• quince

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Não consegui dormir, fiquei sentado em uma poltrona olhando para a garota a noite toda, pensando em repensando em todo o contexto que estamos inseridos, ora me culpando, ora dizendo para mim mesmo que se trata de uma mulher adulta e que está tudo bem

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Não consegui dormir, fiquei sentado em uma poltrona olhando para a garota a noite toda, pensando em repensando em todo o contexto que estamos inseridos, ora me culpando, ora dizendo para mim mesmo que se trata de uma mulher adulta e que está tudo bem.

Essa transição de uma relação quase familiar para tudo que estou sentindo por ela agora é cruel, esse processo não foi nem um pouco gradativo e quando me dei por mim já estava totalmente entorpecido e sem alternativas para lidar com isso.

O mais difícil, é que não é só a fera que está totalmente domada por essas sensações, além dela, sou eu, Paco Alonso. Estou indubitavelmente instigado e sentindo coisas que nunca imaginei que minha pequena Madah fosse capaz de despertar em mim.

Agora são exatamente 4h45 da manhã, e eu estou no mesmo lugar, imóvel a horas sem saber o que fazer quando ela acordar e revivendo cada segundo do que tenho passado ao lado dela em minha cabeça.

Ouço meu celular tocar e assusto-me com o barulho.

— Quem será a essa hora da madrugada? – sussurro para mim mesmo.

Me levanto e vou até o aparelho, pego-o e meu interior se aperta quando vejo o nome de Cristina sob a tela. Respiro fundo e fecho os olhos antes de aceitar a chamada e levar o objeto até meu ouvido.

— Está bem tarde, comadre.

— A Madalena está aí, Paco?

— Sim – confirmo apenas.

— Você não pode fazer isso com ela..

— Cristina.. por favor.

— A viu nascer Paco, literalmente!

— Sim.

— Como tem coragem?

— Eu não sei – digo voltando para minha poltrona e dirigindo meu olhar a menina que dorme sereno — Estou construindo minha coragem.

— Você não pode colocar ela no fetichismo.. é só uma menina, não sabe lidar com isso — fala parecendo me fazer uma súplica.

— O seu maior desafio também é o meu, Cristina – exclamo e respiro fundo em seguida — A Madalena agora é uma mulher adulta, não podemos mais enxerga-lá como uma criança. É dona de suas vontades, objetiva sobre o que quer ou não para si. Ignorar a voz dela é como se tivéssemos a silenciando, não foi isso que ensinamos a ela.

— Por todos esses anos de amizade e cumplicidade, meu amigo, não faça isso com minha filha.

— Não tente fazer eu me sentir culpado, eu já estou me crucificando o suficiente, sozinho. Me apedrejo a cada segundo por ter permitido que isso tudo acontecesse.

— Então a traga pra casa, a deixe aqui e depois podemos conversar mais uma vez sobre o que está acontecendo.

— Não pode haver conversa sem a maior interessada nisso tudo, ela.

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