• cuatro

1.5K 175 25
                                    

Sentado em minha poltrona com um livro na mão me perco em meus pensamentos enquanto as palavras que leio gradativamente param de fazer sentido para mim

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Sentado em minha poltrona com um livro na mão me perco em meus pensamentos enquanto as palavras que leio gradativamente param de fazer sentido para mim. Tiro os óculos colocando-os em minha mesa e me levanto do lugar na esperança de conseguir me entreter com outra atividade. 

Em passos largos ando até meu estúdio, quando chego no cômodo acendo a luz vermelha e varro meu olhar por todo o espaço, identifico algumas cordas mal enroladas e outras emboladas e me aproximo delas. Sento-me no chão colocando-as do meu lado e de forma gradativo começa a organizar as mesmas de forma apropriada. 

Esse é de longe meu lugar preferido dentro dessa casa, aqui tenho a liberdade de externar a minha mais forte e inconsciente versão. Entro nesse espaço e fecho os olhos por alguns segundos, assim que minhas pálpebras se abrem já não sou mais o mesmo homem, a fera insaciável que vive em meu interior é libertada e ainda que eu esteja consciente meus desejos mais insanos e incompreensíveis tomam vida aqui. 

O som do chicote se chocando contra pele, os gemidos de dor e prazer, as marcas das cordas e o poder são o que me alimentam. Ver a obediência e a submissão diante de mim é o que me deixa forte, dia a pós dia. 

Já se fazem anos desde que não tenho uma submissa inteiramente minha, depois de Júlia ainda não consegui encontrar uma com quem eu sentisse tal conexão. Considerando o número reduzido e limitado de praticantes no Brasil é quase que nula as chances de eu encontrar alguém nessa cidade, em contrapartida não consigo ver minha vida sem isso, o BDSM é parte de mim, a dominação corre por minhas veias e está infiltrada em cada molécula de sangue no meu interior. Confesso já ter tentado por alguns meses, mas a abstinência de poder me corrompeu, influenciou em todo meu humor e na forma com que eu lidava com a vida, e então eu descobri que simplesmente não posso e não consigo mais viver sem dar vazão a minha fera interior. E desde então venho tendo sessões avulsas com conhecidas minhas do meio que moram em cidades da região. 

Ouço meu celular tocar e tiro o aparelho do bolso colocando-as em minha orelha e atendendo a ligação. 

Alô.

— Oi compadre, como vai? 

— Estou bem, e você Cristina?

— Também. Esta ocupado?

— Apenas organizando algumas cordas em meu estúdio. 

— Quando terminar pode vir aqui em casa? Gostaria de conversar com você, mas é coisa rápida. 

— É algo com a Madah? Ela está bem?

— Sim sim, ela está ótima. Não se preocupe. É apenas um papo de compadres. 

— Então tudo bem, chego aí em alguns minutos. 

Nos despedimos e eu desligo a ligação. 

INEFABLEOnde histórias criam vida. Descubra agora