• diez

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A menina não desceu do quarto desde o café da manhã, fui até lá pedir que ela saísse um pouco do ambiente, mas ela não o quis

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A menina não desceu do quarto desde o café da manhã, fui até lá pedir que ela saísse um pouco do ambiente, mas ela não o quis. Pediu apenas uma garrafa de água e um sanduíche e eu prontamente levei o que foi solicitado.

Não paro de pensar no diálogo e de me culpar de tudo que vem acontecendo nos últimos dias. Eu facilmente daria milhares de reais para ter uma sessão com o meu terapeuta agora, mas as ruas da cidade estão tomadas pela chuva, e a locomoção se tornou algo impossível. Tentei contato para uma consulta online, mas ele parece atarefado e o meu caos interno não será resolvido rapidamente.

Não do jeito que eu gostaria.

Termino de preparar o jantar ainda pensativo, sem saber se chamo ou não a menina para descer. Agora que está tudo as claras não sei o quão desconfortável pode ser o nosso contato, o perigo de estarmos próximos é eminente e lidar com isso é o maior desafio de toda minha vida.

A Madazita que eu esperei todos esses anos, pela qual eu nutri um amor fraternal e puro não existe mais, e tudo que sinto por ela está se moldando de uma forma arrebatadora fazendo com que a culpa tome conta de todo meu ser.

É cruel comigo mesmo e com todo meu instinto protetor para com ela tudo que venho alimentando em minha mente, é desleal diante a confiança que meus amigos depositaram em mim para que eu cuide de Madalena durante todo seu percurso de vida, mas agora eu só consigo a desejar, desejar seu corpo, desejar deixa-la imobilizada sob meu domínio, ouvir sua voz soltando sussuros, é tudo que eu desejo e não deveria desejar.

Ela é meu maior pecado.

E então o motivo do meu caos aparece em meu campo de visão, agora com outra blusa, dessa vez amarela que se contrasta lindamente com seu tom de pele.

— O jantar está pronto – falo enquanto ela se acomoda na mesa — Aceita uma cerveja?

— Sim – responde e eu a sirvo.

— É frutada, acho que vai gostar – exclamo na tentativa de ignorar tudo que aconteceu pela manhã.

— Realmente muito boa padrinho – concorda — Eu adorei.

— Pode beber a vontade, mas coma também – ressalto dando um gole em seguida no líquido alaranjado.

— Sim Senhor.

— Madalena..

— O que foi?

— Como você descobriu?

— É um pouco de descuido seu deixar a porta daquele quarto aberta.

Respiro fundo quando ouço a declaração da garota.

— Isso não te dá o direito de sair invadindo os cômodos da minha casa.

— Foi só uma feliz coincidência.

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