Capítulo 18

1.5K 183 356
                                    

Ji-yeon analisava de longe a morena de olhos castanhos se sentando na mini-arquibancada do outro lado do pátio. Ela ainda tinha a pose séria e fria.

Fazia cerca de uma semana desde que conversaram e depois daquilo Sae-byeok não lhe respondia mais. Ji-yeon tentara de tudo, porém fora impossível. Sae-byeok havia realmente ficado chateada.

-- Brigaram? -- A voz de Heyoon soou por trás de Ji-yeon, fazendo a menor assentir.

-- Fui idiota com ela. -- Ji-yeon disse e Heyoon fitou Sae-byeok, franzindo ligeiramente os olhos devido ao sol intenso.

-- Você é bem corajosa. -- Heyoon disse. -- Ninguém aqui ousaria ser idiota com ela depois de saber que ela quase matou a antiga líder daqui. -- Comentou. -- Só não matou porque a outra se rendeu.

-- Essas informações são verídicas? -- Ji-yeon perguntou.

-- Dizem que sim. Dizem que a mulher morreu dias depois e que foi Sae-byeok quem matou, mas não levou a culpa porque soube disfarçar o crime.

-- Sae-byeok não seria capaz. -- Ji-yeon murmurou e Heyoon riu.

-- Você está se apaixonando? -- Perguntou. -- Porque só assim para achar que ela não seria capaz. Ela é a líder daqui, Ji-yeon.

Ji-yeon ficou quieta. Não discutiria sobre sua opinião com mais ninguém, afinal, ninguém ali mais conhecia Sae-byeok como ela. Estava ali há pouco tempo, mas apesar disso ainda era a pessoa que mais conhecia Sae-byeok ali. Claro que possivelmente Jisoo e Jennie conheciam melhor a garota e exatamente por isso elas não discutiam sobre Sae-byeok. Ninguém entenderia.

-- Não estou me apaixonando. -- Ji-yeon disse. -- Mas gosto muito dela.

-- Três semanas e já está caidinha. -- Heyoon disse rindo, soltando um pequeno ronco junto.

-- Não estou muito bem para humor hoje, Heyoon. Me desculpe. -- Ji-yeon disse tristemente, sorrindo fraco antes de caminhar até sua cela.

Naquele dia a luz do sol não faria diferença. Era para ser um dia feliz, ela havia organizado em sua agenda aquela data havia meses. Sua sobrinha completava três anos e ela sequer poderia dar um abraço, quem dirá aquele monte de coisas que havia organizado.

Ela se sentou em sua cama e se pôs a chorar baixinho, se perguntando aonde havia errado em sua vida para estar pagando um preço tão alto. Sua advogada não voltara a dar notícias, muito menos sua irmã.

Como será que Skye estaria? Será que ela perguntara sobre Ji-yeon? Yuna teria lembrado de comprar o unicórnio para a menina em seu nome?

Com o coração destroçado Ji-yeon apoiou o rosto nos joelhos, abraçando as pernas para chorar em posição fetal. Ela sempre brigava com seu irmão. Como não brigar? Ele era bastante irresponsável. Claro que tinha apenas dezoito anos, porém tinha uma filha para quem devia responsabilidade e muita das vezes não exercia, deixando o cargo vago para Ji-yeon.

A garotinha era mais apegada à sua tia Ji-yeon do que ao próprio pai. Apesar de tantas brigas, Ji-yeon e Ha-jun haviam passado horas organizando aquele dia. Algo que jamais se repetiria. Nem Skye completaria três anos outra vez e nem Ji-yeon teria seu irmão para organizar algo em conjunto. O nó se apossou em sua garganta e ela desabou em um choro intenso, porém parou quando sentiu uma mão em seu ombro.

-- É hoje o aniversário que você citou, não é? -- Sae-byeok perguntou, ignorando toda a frieza do decorrer da semana e Ji-yeon assentiu, tendo seus olhos inchados e avermelhados.

A maior suspirou e se sentou ao seu lado, trazendo-a para seus braços em um abraço apertado. Ji-yeon não hesitou, se deixando cair em um choro forte, tendo seu rosto enterrado na curva do pescoço da maior.

-- Sh... -- Sae-byeok murmurou e Ji-yeon a abraçou ainda mais forte, deixando suas defesas abaixadas.

-- Eu cuidava dela como uma mãe. -- Ji-yeon disse em meio ao pranto e Sae-byeok suspirou. -- Eu contava histórias e brincava com ela. Eu... sinto tanta falta dela.

-- Como ela é? -- Sae-byeok perguntou, querendo entreter a menor. Ji-yeon fungou e respirou fundo, pensando no que diria.

-- Ela é doce, divertida. -- Começou, se lembrando da pequena figura. -- Ela tem a cor dos meus cabelos e dos olhos, porém sua pele é um pouco mais clara. -- Ji-yeon disse, enxugando algumas lágrimas antes de se esquivar do abraço de Sae-byeok para olhá-la. -- Ela é tão esperta para sua idade, você precisa ver, Sae-byeok... -- Sae-byeok suspirou, vendo um brilho lindo cintilar nos olhos da menor.

-- Ela parece adorável. -- Sae-byeok disse e Ji-yeon sorriu finalmente.

-- Céus, ela é. -- Ji-yeon disse e Sae-byeok repuxou o canto dos lábios em um meio sorriso.

-- Gostaria de falar com ela? -- Sae-byeok perguntou e Ji-yeon assentiu tristemente. -- Sabe que está manhã eu consegui uma coisa.. -- Sae-byeok falou retirando algo de dentro do sutiã. -- Preciso devolver até as cinco, mas que tal se eu conhecer a voz dela, hm? -- Ji-yeon abriu a boca em completa surpresa ao ver um telefone celular na mão de Sae-byeok.

-- Você, uh, me emprestaria mesmo? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok riu.

-- Está brincando? você me deixou curiosa sobre essa criança. -- Sae-byeok falou e Ji-yeon sorriu. -- Só espere um minuto, vou chamar Jisoo para vigiar enquanto estivermos na ligação.

-- Estivermos? -- Ji-yeon perguntou confusa.

-- Você realmente acha que eu não vou dar um oi para ela? -- Sae-byeok perguntou e Ji-yeon se jogou em seus braços, a abraçando fortemente.

-- Céus, eu te beijaria agora mesmo. -- Ji-yeon comentou. -- Obrigada mesmo, Sae-byeok. Eu jamais vou me esquecer disso. -- A maior apenas assentiu um pouco sem graça por Ji-yeon ter citado beijo e logo se levantou.

-- Não precisa me agradecer. -- Ela disse, desaparecendo dali. Quando voltou viu que Ji-yeon tinha lavado o rosto e estava batendo o pé ansiosamente contra o chão.

-- E então? -- Ji-yeon perguntou em expectativa e segundos depois viu Jisoo parar na frente da cela, de braços cruzados enquanto Sae-byeok tapava parcialmente a visão lá de fora com lençóis.

-- Vem cá. -- Sae-byeok pediu, se sentando na cama de Ji-yeon com as costas na cabeceira, de costas para as grades e Ji-yeon se aproximou, sentindo Sae-byeok a puxar para o meio de suas pernas antes de sorrir. -- Vire-se para a frente. -- Sae-byeok disse rindo, vendo que Ji-yeon estava paralisada fitando seus lábios. -- Sua irmã tem alguma rede social ou algo que dê para fazer vídeo-chamada?

-- Tem. -- Ji-yeon respondeu sorrindo.

-- Então coloque ela na linha. Faremos uma vídeo-chamada. -- Sae-byeok não podia entender o tamanho do sentimento que despertou em Ji-yeon ao ajudá-la com aquilo e, mesmo estando brigadas, era bom demais voltar a estar entre os braços da mais velha.

(.)

Presa por acaso - Squid Game Onde histórias criam vida. Descubra agora