Não consegui dormir, fiquei sentado em uma poltrona olhando para a garota a noite toda, pensando em repensando em todo o contexto que estamos inseridos, ora me culpando, ora dizendo para mim mesmo que se trata de uma mulher adulta e que está tudo bem.
Essa transição de uma relação quase familiar para tudo que estou sentindo por ela agora é cruel, esse processo não foi nem um pouco gradativo e quando me dei por mim já estava totalmente entorpecido e sem alternativas para lidar com isso.
O mais difícil, é que não é só a fera que está totalmente domada por essas sensações, além dela, sou eu, Paco Alonso. Estou indubitavelmente instigado e sentindo coisas que nunca imaginei que minha pequena Madah fosse capaz de despertar em mim.
Agora são exatamente 4h45 da manhã, e eu estou no mesmo lugar, imóvel a horas sem saber o que fazer quando ela acordar e revivendo cada segundo do que tenho passado ao lado dela em minha cabeça.
Ouço meu celular tocar e assusto-me com o barulho.
— Quem será a essa hora da madrugada? – sussurro para mim mesmo.
Me levanto e vou até o aparelho, pego-o e meu interior se aperta quando vejo o nome de Cristina sob a tela. Respiro fundo e fecho os olhos antes de aceitar a chamada e levar o objeto até meu ouvido.
— Está bem tarde, comadre.
— A Madalena está aí, Paco?
— Sim – confirmo apenas.
— Você não pode fazer isso com ela..
— Cristina.. por favor.
— A viu nascer Paco, literalmente!
— Sim.
— Como tem coragem?
— Eu não sei – digo voltando para minha poltrona e dirigindo meu olhar a menina que dorme sereno — Estou construindo minha coragem.
— Você não pode colocar ela no fetichismo.. é só uma menina, não sabe lidar com isso — fala parecendo me fazer uma súplica.
— O seu maior desafio também é o meu, Cristina – exclamo e respiro fundo em seguida — A Madalena agora é uma mulher adulta, não podemos mais enxerga-lá como uma criança. É dona de suas vontades, objetiva sobre o que quer ou não para si. Ignorar a voz dela é como se tivéssemos a silenciando, não foi isso que ensinamos a ela.
— Por todos esses anos de amizade e cumplicidade, meu amigo, não faça isso com minha filha.
— Não tente fazer eu me sentir culpado, eu já estou me crucificando o suficiente, sozinho. Me apedrejo a cada segundo por ter permitido que isso tudo acontecesse.
— Então a traga pra casa, a deixe aqui e depois podemos conversar mais uma vez sobre o que está acontecendo.
— Não pode haver conversa sem a maior interessada nisso tudo, ela.
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INEFABLE
RomanceTrilogia Europeus 1° ERLEBNISSE 2° SFOGARSI 3° INEFABLE Não é necessário ler as histórias anteriores para que haja compreensão desta! Madalena é uma jovem que após sete anos morando em São Paulo volta para sua cidade natal a fim de recomeçar longe d...