• cinco

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— Eu olhei pra ela

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— Eu olhei pra ela. 

— Mas não foi a primeira vez que olhou pra ela – rebate o terapeuta. 

— É como se fosse. 

— Porque?

— Foi a primeira vez que a vi mulher. 

— E qual o problema de vê-la como realmente é?

— Ela era só uma menina. 

— As pessoas crescem. 

— Mas eu a vi nascer e quando deu seus primeiros passos eu estava lá. 

— E porque ver uma mulher na Madalena te incomoda tanto?

— Eu.. – tento buscar uma resposta pro questionamento — Eu não faço idéia.

— Antes você sequer considerava que agora sua afilhada é adulta. Porque de uma hora para outra isso se tornou uma questão?

— A mãe dela me mostrou o diário e.. e falou que ela tinha curvas, que o rosto angelical de menina não existia mais. Isso parece ter tirado um véu dos meus olhos e quando a vi depois disso não consegui enxergar nela minha Madazita. 

— Isso não deveria te afetar tanto, considerando que já sabia que atualmente ela tem mais de 20 anos. 

— Eu só não posso enxerga-lo como mulher. 

— Porque? 

— Eu tenho medo. 

— Tem medo que seus instintos paternos para com ela sejam modificados?

Abaixo meu olhar e permaneço em silêncio tentando me esquivar da pergunta. 

— Teme que a fera apareça?

— Não apareceria, nunca pra Madah. 

— Mas sempre a descreveu como inconsciente. 

— É a minha afilhada! 

— Ela não parece se importar com seus valores morais, busca apenas se alimentar da submissão considerando apenas o consentimento da outra parte como limite. 

— Estamos falando de uma menina que eu literalmente vi nascer. 

— O que você teme Paco?

— Cristina disse que ela vai fazer de tudo para tentar ser minha. 

— É só você dizer não. 

— Não é tão simples. 

— Porque?

— Ela pode se afastar de mim outra vez. 

— E ela tem uma voz amadurecida. 

— Não. 

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