Capítulo 7

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Ji-yeon colocou o sorriso mais bonito que tinha em seu rosto, falso, porém ninguém saberia. Sae-byeok pedira que sorrisse para disfarçar, então ela faria.


O caminho até a cela de Sae-byeok pareceu eterno e ela fez como a maior pediu: Deixou muitas detentas verem ela entrando no local. Jisoo ergueu a cabeça e se levantou ao ver Ji-yeon ali.

-- Vou procurar a Jennie. Fechem o lençol que eu deixo o aviso ali fora e chamo algum idiota para avisar se vem alguém. -- Jisoo disse antes de se retirar. Sae-byeok pulou da cama de cima e puxou o lençol, tapando a visão delas para o lado de fora e Ji-yeon engoliu em seco.

-- Ela, huh, é sua companheira de cela? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok negou.

-- Não divido a cela com ninguém. Jisoo divide a cela com alguma idiota por aí. -- Ela disse e Ji-yeon suspirou, vendo que seu pé começava a tremer de ansiedade.

-- O que eu vim fazer aqui? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok lhe olhou, encostando as costas na beliche antes de cruzar os braços e sorrir, erguendo uma sobrancelha.

-- Não é óbvio? -- Ji-yeon a fitou sem dar resposta alguma por um momento, até se lembrar que precisa falar.

-- huh, na verdade não. -- Sae-byeok assentiu e apontou para a cama de baixo.

-- Pode ficar nela por enquanto e tenho alguns livros embaixo da beliche. Pode ler algum se quiser, vamos ficar aqui por algum tempo para acreditarem que estamos transando.

Ji-yeon se sentiu aliviada internamente, mas centenas de dúvidas rodeavam sua mente.

-- Por que está fazendo isso? -- Ji-yeon perguntou cuidadosa mente.

-- Me chamo Sae-byeok. -- A outra disse aleatoriamente.

-- Não perguntei seu nome. -- Ji-yeon contestou e só então se lembrou com quem falava.

Ela tinha que perder essa mania de falar tudo o que realmente queria, já não era mais a chefe milionária, agora era apenas uma novata, estúpida o suficiente para ter respondido malcriadamente a pessoa mais temida de toda a prisão.

-- Eu sei exatamente o que me perguntou, não sou surda. -- Sae-byeok disse secamente. -- Acontece que não quero responder.

-- Desculpe. -- Ji-yeon disse se abaixando para procurar um livro para ler. -- Céus, eu adoro este livro. -- Ji-yeon disse com os olhos brilhando ao ver um livro de romance policial entre a pilha de livros. -- Eu me lembro de ter lido ele uma cinco vezes.

-- Estamos quites. -- Sae-byeok falou, se encostando na parede para ter uma visão melhor de Ji-yeon.

-- Eu esqueci de pedir livros para minha irmã me trazer, então não tenho nada para ler. -- Ji-yeon disse, lendo capa por capa.

-- Pode levar qualquer um que quiser. -- Sae-byeok disse e Ji-yeon ergueu a cabeça, fitando a garota.

-- Obrigada. -- Ji-yeon falou sinceramente. -- Eu sei que não quer falar o porquê de estar fazendo isso, mas significa muito para mim. -- Sae-byeok assentiu e Ji-yeon voltou a fitar os livros.

-- Estou lendo esse. -- Sae-byeok disse ao ver Ji-yeon passar pelo livro de poemas de uma autora desconhecida.

-- Você gosta de poemas? estou surpresa. -- Ji-yeon disse sorrindo e pôde ver o início de um sorriso dar as caras na feição de Sae-byeok.

-- Leio de tudo, não me restrinjo aos gêneros. Se a sinopse chamar minha atenção você terá a minha leitura ou se eu já conhecer o autor e tiver gostado de algo dele, apostarei minhas fichas em seus livros. -- Ela respondeu e Ji-yeon assentiu.

-- Já o li, mas adoro. Pode continuar lendo, só que em voz alta? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok pareceu pensativa.

-- Podemos revezar nisso? -- ela perguntou e Camila assentiu, um pouco surpresa por isso, se deitando na cama de baixo e vendo Ji-yeon subir para a de cima com o livro. -- Não se acostume com isso.

-- Entendido. -- Ji-yeon disse rindo.

-- Só estou fazendo porque amo ler e não porque me pediu. -- Sae-byeok disse friamente.

-- Eu sei. -- O silêncio predominou por alguns segundos, até a voz rouca preencher o ambiente.

-- E no amor encontrei-me instável, e no amor encontrei-me segura, o amor já foi minha desgraça, entretanto, também já foi a minha cura. -- Ji-yeon sorriu ao ouvir a voz sempre rude soar doce e cheia de vida ao recitar o poema.

-- Ao amor me dei, por amor chorei, mas apesar de tantas controversas, jamais esqueci a quem com alma eu amei. -- Ji-yeon disse junto com Sae-byeok, afinal amava aquele poema.

O silêncio se instalou no ambiente após aquilo. Sae-byeok queria continuar lendo, mas sem entender o porquê, estava receosa. Ter ouvido Ji-yeon dizer algo com tanta paixão a fez sentir-se estranha.

Levava a vida toda solitária para permitir se encantar com uma desconhecida.

Enfrentaria uma prisão inteira de detentas, mas fugiria de um sorriso doce da menor.

-- Que tal se formos ao pátio? -- Sae-byeok disse após alguns minutos. -- Já ficamos alguns bons minutos aqui. Pelo menos uma rapidinho deve para ter dado, pensarão que foi isso.

-- Huh, tudo bem. -- Ji-yeon disse, saindo da cela apenas para ver a policial Jennie sorrindo para Sae-byeok. Ela achou estranho, mas cada um com sua vida, pensou.

Sentiu seus batimentos se desalinharem quando entre seus dedos os dedos de Sae-byeok se enroscaram, puxando-a para o pátio.

Ji-yeon, pela primeira vez, vira aquele caminho pela visão de Sae-byeok: Conforme iam passando, todas as detentas abaixavam as cabeças ou desviavam os olhares.

-- Por que elas têm tanto medo de você? -- Ji-yeon perguntou em um sussurro e se surpreendeu ao ouvir uma risada baixa e rouca vindo da maior.

-- Você pergunta demais. -- Sae-byeok disse, subindo na mini-arquibancada de madeira e puxando Ji-yeon para seu colo assim que se sentou.

-- Vou precisar andar, huh, com você sempre agora? -- Ji-yeon perguntou envergonhada.

-- Só nesses primeiros dias para deixarmos todas cientes de que não devem tocar em você. -- Sae-byeok disse e Ji-yeon assentiu, passando um braço por seu pescoço, temerosa, apenas para ficar mais confortável na posição. -- Depois você poderá voltar para as suas amigas e ir na minha cela só de vez em quando para não levantarmos suspeitas.

-- Eu gostaria de saber um dia por que você está fazendo isso por mim. Me dirá? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok suspirou, assentindo.

-- Um dia, Ji-yeon. -- Sae-byeok disse olhando em volta apenas para ver três líderes de cada grupo juntas, se aproximando delas com Beatrice.

-- O que foi? -- Ji-yeon perguntou confusa ao ver a maior apertar Ji-yeon contra seu corpo.

-- Não ouse sair de perto de mim, em hipótese alguma. Entendido? -- Sae-byeok perguntou solenemente e Ji-yeon assentiue, preocupada. Sae-byeok respirou fundo e colocou a expressão mais inflexível em seu rosto.

As líderes nunca se juntavam, algo de bom não viria dali.

Presa por acaso - Squid Game Onde histórias criam vida. Descubra agora