Capítulo 24

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Achei muito estranho, corri me esconder no mato ao lado do galpão, o carro passou reto parou bruscamente derrapando, atrás veio outro em alta velocidade, estava muito escuro, pude ver que desceram uns quatro homens, começaram espancar alguém, deixaram um carro lá a pessoa caída no meio da estrada e foram embora.

Esperei um pouco e me aproximei morrendo de medo, reconheci o carro fiquei sem reação alguns instantes, era do Noah, olhei para os lados se tivesse alguém vindo eu ia ver de longe, corri até ele me ajoelhei, estava muito machucado inconsciente, a roupa lavada de sangue, o rosto todo deformado mau dava pra reconhecer ele.

Mexi chamei ele várias vezes, tentei sentir o pulso estava quase imperceptível, eu tremia muito nervosa, fechei os olhos respirei fundo, naquele momento eu soube que ele ia morrer ali nos meus braços, não era alguém próximo, não era alguém por quem eu tinha bons sentimentos, mais acho que nada daquilo importava tanto quanto aprendi, eu não podia ser indiferente e seguir com a minha vida, me aproximei mais, ainda sem entender muito bem oque estava fazendo, falei irônica passando a mão no tórax e cabeça dele, me recordando de rodas as vezes que conversamos

- A morte é simples Noah, a vida é mais complicada.

- Vou te tirar daqui e isso, o seu dinheiro não pode comprar, pena que você não está vendo.

Fiquei o tocando abraçada um tempinho, parei porque fiquei com medo dos efeitos colaterais, ele começou se mexer gemendo de dor, por alguns instantes muito rápido ele acordou, tentou se levantar apoiado em mim, só falei que era pra ele entrar no carro, foi muito difícil ele era enorme pesado e eu pequena, consegui por ele no banco de trás, ele apagou novamente.

Fui para perto do hospital mais com medo, tentei não ser vista, só deixei o carro no estacionamento, falei com um senhor como se eu estivesse passando por acaso, enquanto ele correu pedir ajuda espiei de longe e já fui embora, andei mais de duas horas madrugada a dentro, toda molhada suja de sangue, no começo me senti enjoada, com dor de cabeça, tontura, vomitei na estrada senti que ia desmaiar, foi muito difícil chegar em casa, cai no quintal me sentindo fraca e apaguei na lama.

Quando estava amanhecendo meu tio acordou preocupado, me encontrou desmaiada, despertei com ele falando comigo desesperado querendo saber oque tinha acontecido, ele sabia que com certeza alguém havia se ferido e não eu, entrei quase que carregada, fui tomar banho ainda muito mal, ele queria uma explicação, ir no hospital, perguntou quem eu tinha ajudado, menti muito bem, neguei bastante, falei que estava bebendo e que tinha usado drogas, porque não gostava mais da minha vida, de quem eu era, ele pareceu acreditar.

Ficou arrasado me prometeu que íamos nos mudar, pra um lugar melhor, recomeçar sem todo aquele histórico que eu tinha, mais eu precisava prometer que ia parar de ajudar aos outros, logo ele percebeu que eu devia ter usado meu dom, dormi cinco dias direto, só saia do quarto pra ir no banheiro e poucas vezes ainda, mal conseguia comer, por causa da chuva a friagem, peguei uma gripe muito forte, com febre altíssima, eu estava até delirando  febril, meu corpo se encheu de hematomas horríveis, como se eu tivesse tomado uma surra.

Por causa deles eu não quis ir no médico tomar medicação para a gripe, até para respirar estava difícil, foram dias horríveis, eu achei que ia morrer, nunca havia sentido tanta dor e mal estar na vida, também fiquei com medo do Noah se lembrar ou descobrir algo, eu nem sabia se ele estava vivo ainda, nessa hora senti falta de ter um celular.

Como fiquei muito mal meu tio começou achar que eu tinha mentido e que com certeza era alguém muito próximo, continuei escondendo a verdade.

Quando o Neto voltou de viagem, foi me visitar, eu estava deitada na sala em baixo do cobertor, ele perguntou se eu estava melhor, o Célio contou que eu tinha ficado gripada mais só isso, falei que ia ficar bem logo, ele se aproximou pra deitar em cima de mim no sofá, chamei atenção dele brava, porque doeu ele era pesado, se eu estivesse bem não ia ter reagido daquela forma, ele se assustou até pediu desculpas levantou rápido, pedi pra ele ir embora, ele se afastou chateado

- Porque? Eu só vim embora pra vir ficar com você, não vou chegar mais perto, já entendi que você não quer.

- Vamos la pra casa assistir?

Eu só estava assustada e com medo, ninguém podia ver as marcas, porque eu não teria como explicar, nem meu tio não tinha visto. Falei que precisava descansar, ele foi saindo triste

- Tá me tocando né! Vou embora, se você mudar de ideia sabe onde me encontrar.

- E é você que tá estragando a nossa amizade, não eu. Eu tô de saco cheio disso!

Fiquei muito triste mais não disse nada,  dois dias depois fui na casa dele no final do dia, o Célio estava lá, disse que o Neto tinha saído mais que já voltava, entrei pra esperar, fui no quarto dele liguei a televisão, peguei uma blusa dele de moletom vesti porque tinha saido de casa com uma fininha e estava esfriando, deitei no tapete, quando ele chegou falou só oi bem sério, fui me sentando

- Oi ! Desculpa por ter te tratado daquele jeito, é que você não entende, ninguém entende.

Ele estava mexendo no guarda roupa me ignorando, de costas

- Vou tomar banho.

Respondi chateada

- Posso ficar aqui ou você quer que eu vá embora?

Ele me olhou

- Tanto faz, você só faz oque quer quando quer e nunca se importa com oque eu quero.

Ele falou e já entrou no banheiro, era no quarto mesmo, voltei deitar pensando na gente, na minha vida, eu sempre me privei de tudo e aquilo só estava me deixando mal comigo mesma, eu era proibida de ajudar as pessoas, não devia amar ninguém por isso, mais ajudei alguém que eu nem gostava, a cada dia que se passava mais confusa e frustrada eu ficava, só queria uma vida normal, cometer erros normais e ter a minha família de verdade.
Ele saiu do banheiro já vestido, disse com ironia

- Decidiu ficar?!

Respondi no mesmo tom

- Eu só faço oque quero, esqueceu?! E você tem uma televisão ótima, então...

Ele deu um sorrisinho, falou que tinha um filme novo que eu ia gostar, fiquei sentada no tapete enquanto ele colocava, peguei o travesseiro e o edredom, arrumei pra gente apoiar a cabeça, ele deitou um pouco afastado, fui e deitei encostada, coloquei a cabeça em cima do peito dele, abracei mesmo fiquei muito perto como um casal, ele ficou quieto sem entender, mais logo correspondeu ao abraço, se ajeitou melhor, puxou minha perna mais pra perto, ficou fazendo carinho no meu braço e cabelo, o filme começou eu estava prestando atenção entretida, olhei pra ele e ele já estava me olhando, sorri sem jeito

- Oque foi? Não tá gostando do filme?

Ele respondeu me abraçando mais

- Prefiro ficar olhando você.

Senti vontade e me aproximei sutilmente para dar um beijo, ele ficou parado correspondeu, foi bem suave um selinho, ele sorriu deu mais um, eu quis continuar, começamos beijar de língua, ele estava me apertando um pouco, deslizando suas mãos pelo meu corpo todo, comecei sentir um calorão, uns arrepios, um pouco na inocência coloquei a mão em baixo da camiseta dele pra fazer carinho, eu nunca que ia descer mais pra baixo...

Paraíso Sombrio ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora