14 de fevereiro de 2020

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Querido Klaus,

  Meus pais apareceram por aqui. Você notou que eu não falei nada sobre eles nas últimas cartas? É que eu não falo com eles desde o divórcio. Papai ainda está bravo porque como pastor, ele não acredita no divórcio, uma filha divorciada não é o ideal. Me lembro da reação explosiva de quando contei que você havia me deixado, ele disse que eu parecia uma prostituta que não parava com nenhum homem e que todos sempre me deixariam porque eu era vazia e fria. Mamãe ficou obviamente ao lado dele como "a boa esposa deve ficar".
  Mas hoje eles bateram na minha porta. Engoli a mágoa e deixei-os entrar em casa. Passamos uma hora tendo uma conversa agradável sobre as novidades da casa e depois, papai não conseguiu sustentar o personagem de civilizado e logo estava gritando comigo outra vez. Ele disse que eu não fui uma boa esposa, que eu falhei com você e por isso você foi embora, ele disse que eu não fiz o suficiente para te trazer de volta. Agora eu estou encolhida nessa cama gigante, molhando todo o papel com lágrimas que prometi que não cairiam outra vez.
  Eu gostaria que a vida deixasse de ser tão cruel comigo. Eu queria não desejar a sua volta. Hoje não consegui ser forte, amanhã tentarei outra vez.

Com amor, Caroline.

todas as vezes que te escrevi • klarolineOnde histórias criam vida. Descubra agora