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Chuuya abraçava à si mesmo; seus braços em volta de seus joelhos. Aquele armário era frio, duro e escuro. O garoto estava há tanto tempo preso ali que já começava a ouvir coisas.

"Será que eu já posso sair?" Pensou.

"Ele vai te pegar..." Sussurros de vozes desconhecidas ecoavam pela mente do ruivo, mas ele tentava ao máximo ignorá-las.

Nakahara tentou abrir a porta do armário, mas ele estava trancado.

O garoto não iria desobedecer os pais. Eles haviam lhe dito para não sair daquele armário a qualquer custo, então ele não iria fazer nada que não o exigisse ficar apenas parado.

Chuuya encarava um ponto fixo daquele breu, ainda abraçando seus joelhos. Ele estava preocupado, seus pais não lhe davam notícia alguma e ele já roía as unhas de ansiedade.

De repente, uma luz forte surge ao seu lado esquerdo, fazendo o menino pressionar seus olhos que haviam se acostumado à escuridão.

Era uma televisão. O aparelho chiava em busca de algum sinal, e quando finalmente o achou, a tela pareceu sintonizar em um canal específico.

"As pessoas correm desesperadas e tentam se esconder no primeiro lugar que encontram, mas tudo está sendo em vão. A Guilda é uma organização muito forte e decidiu atacar-nos subitamente. Todos estão com medo."

Uma repórter dava informação direto da fronteira de Petria, onde estava tendo um ataque e na câmera aparecia incêndios, bombas e gritos angustiantes. No canto da tela marcava a data da reportagem, borrando o dia e o mês, mas deixando o "1986" legível.

"Ao que parece, um dos integrantes da organização está à solta por Petria. Tenham cuidado, tranquem suas casas."

Durante a fala da repórter, a televisão começou a perder o sinal e a chiar novamente. Uma imagem fora se formando na tela e o coração de Chuuya começou a palpitar mais forte, deixando o garoto em aflição.

Era uma imagem totalmente desfigurada e medonha, que acabou assustando muito o Nakahara e fazendo ele sair em disparada do guarda roupa, aflito. Mal percebeu que a porta, agora, encontrava-se aberta.

Ele estava no chão, olhando para os lados e percebendo que estava em seu quarto. Fitou o guarda roupa e notou que não havia televisão nenhuma ali.

Franziu o cenho, confuso. Estava ficando louco?

Chuuya saiu correndo em direção ao andar de baixo ao se lembrar de seus pais.

A sala estava um breu, nenhuma luz iluminava o lugar, nem uma brecha sequer. O garoto ligou a lanterna do seu celular, que descansava sobre a mesinha próxima a escada.

Um flash extremamente forte o cegou por alguns segundos, quando Chuuya recobrou a visão, encontrou a pior imagem que podia se ver.

Seus pais jaziam sem vida no chão, envoltos por uma enorme poça de sangue. Aquilo foi demais para o ruivo.

Chuuya tentou gritar, mas nada saía de sua garganta, nenhum tipo de som. Sentia lágrimas desesperadas rolarem por sua face.

Porém, quando Nakahara correu até seus pais, repentinamente uma fumaça cinza se instalou e eles desapareceram. O menino tossiu, devido a fumaça que adentrou em seus pulmões.

O vento gélido passava pelas brechas finas da porta e o medo pairava no ar.

Chuuya sentiu uma presença atrás de si e virou bruscamente, mas não encontrou nada. Ele olhou em volta do lugar e pôde notar uma sombra na janela.

ROTA 96 | SOUKOKUOnde histórias criam vida. Descubra agora