Capítulo 16

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− A SENHORA TINHA RAZÃO. Ela realmente tentou recusar, mas o bilhete resolveu.

− E faltou alguma coisa, Luiz? -pergunto ao mesmo tempo em que assino alguns documentos.

− Não, senhora. Ela não quis abrir as compras antes de eu sair. Disse que com aquela quantidade de coisas, era impossível estar faltando algo e que eu não precisaria me preocupar com nada.

Sorrio. Mulher teimosa! Eu sabia que ela relutaria. Mas entre mortos e feridos, salvaram-se todos, eu também sabia que ameaçar deixar Luiz em pé, pelo tempo que fosse necessário, até que ela o deixasse fazer seu trabalho, funcionaria. Meredith é o tipo de pessoa que se importa com outros mais do que consigo mesma. O fato de mentir para que sua mãe não sofra com a realidade deplorável que está vivendo há meses é uma prova incontestável disso, assim como sua defesa imediata da tal Amélia quando questionei a amizade das duas.

− Tudo bem, Luiz! Obrigada. -Libero-o e ele sai da sala depois de se despedir.

Menos um problema, agora eu só preciso que ela aceite o que estou oferecendo para poder tirá-la daquela espelunca que chama de casa. Sorrio, porque, a verdade é que eu adoro esse jeito irritantemente teimoso. O que lhe falta em altura, sobra em teimosia e determinação. A imagem do seu rosto se acende em minha mente como uma lâmpada fluorescente, iluminando absolutamente tudo. Sua pele clara, suas sardas, os lábios fodidamente gostosos, os cabelos claros, o pescoço fino e altivo. Rio ao me lembrar do presente que deixei nele, Meredith vai enlouquecer quando vir.

Passo a mão pelos cabelos, encarando a pilha de arquivos sobre a mesa, todos prontos para serem redistribuídos. O telefone de mesa toca e a luz vermelha me indica que é Norma.

− Sim, Norma.

− O senhor Laguna está aqui para a reunião.

− Pode deixá-lo entrar. E, Norma, contate a Caroline Zabur, por favor. Quero falar com ela depois dessa reunião.

− Tudo bem, senhora. Algo mais?

− Sim, na verdade sim. Preciso que você contate aquela arquiteta que reformou meu escritório de casa ano passado. Se possível, quero falar com ela ainda hoje também.

− Ok! O senhor Laguna já está a caminho.

− Obrigado, Norma.

Eu me levanto e, trazendo comigo as pastas separadas para a reunião, me sento no sofá preto do lado direito da sala, próximo ao bar, deixando sobre a mesinha de centro a pilha de documentos selecionados. Alguns minutos depois, a porta do escritório é aberta por Rafael, o diretor operacional do grupo Forbes.

− Bom dia, Addison Forbes. – Ele me cumprimenta com um sorriso no rosto, os cabelos loiros claros perfeitamente alinhados e penteados para trás e já abrindo o botão do terno azul marinho para se sentar na poltrona diante de mim, deixando a mesa e as pastas entre nós.

− Bom dia, Rafael. Como vão as coisas? A Talita? As crianças? -Cruzo uma perna sobre a outra e me recosto no sofá.

− Vão bem! Todos bem. E você?

− Ótima. Está tudo certo. Bom, eu não vou tomar muito do seu tempo. -Mudando de posição, empurro para ele as pastas: − Essas são algumas tarefas que eu gostaria de redistribuir, delegar daqui para frente. Como conversamos assim que assumi o controle da empresa, eu quero fazer um rodízio de setores, assim eu serei onipresente em todos. -Rafael me olha com uma expressão de concordância e puxa a primeira pasta da pilha, passa seus olhos por ela e pega a próxima. Repete esse processo até que a pilha tenha se transformado em outra, ocupando o lugar ao lado de onde esteve a original.

Contrato de Prazer || MeddisonOnde histórias criam vida. Descubra agora