Capítulo 12: O velhinho sorridente.

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— Ei! Eu já disse que isso machuca! Oh, Safira! - Gritava Samuel, caminhando com as mãos atadas às costas.

— Esses sujeitos simpáticos souberam sobre sua sabedoria, senhora Safira? - Disse Matthew, sendo escoltado para dentro da casa principal com um guerreiro ao seu lado.

— Cale a boca que, hoje, minha bondade é pouca! - Disse Requias, autoritariamente.

— Sim, senhor! Hahaha! - Terminou Matt.

— Como ousa rir em minha presença, depois de me insultar com descarada ofensa? Que ultraje! Um amigo da alta excelência, vendido a aquele traste! - Desdenhou Requias, descendo da escuridão do interior da casa principal para nos olhar de cima a baixo, especificamente para mim, e segurou a gola do manto, sem a puxar. - Onde arranjou? Foi como ele lhes pagou?

— Senhor, me desculpe, mas, do que está falando? Isso estava na minha casa...

— Garota insolente! Mentes! Finges! Pois saibam que não me enganarão com suas esfinges, seus enigmas! Não sairão, nenhum dos três, da ilha!

— Ora, mas quem decide isso não é você, chefão... É a própria ilha! Vamos, sabe que queremos ir até lá! Como foi a conversa com ele? - Perguntou Matthew, ficando de joelhos.

Silêncio nasceu por um momento, permaneceu assim até que o comandante mandou, com gestos de mão, Uria e Hamon ficarem em fila. Mais dois guerreiros os acompanharam, carregando cada um escudo de madeira em formato retangular, cheios de cores em espirais para o centro.

— Levantem, senhora Safira, Manuel... - Disse Matthew, ficando de pé. - Vamos rever um amicíssimo velho! Ha!

Nos juntamos aos homens que se agrupavam em frente à saída do lado oposto da grande casa. Pude ver melhor para os lados, onde na esquerda pude identificar nas sombras um altar e várias roupas espalhadas e penduradas em vigas de madeira que cruzavam o teto, do outro lado, nenhuma silhueta reconheci dentro do lugar, mas havia uma janela, coberta com panos, e havia algo atrás dela. Caminhou na direção que íamos, eu vi, mas perdi a atenção quando Samuel, que olhava na mesma direção, segurou minha mão. Trocamos um olhar e nos viramos para frente, olhando para a luz.

Pisar para fora fez todo o caminho reagir. Uria e Hamon não tiveram nenhuma reação, estavam em guarda com suas lanças, caminhando lentamente pelas pedras no chão. Matthew respirava forte, sorrindo seu sorriso estranho e largo, com os olhos arregalados observando a estrutura em arco das plantas: dezenas de raízes se entrelaçavam em nós, com caules e troncos encostados, quase em uma costura para formar paredes cheias de galhos que vez em quando estavam para dentro do caminho. Olhei para cima, onde vi as copas das árvores, distantes de nós por mais ou menos um metro, entre postas umas sobre as outras de modo que a luz do sol quase não era visível, mas raios de luz atingiam meus olhos uma vez a cada cinco passos. Virei o rosto para entender que Requias não estava nos seguindo, não havia ninguém atrás de mim além de Samuel e os dois outros guardas, que sussurravam com seus escudos sobre o rosto.

— Eu nunca vi palmeiras assim, e aquilo é um angico? Eu conheço esse tronco, tinha daqueles onde morávamos antes, Safira. - Dizia Sam, atrasando nosso caminhar com curiosidade de olhar cada uma das plantas, ou ao menos ele queria nos convencer disso.

Os esforços deste não foram suficientes para nos impedir de continuar. O caminho, após quase dez minutos de caminhada por dentro da vegetação, começou a se alargar.

Uria e Hamon se separaram, deixando que eu, Matthew e Sam pudéssemos enxergar todo o lugar. A luz do sol era forte sobre a areia semelhante à da praia, tão branca que parecia brilhar. No centro de quatro caminhos de pedra, que vinham de diferentes direções, estava uma construção semelhante a um poço, feito de pedras e madeira escura, um cilindro, protegido da luz por um teto circular, que abrigava o que primeiro pareceu ser um bolo de lã. A figura sentada possuía um cabelo longo e liso, que se estendia até as proximidades do chão.

Os que Mergulharam em LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora