Capítulo 16

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Emergir após você ter quase ss afogado te fez sentir aliviado, exasperado, inquieta, feliz e ao mesmo tempo desesperado. Sua respiração se descontrola e seu pulso acelera inexplicavelmente. Era exatamente assim que Sae-byeok se sentia, como se quase houvesse se afogado.

Ji-yeon era seu mar.

Os lábios quentes sobre os seus não a deixavam pensar, só sabia de algo: Precisava de mais e foi com tal pensamento que apenas permitiu a passagem da língua da menor, vibrando internamente com o contato.

Não era um beijo qualquer, era Ji-yeon ali. Ela não podia acreditar naquilo, não conseguia cair sua ficha de que beijava a garota que...

Ela vetou seus pensamentos quando a menor chupou seu lábio inferior e enfiou as duas mãos por dentro de sua camisa, arranhando as unhas curtas em sua pele, causando a inflamação de todo seu corpo. Ji-yeon voltou a aprofundar o beijo e Sae-byeok a puxou mais para si, levando suas mãos até os fios de cabelos da nuca da menor e a enfiando ali, os puxando de leve, sentindo a textura sedosa dos fios entre seus dedos enquanto suas línguas se encontravam em um perfeito encaixe.

Ji-yeon arfou contra sua boca e apertou sua cintura, tentando juntar ainda mais os corpos, como se tentasse fundir.

-- Detentas! -- A voz firme e ríspida de uma das guardas fez elas separarem as bocas, sem se afastarem totalmente. -- Aqui não é lugar para isso. -- Ambas assentiram, se afastando de vez uma da outra.

-- Não deveríamos ter feito isso. -- Sae-byeok, que possuía seu lábio ligeiramente avermelhado, falou e Ji-yeon negou com a cabeça.

-- Claro que deveríamos. -- Disse, sem se importar com o fato de pouco tempo atrás ter pensado que deveria tentar não se apaixonar por Sae-byeok.

-- Você tem problemas de interpretação? -- Sae-byeok perguntou. -- Jennie disse para você não encarar e você me encarou; Eu disse para não se aproximar e você vive criando conversas íntimas; agora digo que não deveríamos e você diz que sim.

-- Não tenho problemas de interpretação. Apenas sei formar opinião própria. -- Ji-yeon rebateu e Sae-byeok suspirou, indo em direção à sua cela.

-- Pare de me seguir, Ji-yeon! -- Sae-byeok pediu.

-- Só quando me disser porque não deveríamos. -- Ji-yeon falou e Sae-byeok entrou em sua cela, subindo em sua cama e se virando para a parede. Ji-yeon suspirou e se encostou na parede à frente da beliche. -- Eu não sabia que te incomodava tanto assim, me desculpe.

-- Não faça isso.

-- Isso o quê? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok se virou para ela.

-- Esse drama todo, me mostrando que estou reagindo exageradamente. -- Sae-byeok explicou e Ji-yeon a fitou, sorrindo fraco antes de assentir e se deitar em sua cama. O silêncio perturbador fez Sae-byeok suspirar. -- Ji-yeon?

Silêncio.

-- Ji-yeon?

-- O quê é? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok se equilibrou em seu peito, olhando para a cama de baixo.

-- Está brava comigo? -- Sae-byeok perguntou e Ji-yeon negou. -- Então por que não me respondeu de primeira?

-- Não faz sentido a discussões idiotas que temos. Você é um maldito ponto de interrogação que fica no final de toda frase minha. -- Ji-yeon disse encarando-a, vendo os olhos castanhos refletirem um lampejo de tristeza.

-- Desculpe. -- Sae-byeok murmurou e Ji-yeon se surpreendeu. -- Só há perguntas que para a minha proteção eu devo manter as respostas para mim. -- Sae-byeok falou. -- Eu ainda tenho mais dois anos aqui dentro, preciso manter meu foco.

-- Bem, se minha advogada não for eficiente o suficiente eu ainda tenho vinte e dois anos, então boa sorte com os seus dois anos. -- Ji-yeon disse e Sae-byeok mordeu seu lábio inferior, descendo da cama de cima.

-- O que fez para pegar tanto? -- Sae-byeok perguntou curiosamente e Ji-yeon foi para o canto de sua cama, esticando a mão para Sae-byeok.

A maior encarou sua mão com hesitação, até finalmente segurá-la, sentindo a menor lhe puxar para seu lado. Sae-byeok respirou fundo sentindo o cheiro do condicionador de Ji-yeon impregnado no travesseiro.

-- Não fiz nada, mas fui acusada do assassinato do meu irmão e de ter tentado  assassinar minha mãe. -- Ji-yeon disse, vendo Sae-byeok arregalar os olhos completamente surpresa. -- Eu não fiz isso, eu juro. Mas sei que você não vai acreditar em mim. -- Ji-yeon disse, brincando com a bainha de sua camisa.

Ela se surpreendeu quando sentiu Sae-byeok acariciar seu rosto, fitando-a com seu olhar carregado de afeto.

-- Você poderá pegar uma boa grana quando processar esses babacas do Estado, uh? -- Sae-byeok perguntou e Ji-yeon assentiu cética.

-- Você vai acreditar que eu sou inocente assim... fácil? -- Ji-yeon disse e Sae-byeok assentiu.

-- Já acreditei. -- Sae-byeok disse sorrindo de lado e Ji-yeon se virou para ela.

-- Eu não vou perder meu tempo processando eles. -- Ji-yeon disse e Sae-byeok franziu o cenho.

-- Por que não? -- Indagou sem jamais deixar de acariciar o rosto da menor, que suspirou ante ao toque gentil.

-- Porque eu quero viver minha vida, desfrutar das coisas que eu não dava valor antes, sabe? -- Ji-yeon perguntou. -- Não quero ficar enfurnada em uma sala o dia todo diante de uma pilha de papéis. Quero ir no parque central e me deitar sobre o gramado enquanto admiro os pássaros no céu e sinto o ar fresco acariciar minha pele.

-- O futuro amor de sua vida poderia estar junto e ambos poderiam alimentar os patos. -- Sae-byeok disse e Ji-yeon sorriu, assentindo.

-- Me soaria um bom lugar para dizer que a amo. -- Ji-yeon falou e Sae-byeok suspirou. -- Uma pena nada disso existir. -- Falou e Sae-byeok assentiu.

-- Mas você tem chances de ser feliz quando sair daqui, sabe? Viver, receber de bom tudo que já ofereceu a este mundo. -- Sae-byeok disse e Ji-yeon subiu seu olhar, analisando meticulosamente cada palavra que Sae-byeok havia dito.

-- Por que sempre fala como se eu tivesse sido uma heroína lá fora? -- Ji-yeon perguntou e Sae-byeok negou, parando sua carícia.

-- Nada. -- Respondeu baixando seu olhar. -- Se sua advogada conseguir sua inocência você sai em quanto tempo?

-- Cinco meses e duas semanas. -- Ji-yeon disse e Sae-byeok assentiu, fitando os lábios tão atrativos da menor.

-- Acho que mudei de ideia sobre nos beijarmos. -- Ela sussurrou e Ji-yeon a olhou cheia de expectativas. -- Mas me prometa que não fará tantas perguntas.

-- Não posso prometer isso. -- Ji-yeon disse, umedecendo seus lábios. -- Mas gostei da ideia de voltarmos a nos beijar loucamente. -- Ji-yeon disse sorrindo maliciosa e Sae-byeok riu. -- Por que mudou de ideia? -- Indagou curiosa e a maior suspirou, passando um braço por seu corpo, a abraçando.

-- Porque sei que será inocentada e, bem, acho que eu gostaria de aproveitar o pouco que vou ter de você. -- Sae-byeok confessou ruborizando e Ji-yeon sentiu um arrepio cortar sua espinha. Quando mais tempo passava, mais encantadora Sae-byeok se tornava aos seus olhos.

-- Então pode aproveitar bastante. -- Ji-yeon sussurrou, levando uma mão até a nuca de Sae-byeok para então arrastar as unhas ali, vendo um novo brilho nascer nos olhos da maior.

Ela gemeu quando sentiu Sae-byeok beijá-la, e então a menor a puxou mais para cima de si. Aparentemente os próximos meses não seriam nada ruins tranficada ali com a maior.

Entretanto, de alguma forma, incomodava se imaginar saindo daquele presídio e deixar Sae-byeok para trás. Ela espantou seus pensamentos ao ver o rumo que estavam tomando. Focaria no "agora" e, bem, o "agora" possuía língua de Sae-byeok se encontrando com a sua enquanto sua mão direita adentrava a camisa de Ji-yeon para acariciar diretamente sua pele.

É, o "agora" era bem atrativo.

(.)

Presa por acaso - Squid Game Onde histórias criam vida. Descubra agora