Tudo ficou um pouco estranho, quando chegamos na casa dele, dei um beijão, o abracei
-- Vou pra casa tomar banho, consegue me esperar acordado?
- Ou tá bêbado demais pra isso?
Ele disse que ia esperar, fui pra casa vi que tinha saído sangue fiquei com um misto de apavorada com arrependida, no banho sentindo a água cair eu só conseguia pensar em tudo oque fizemos, verifiquei se meu tio realmente não estava em casa, me troquei coloquei um absorvente até, quando eu ia sair o Neto chegou de banho tomado também, disse que tinha ido me buscar pra ter certeza que eu ia, sorri sem jeito
- Ficou com medo de eu fugir?
Ele respondeu sem jeito bem próximo
- Eu acho que não fui legal com você. Tá tudo bem?
Falei que sim, fui saindo, ele respondeu
- Eu te machuquei né? Desculpa, eu sinto muito por isso.
Super constrangida balancei a cabeça que não, fomos pra casa dele, deitamos abraçados, eu fui beijar, senti que ele estava diferente tenso, falei que era melhor dar um tempo daquilo, mais que eu tinha gostado, ele perguntou se estava doendo, falei que sim um pouco, ele disse " desculpa " de novo, falei que era normal aquilo, ficamos nos olhando em silêncio, até pegarmos no sono.
Acordei no susto com o Célio chamando por ele na porta, levantamos juntos eu sai pelos fundos achando que ninguém ia ver, mais o Célio viu pela janela, não muito tempo depois o Neto foi pra minha casa, disse que levou um super sermão do pai, porque estávamos dormindo juntos, perguntei se ele tinha falado, ele respondeu cabisbaixo
- Não, ele tá muito bravo comigo.
- Acho que seu tio disse alguma coisa, vou pra casa da minha avó hoje, não quero ficar longe de você.
Falei que também não queria, ficamos um pouco juntos, só trocando carinho, logo o Célio ligou para apressar ele, nos despedimos com muitos beijos, falei brincando que seria bom, dar um tempo, pra eu me recuperar, ele falou chateado que não ia mais fazer aquilo, respondi abraçada
- Eu quero tentar de novo, você não?
- Eu não sou tão boa né, é isso?
Ele disse que eu era ótima, que também queria de novo, mais que precisava ser diferente, especial, em um lugar adequado, falei que oportunidades não iriam faltar, ele respondeu sério
- Posso te pedir uma coisa? Já que estamos juntos, namorando.
Falei que sim, ele pediu pra eu me cuidar, ficar longe de problemas e especialmente longe do Noah, falei surpresa
- Como assim? Eu já te falei ontem, nunca aconteceu nada, porque você tá falando isso?
- Não confia em mim?
Ele disse que confiava em mim, não nos outros e que não gostava da forma que o Noah me olhava, falei que não tinha nem porque me aproximar dele, enrolei e não prometi nada, ele foi embora, fiquei o resto do dia pensando no meu tio preocupada, já era de noite e nada dele chegar, impaciente sem notícias comecei pensar coisas ruins, me troquei pra sair, fui procurar pelo Célio pra usar o celular dele, ele não estava em casa, decidi ir na cidade atrás do Noah, perguntei pra várias pessoas se alguém tinha visto ele, consegui ligar pra ele do celular de uma colega, falei que estava lá, ele disse com irônia que não vivia pra me servir, respondi séria
- Eu nem sei porque ainda tento sabe?
- Eu preciso de ajuda, mais é lógico que com você não vou conseguir nada.
- Manda um recado pra sua irmã, fala que eu não quero nada, seja lá oque for que ela mandou, se ela não pode vir trazer pessoalmente, eu não quero.
Desliguei na cara dele fui embora revoltada com a vida, quase não dormi a noite toda, meu tio chegou cedo, não falou comigo, quando tentei conversar brigamos de novo, ele não quis falar pra onde tinha ido ou oque foi fazer, disse que ela não me queria, que era pra eu sossegar ser grata por tudo oque tinha, não aguentei e fui muito mal educada, falei que ele estava mentindo, como fez a vida toda, ameacei fugir, me matar, até denunciar ele, perdi a cabeça tive um surto que nunca havia tido antes.
Ele se alterou muito, começou passar mal, pois tinha problema de pressão alta, fiquei sem reação olhando chorando, demorei pra me aproximar, quando fui chegar perto ele me empurrou, não me deixou tocar, pediu água e os remédios, corri pegar dei na mão dele, levei outro empurrão pra me afastar, cai sentada chorando, implorei pra ele me contar a verdade, ele só disse que preferia morrer do que me causar qualquer mal ou dor, fiquei sentada bastante tempo no chão olhando ele no sofá, fui falar para o Célio que ele não ia trabalhar, ele foi lá em casa oferecer ajuda, queria ir no hospital mais meu tio não quis.
Fiquei vigiando ele todo o tempo, fiz comida e não o incomodei mais, eu tive tanto medo de o perder, nunca tinha sentido aquilo antes, aquela impotência e insegurança, muito arrependida me sentindo culpada, decidi deixar tudo quieto, talvez ele estivesse dizendo a verdade e mais ninguém no mundo além dele se preocupava comigo, minha família eu nunca nem havia visto.
Ele começou dormir trancado, não deixou mais eu me aproximar de jeito nenhum, parou de falar comigo e aquilo estava me matando por dentro, ele quase nunca brigava ou chamava a minha atenção, fiquei muito triste fazendo de tudo pra não deixar ele pior, alguns dias depois ele perguntou oque eu queria fazer no meu aniversário, foi a primeira vez que ele falou comigo sobre algo que não fosse muito necessário, depois de tudo oque aconteceu, eu nem estava mais lembrando do aniversário, falei que não queria nada, que não tinha importância, ele perguntou se eu queria algo de presente, um celular, roupa, sapato, qualquer coisa que pessoas da minha idade gostavam, o olhei sentida
- Não quero nada, não precisa se preocupar com isso.
Ele disse que eu podia sair comemorar, com meus amigos, aproveitei a oportunidade
- Eu só tenho o Neto. Mais acho que ele não vai mais voltar, o senhor falou alguma coisa para o Célio? Sobre nós dois?
Ele ficou me encarando por cima do óculos
- Eu não sou bobo Rebeca, e você precisa aprender um pouco mais a ter malícia na vida.
- Ele é um bom rapaz, mais é jovem e tem um mundo de oportunidades, que você não tem.
- No momento precisamos ficar aqui, eu odiaria se ele te fizesse algo de ruim, porque teríamos que ir embora. Entende?
Falei que era claro que eu entendia, que não acontecia nada, só amizade.
Eu ficava em casa o dia todo, não voltei mais trabalhar, na sexta feira quando acordei tinha um embrulho ao lado da cama, abri sem muitas expectativas, era um celular, fiquei mais tempo olhando pra ele pensando, do que mexendo, quando fui pra cozinha vi que tinham coisas diferentes pra tomar de café da manhã, coxinha, um pedaço de pudim, danone e refrigerante, fiquei olhando pra tudo admirando, só comi a coxinha, eu nem tinha o hábito de comer cedo, saí pra fora fui falar com meu tio para agradecer, dei um abraço, ele disse que estava sujo me afastando, tinha mais gente perto, começaram me parabenizar, falei que eu nem sabia se era o dia ou se era no próximo, ele disse que era no dia seguinte, perguntou se eu tinha gostado, falei que sim, ele falou que era pra eu ligar pra alguém, qualquer pessoa que eu quisesse conversar.
Eu pensei na minha mãe, mais lembrei as coisas que ele disse e desisti, fiquei enrolando pelo barracão conversando, na hora do almoço fui fazer comida, quando ele chegou perguntou se eu tinha falado com alguém, respondi me fazendo de desinteressada
- Não, eu não tenho nenhum número, só o seu! Posso te fazer uma pergunta?
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Paraíso Sombrio ( CONCLUÍDO )
RomansaTrilogia Paraíso: 1° Paraíso sombrio 2° Paraíso perdido 3° Paraíso oculto Rebeca é delicada, sincera e humilde, uma menina pobre que gosta de aventuras, meio moleca é esforçada, destemida e cativante, sem muitas expectativas, vive feliz com o pouco...