Capítulo 4

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O famoso toque de recolher soou e todas foram rumo às suas celas. Ji-yeon havia passado no começo do dia dela, apenas para saber a localização, porém não tinha ideia de com quem dividiria o ambiente.

Ela estava exausta e só queria dormir, por isso foi até sua cela, mas antes de entrar viu a figura de Heyoon entrando na cela de frente para a sua. O que dividia o espaço entre as celas era os  corrimões azuis, que era proteção para ninguém cair no enorme vão no meio do local, que dava a visão clara das celas de baixo.

Sem mais delongas ela entrou, vendo um vaso sanitário no canto da cela e um minúsculo lavatório. Não que usassem o vazo dali sempre, tinham banheiros fora das celas. Mas e se uma delas tivessem dor de barriga durante a madrugada? pensou Ji-yeon. Teriam que fazer suas necessidades na frente da outra?

Definitivamente Ji-yeon não sabia quem ficaria mais constrangida. Céus, ela rezou por não terem dor de barriga.

Seus olhos analisaram a beliche, porém a dúvida lhe surgiu: Qual seria sua cama? seu olhar se focou no pôster de uma banda desconhecida por ela na parede de cima, então presumiu que sua cama fosse a de baixo.

Se sentou na cama e viu uma revista sobre ela, com seu nome. Sim, aquela era mesmo sua cama. Um longo suspiro se esvaiu de seus pulmões quando viu a letra da sua irmã, pedindo para ela abrir na página doze.

Seus olhos se esbugalharam ao ver uma foto sua algemada enquanto a levavam para o carro de polícia. Sua irmã pede para ela não contar que é rica e lhe manda a porra de uma revista onde "A milionária Ji-yeon Jun foi presa, nesta quarta-feira, por ser a princípio suspeita no assassinato do Empresário Ha-jun Yeon" genial ideia a de sua irmã, pensou revirando os olhos.

Ji-yeon soube que a revista não era tão atualizada, afinal de contas, agora já não era a principal suspeita; era a assassinata, pelo menos aos olhos das leis e dos milhões dos telespectadores.

Ela fechou a revista quando viu alguém se aproximar e logo seus olhos reconheceram a figura. Ela rezou internamente para não fecharem aquelas celas, não poderia, não era justo com ela.

Dividir a cela com Beatrice estava fora de cogitação.

Mas era sua realidade e, à medida que a garota se aproximava, um sorriso vitorioso ia preenchendo seus lábios.

-- Olá novamente, novata. -- Ela disse, enfiando as mãos nos bolsos da calça marrom clara, fazendo Camila a olhar receosa.

-- Olá. -- Ji-yeon disse, até que a garota subiu em sua cama e se calou. Ji-yeon rasgou a parte da revista onde falava sobre ela e sem pressa picotou em centenas de pedaços, até que sua imagem foi desaparecendo por completo.

Outra vez o ruído, exatamente como sirene, soou nos corredores e logo Ji-yeon viu que policiais estavam indo de cela em cela, revisando as garotas antes de fecharem o local. Sua vez chegou e ela e Beatrice foram revistadas. Todo o processo contínuo e, após finalizarem, as luzes principais dos corredores foram apagadas.

O pesadelo do fim do dia começou ai, porque a garota da cama de cisma desceu, subindo em cima de Ji-yeon, que já havia se deitado confortavelmente.

-- Finalmente a sós, boneca. -- A garota disse, distribuindo beijos ao longo do pescoço de Ji-yeon. A menor acertou o joelho no meio das pernas da outra garota, porque apesar de não ter a genitália masculina, ela sabia que aquilo doeria também.

A garota se retorceu em cima dela, mas logo pressionou seu joelho contra a intimidade de Ji-yeon. Visivelmente ela era mais forte, Camila sabia, porém não deixaria as coisas serem tão fáceis assim.

-- Eu vou gritar. -- Ji-yeon resmungou, empurrando ela. -- Mas você não vai me tocar.

-- Você está fazendo as coisas mais difíceis para mim. -- A garota disse, se levantando e pegando algo, que Ji-yeon não soube identificar o que era, antes de bater contra as grades do lugar. Instantes depois uma policial loira apareceu e Ji-yeon suspirou aliviada.

-- O que quer, Campbell? -- A policial perguntou secamente.

-- Preciso que cuide do perímetro para mim, vou me divertir um pouco. -- Ela disse e a policial entortou uma sobrancelha.

-- Você é uma filha de uma mãe, Beatrice. -- A mulher disse suspirando. -- Quero os três mil na conta amanhã por esse favor, se não, as coisas vão se complicar para você. -- Ji-yeon arregalou os olhos.

-- Fechado. -- Beatrice disse sorrindo, se virando para Ji-yeon. -- Parece que teremos uma longa noite, boneca. -- Ela disse indo até a sua cama e pegando um lençol, o pendurando nas grades para tampar a visão das outras celas.

-- Você não vai tocar em mim. -- Ji-yeon disse, se afastando da cama e indo para o canto do vaso sanitário.

-- Oh, eu vou. -- A mulher disse sorrindo prepotente. -- Mas não se preocupe, você terá a minha proteção, ninguém aqui vai arrumar encrenca com você e, bem, diga-me oque sentir vontade de comer e eu te arranjo. -- Ela disse, retirando sua camisa e deixando seus seios à mostra.

-- Você quer dizer além de você? -- Ji-yeon perguntou e a garota sorriu.

-- Você tem garra, admiro isso em você, mas acho que precisa entender como as coisas funcionam aqui. -- A garota disse se aproximando de Ji-yeon antes de tentar puxá-la para si.

Camila a empurrou, mas a garota acabou puxando-a junto, fazendo ambas rolarem pelo chão. A garota inverteu as posições e subiu em cima de Ji-yeon, que ergueu um braço e puxou o lençol das grades, deixando as outras de fora verem o que aconteceria ali.

Ela se levantou ao chutar Beatrice e encostou o rosto nas grades, gritando a pleno pulmões por socorro, mas sentiu uma dor lancinante ao sentir seu rosto ser empurrado contra o ferro com força.

Seus olhos captaram a imagem do olhar preocupado de Heyoon na cela distante, à frente dela. Sua cabeça foi acertada outra vez contra o ferro antes de sentir uma lágrima escorrer de seus olhos e a garota agarrar seu corpo, rasgando sua blusa.

Ela olhou uma última vez suplicante para a garota da cela à sua frente, vendo Heyoon começar a bater em algo contra suas grades sem falar nada, como se não quisesse ser reconhecida por ser a causadora do que viria a seguir: Todas as outras começaram a bater em suas grades, gerando assim os grito de "Briga, briga, briga."

Um minuto depois havia três policiais abrindo sua cela, com armas apontadas para elas.

-- Virem-se e mãos na cabeça sem gracinha. -- Uma delas disse e ambas obedeceram. -- Quem começou isso? -- Ambas se calaram, até que a voz da cela ao lado surpreendeu Ji-yeon.

-- Foi a Campbell, eu ouvi tudo. -- a garota disse, Ji-yeon conhecia aquela voz, era Scar, a garota da fila.

-- Vai se foder, Scarlett. -- Beatrice gritou e a risada do outro lado da parede ecoou.

-- Boa sorte na detenção. -- Ela retrucou.

-- Você vem comigo. -- A policial disse para Beatrice. -- E você.. para a enfermaria. -- Completou apontando para Ji-yeon. -- Está livre desta vez, mas se arrumar mais brigas será a próxima naquela detenção. -- A mulher disse seriamente e Ji-yeon assentiu, sendo levada por uma das policiais para a enfermeira.

Seus olhos olharam agradecidos para Heyoon, que tinha uma expressão preocupada no rosto, provavelmente pelo sangue que Ji-yeon sentiu escorrer de sua testa.

No caminho, apenas a duas celas da sua, seus olhos captaram um par de olhos castanhos escuros, analisando confusa as duas policiais levarem Beatrice sem a parte de cima do uniforme, com os seios à mostra, logo, ela encarou Ji-yeon, que vinha atrás com a outra policial. Sae-byeok analisou minuciosamente cada pedaço de seu estrago: Sua camisa rasgada, onde mostrava uma parte de um dos seus seios, o lábio cortado e a testa sangrando. Ji-yeon não viu muito, afinal passou rápido por ela, mas jurava ter visto os dedos brancos se apertando contra as grades, como se algo tivesse realmente  enfurecido.

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Presa por acaso - Squid Game Onde histórias criam vida. Descubra agora