, prendendo-me naquele chão frio totalmente à mercê do acaso, ou melhor, de seu assassino.
A contra gosto ergui meus lumes para cima, mais ofegante do que um corredor em uma maratona e tremendo mais do que um ômega no inverno, eu encarei aquele que acabara de matar a minha pessoa preferida no mundo, bem em frente a mim. Era uma mulher, uma mulher que eu jamais havia visto em toda a minha vida, e ela sorria...
Sorria como se acabasse de ganhar um prêmio magnífico.
— Não me olhe assim... A culpa disso tudo é sua — Minha culpa? A morte de minha mãe havia sido minha culpa? Todo o caos lá fora era culpa minha? Não pode ser, eu sou um bom alfa, eu me comportei direito como ela havia pedido, eu não fiz bagunça... Por que a culpa é minha? — e de sua mãe também, aquela vadia ruiva...
Rosnei para aquela mulher como se minha vida dependesse daquilo, e de fato dependia. Não deixaria que ofendessem minha mãe, não deixaria que ofendessem minha família. Entretanto, antes que pudesse agir, aquela mulher atirou uma faca em minha mão que estava levantada para a atacar, atravessando a carne com tanta força me fazendo gritar em agonia.
Isso dói...
— É uma pena, realmente uma pena, você se parece tanto com ela. Nada em ti é semelhante àquela ruiva, eu deveria te poupar por isso? Deveria te deixar apenas com esse ferimento? A dor de a perder já foi suficiente, filhote? — Nada do que ela me dizia fazia sentido, e o ardor em minha mão nublava minha mente aos poucos. Onde está minha outra mãe? Está doendo tanto... — Não... Você deve morrer também, TODOS OS JEONS DEVEM IR PARA O INFERNO!
Não chute o corpo dela, não chute o corpo dela, NÃO CHUTE O CORPO DELA!
O corpo de minha mãe foi jogado como se não fosse nada, minha mãe morreu como se não fosse nada! O que essa mulher quer? Qual a culpa que eu carrego? Eu fui um bom alfinha, não fui?
Pare, eu estou enjoado... Pare, por favor...
Eu estou tonto, o chão já não me parece mais tão ruim...
E se eu dormir? Está doendo tanto...
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Príncipe da Máfia - JK + JM
FanfictionO que você faria caso em um dia toda a sua vida fosse posta de cabeça para baixo e, em um piscar de olhos, tudo que você tinha se resumiu a nada? Ou o que você faria caso aquilo que mais te aflige passe a conviver sob o seu mesmo teto? Essas duas qu...