Capítulo 11

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Maratona 2/4

(...)

Conforme cada página era engolida pelo cérebro de Ji-yeon, Sae-byeok assistia cada reação da menor, que estava deitada em sua cama enquanto Sae-byeok estava apoiada na grade do lado de fora, vendo o movimento dos corredores e, disfarçadamente, admirando Ji-yeon.

Um riso gracioso chamou a atenção de Sae-byeok, que até tentou ignorar, mas não conseguiu.

-- O que está lendo? -- Sae-byeok perguntou e Ji-yeon abaixou o livro e ergueu a vista para Sae-byeok, vendo-a de braços cruzados do lado de fora.

-- Uma comédia romântica. -- Ji-yeon disse e Sae-byeok assentiu. A menor percebeu que Sae-byeok iria dizer algo, porém fechou a boca sem proferir palavra alguma. -- Já leu esse? -- Ela perguntou, erguendo o livro para Sae-byeok ver a capa alaranjada e amarelada, onde continha duas mulheres.

-- Já li todos eles. Esta semana chega mais livros que pedi. -- Sae-byeok falou e Ji-yeon assentiu.

-- Posso pedir alguns também. Só preciso esperar minha irmã vir me visitar. -- Ji-yeon disse e Sae-byeok deu um passo para dentro da cela.

-- Ela ainda não veio te ver ou estou enganada?

-- Veio no dia que cheguei, mas ela anda ocupada com algumas coisas importantes. -- Ji-yeon disse, colocando o marcador de páginas no livro antes de fechá-lo.

-- Quanto tempo você, uh, pegou? Você disse à média que não pode ter a pena reduzida. -- Sae-byeok falou, entrando de vez na cela antes de encostar na parede, parando de frente para Ji-yeon.

-- Vinte e dois anos. -- Ji-yeon disse, vendo Sae-byeok arregalar os olhos. -- E você?

-- Não te in...

-- Para com isso. -- Ji-yeon pediu, vendo os olhos castanhos a encararem após terem fitado o chão. -- Está claro que você quer conversar comigo e se aproximar. Eu não sei por qual razão você precisa tentar manter sua pose de durona, mas comigo, isso realmente não está funcionando. -- Sae-byeok bufou.

-- Não é uma pose. -- Sae-byeok falou e Ji-yeon riu baixinho.

-- Tudo bem, mas mesmo que você não seja assim, comigo não está funcionando. Está ficando vergonhoso você tentar me evitar, mas sempre puxar assunto.

-- Eu não sei porque eu ainda ouço o que você diz. -- Sae-byeok reclamou e Ji-yeon riu, levantando rapidamente da cama para prender os dois braços ao redor de Sae-byeok, impedindo de que ela voltasse a sair.

-- Não precisamos ser amigas, se isso é o que teme, porém tampouco precisamos ser duas desconhecidas, Sae-byeok. -- Ji-yeon falou e e Sae-byeok olhou para os braços magros ao seu redor.

-- Você realmente não tem medo de mim, não é? -- Sae-byeok perguntou com o músculo do maxilar enrijecido e Ji-yeon sorriu.

-- Às vezes, mas cuidando de mim e se preocupando comigo do jeito que você faz fica difícil manter em mente que preciso ter medo de você. -- Sae-byeok suspirou e a fitou.

-- Só senti pena de uma pobre coitada que seria vítima de Beatrice. -- Sae-byeok disse e Ji-yeon sorriu. Qual era o problema dela que, não importava o que Sae-byeok falava, sempre sorria?

-- Você se preocupou mais cedo com a minha alimentação, Byeok. Você realmente precisa melhorar seus argumentos. -- Ji-yeon disse e Sae-byeok a empurrou.

-- Eu não preciso melhor porra nenhuma. -- Sae-byeok disse exasperada e Ji-yeon encolheu os ombros.

-- Como quiser. -- Ji-yeon falou, ao se deitar em sua cama e retornando para sua leitura. Os olhos castanhos escuros fitaram a decepção estampada no rosto da menor e logo ela bufo.

-- Não precisamos ser amigas se conversarmos? -- Sae-byeok perguntou e Ji-yeon a fitou.

--Não quero mais conversar com você. -- Ji-yeon disse, voltando a olhar pro livro.

-- Por quê? você queria até trinta segundos atrás.  -- Sae-byeok disse confusa.

-- Você precisa aprender que nem tudo é como você quer. -- Ji-yeon rebateu e Sae-byeok bufou.

-- Eu não sei porque perco o meu tempo com você. -- Sae-byeok disse bufando, saindo da cela novamente e voltando a cruzar os braços.

Ji-yeon se escondeu atrás do livro apenas para sorrir. Decifrar Sae-byeok era difícil demais e, em apenas alguns dias, ela não entendia como todas as detentas temiam aquela garota.

Ela viu como a maior bufava a cada cinco segundos e sabia que estava com seu ego ferido, então fez algo para a outra restabelecer a paz interior.

-- Sae-byeok? -- Ji-yeon chamou e a garota colocou a cabeça para dentro da cela -- Está entediada?

-- Por qual outra razão eu teria puxado assunto com você? -- Sae-byeok disse e Ji-yeon sorriu. A resposta grossa já era imaginada.

-- Quer ler comigo? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok piscou lentamente, cética. -- Já disse, não seremos amigas. -- Falou deitando mais para o canto e Sae-byeok assentiu, se deitando ao seu lado.

-- Em qual parte está? -- Sae-byeok perguntou.

-- Na parte onde o meninão é descoberto pelas amigas da protagonista. -- Ji-yeon disse e Sae-byeok riu.

-- Eu adoro esse livro. -- Ela disse e Ji-yeon se permitiu contemplar sua beleza de perto. Não foi uma olhada de soslaio, foi uma olhada daquelas que deixam bem claro para você que está sendo observada.

-- Não vai mesmo me dizer quanto tempo pegou? -- A menor perguntou e Sae-byeok falou.

-- Sempre insiste assim? -- Ji-yeon sorriu e aquiesceu.

-- Sempre. -- Respondeu sorrindo e Sae-byeok bufou.

-- Sete anos, mas já cumpri três e por bom comportamento já reduzi mais dois. -- Ji-yeon sorriu ainda mais e se virou de lado ficando de frente para a maior.

-- Bom comportamento, hm? -- Ji-yeon perguntou provocando enquanto o sorriso enfeitava seus lábios. -- Não estou surpresa.

-- Não está? -- Sae-byeok perguntou surpresa e Ji-yeon meneou a cabeça.

-- Não. Eu não sei por que as garotas temem você, mas já percebi que você é boa.

-- Ninguém nunca ousou cruzar o meu caminho aqui dentro para eu provar o contrário. -- Sae-byeok disse friamente e Ji-yeon sorriu com a língua entre os dentes.

-- Eu ousei. -- Ji-yeon disse rindo baixinho. -- Te desafio o tempo inteiro, não percebeu ainda? e ainda assim você não fez nada.

-- Talvez eu não queira fazer nada. -- Sae-byeok falou e Ji-yeon fitou seus lábios. Deveria ser delicioso beijar aquela boca.

-- É nisso que eu queria chegar. -- Ji-yeon disse, fitando-a. -- Por que comigo é diferente? -- Sae-byeok se obrigou a fitar apenas seus olhos, porém a forma como os olhos de Ji-yeon estavam fixos em seus lábios não estava ajudando muito em sua concentração. A maior suspirou rendida e começou:

-- Você me ajudou... -- O barulho de um cassete atingindo as grades atraiu a atenção de ambas.

-- Ji-yeon, você disse que iria à enfermaria e já está quase na hora das celas se fecharem. Então vá. -- Uma policial loira requisitou e Ji-yeon assentiu.

-- Me conta depois? -- Ji-yeon sussurrou e Sae-byeok negou, se levantando.

-- Não tenho nada para contar.

-- Sae-byeok! -- Ji-yeon disse e Sae-byeok cruzou os braços.

-- Estão te esperando. -- Ela disse e Ji-yeon bufou, mas deixou o livro sobre a cama e saiu.

Sae-byeok iria lhe contar, droga! Mas apesar de Sae-byeok ter mudado de ideia em relação a dizer, Ji-yeon não desistiria fácil.

(.)

Presa por acaso - Squid Game Onde histórias criam vida. Descubra agora