− O que aconteceu, Meredith?
− Eu já disse. Não consegui pagar o aluguel. -responde rápido demais, e eu balanço minha cabeça em negativa.
− Isso não é tudo, Meredith. Que eu me lembre, você não estava planejando se mudar na semana passada, e se o senhorio te desse uma ordem de despejo, você não sairia de lá tão rápido. Pra onde você planeja ir? -Ela engole em seco e seus olhos claros me dizem que ela não gosta nem um pouco de seu próximo destino.
− Passar uns dias na casa de uma prima, ela mora na zona leste. -O desgosto fica evidente em sua fala, antes de ela continuar: − É só essa semana, depois eu vou passar um tempo na casa da Amélia até eu ter pra onde ir. Não posso ir hoje, porque ela viajou hoje de manhã e eu não consegui falar com ela antes disso, como ela só chega no fim de semana, preciso esperar que ela volte.
− Não conseguiu falar com ela desde a semana passada? -pergunto, com naturalidade, disfarçando a verdadeira importância da resposta para essa pergunta.
− Não, desde ontem, depois que ela saiu lá de casa, o celular dela deve ter descarregado e, hoje, quando eu acordei, já não adiantaria, ela já está longe e falar com ela só a deixaria preocupada.
Suas palavras se juntam em minha cabeça, completando o quebra-cabeças. Mas que porra!
− Então você está dizendo que só ontem soube que precisaria sair da casa? - Ao perceber que me falou mais do que gostaria, Meredith fica pálida e pisca os olhos rapidamente; deixando claro que ela está, deliberadamente, escondendo informações de mim.
− Meredith, eu vou perguntar só mais uma vez, e, se você não me responder o que eu quero saber, eu vou procurar alguém que me responda, e você sabe que eu vou encontrar! -Começo a dizer com uma voz enganosamente calma, mas perco a postura no final e acabo silabando as últimas palavras: − Que por-ra a-con-te-ceu?
Ela esconde o rosto sob as mãos e puxa o ar com força para dentro dos pulmões. Alguns segundos depois, quando abaixa as mãos, seu rosto está molhado pelo rastro de algumas lágrimas, a imagem me aperta o peito, mas eu não me movo nem um centímetro, porque se eu fizer qualquer movimento, não saberei o que caralhos causou essa merda toda.
− Eu estava devendo três meses de aluguel... mas não foi por isso que fui expulsa... -Aguardo que ela continue a contar, mas não é o que acontece, assim, me vejo obrigado a perguntar:
− Você foi expulsa? -Balança a cabeça, confirmando.
− Por que, Meredith? -Olhos brilhantes e molhados por lágrimas não derramadas me encaram, ela lambe os lábios devagar e eu espero, mas ao invés de falar, Meredith balança a cabeça em negação, pedindo-me para não a obrigar a dizer, o que só me enlouquece ainda mais.
− Por-que Me-re-di-th? -Ela fecha os olhos e deixa que as palavras escapem, baixas, de sua boca, ainda com eles fechados.
− Os vizinhos disseram pro meu senhorio que eu estava recebendo... mulheres... em casa, e... e aí... ele... ele... me expulsou. Falaram... falaram que uma mulher foi lá, e..., e saiu com a blusa a-aberta, e que... que no dia seguinte, no dia seguinte, um carro caro foi lá..., me deixar compras... -Finalmente revela, entre gaguejos e pausas e eu a encaro atônita, sem saber ao certo se entendi direito.
− Disseram pro seu senhorio que você estava fazendo programas? -pergunto para confirmar minha interpretação, e só quando vejo todo o seu rosto perder a cor; que me dou conta de que foi uma péssima escolha de palavras e abordagem. Expiro com força e desvio meu olhar do dela, passo as mãos pelos cabelos, olho para as janelas, para o teto do carro, abaixo a cabeça e com os dedos indicador e polegar, aperto a ponte do meu nariz, puta que pariu! Mas que caralho! Quando volto a encarar Meredith, ela tem os olhos baixos e os ombros encolhidos, claramente envergonhada.
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Contrato de Prazer || Meddison
FanfictionMeredith Grey está falida. Na verdade, ela nasceu falida. Mas, agora, aos 22 anos, chegou a um ponto crítico. Desempregada há nove meses, seu aluguel está atrasado, sua geladeira está vazia, e se ela não conseguir uma forma de ganhar dinheiro logo...