Capítulo 40

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Falei surpresa com a hostilidade

- Você vai prejudicar somente a você mesmo fazendo isso.

Ele respondeu me encarando

- Talvez eu mereça. Vamos pra casa um pouco, você precisa dormir e comer.

Balancei a cabeça que não, fui sentar sozinha, logo o Célio chegou brigando o Neto, o médico se aproximou dele chamou pra conversar a sós, logo o Célio voltou, disse que meu tio tinha tido uma melhora, insistiram pra eu ir embora um pouco descansar, aceitei mais com segundas intenções, eu sabia que o pior podia acontecer e quis me preparar, falei para o Neto

- Vamos comigo?

Ele se aproximou, me despedi da Tassiane e do Felipe, preocupado ele falou que os dois podiam ir ficar comigo, ela falou

- Ela tá com o Neto, se precisar chama a gente, vamos pra casa descansar um pouco também.

- Depois a gente volta!

Agradeci os dois, fui pra casa sem conversar com o Neto, quando chegamos ele deixou o carro no meu portão, perguntou se podia entrar, falei que ia tomar banho e depois ir dormir com ele, muito surpreso ele falou que ia me esperar, querendo entrar comigo, falei que queria ficar sozinha um pouco, abracei ele, fiz tudo de caso pensado, ele foi pra casa dele e eu pra minha.

Comecei revirar tudo procurando documentos, qualquer coisa que fosse me ajudar a encontrar minha mãe, eu não estava achando nada demais, comecei andar pela casa pensando, deitei na cama do meu tio depois de arrumar ela, fiquei olhando para o teto, vi a pontinha de uma pasta azul saindo do forro que estava quebrado, entrei no forro pelo telhado, peguei a pasta, lá tinha minha certidão de nascimento com o nome do meu tio como pai e só, algumas fotos minha bebê, com uma senhora, uma moça negra jovem na época, e fotos rasgadas eu notei que era minha mãe, peguei tudo e coloquei em uma mochila, também coloquei umas trocas de roupas junto e todo o dinheiro que eu tinha guardado, fui esconder no ferro velho, ninguém estava trabalhando por lá e nem na reciclagem, voltei pra casa correndo tomei banho, quando sai do quarto já vestida, o Neto estava na sala, falei apreensiva

- Oque foi? Alguém ligou?

Ele respondeu sem jeito

- Você demorou eu vim te buscar.

- Onde tá seu celular? Você precisa carregar ele.

Estava descarregado jogado no quarto, fui procurar o carregador do meu tio e achei o celular dele, como o Neto estava por perto, desliguei e guardei na minha bolsa o celular, falei pra ele que era melhor ficar por lá mesmo, ele perguntou se eu queria conversar, balancei a cabeça que não, fui até ele peguei pela mão e levei para o quarto, deitamos e ficamos nos olhando em silêncio de mãos dadas, até que eu cochilei, tive um pesadelo horrível em que eu via meu tio enforcado, acordei chorando assustada, o Neto me abraçou, tentou me acalmar, não consegui dormir mais.

Esperei um tempo e chamei ele pra voltar ao hospital, continuei quieta todo o tempo, estávamos com o pessoal da reciclagem, todos falaram que eu podia ir ficar na casa deles, ficavam tentando me ajudar como dava, eu dizia que preferia ficar com o Neto, ele estava realmente acreditando que eu de alguma forma ia perdoar tudo oque aconteceu, logo que chegamos o Célio saiu de perto, quando voltou eu já sabia oque tinha acontecido, ele mal conseguia me olhar, me deu a notícia de que o meu tio não tinha aguentado, desabei chorando tudo oque estava segurando desde o começo.

O Célio disse que íamos dar um jeito, que meu tio sempre pensou em tudo e que eu não ia ficar desamparada, ele deu a entender que ia conversar comigo depois e que meu futuro estava garantido, fiquei pensando que talvez ele soubesse de toda a verdade, ou pelo menos parte dela, fomos pra minha casa, ajudaram eu pegar as coisas pro velório, quem cuidou de tudo foi o Célio.

Eu só fiquei por horas sentada quieta, o corpo só ia pra lá de manhã, vendo que eu estava rodeada de gente, no final do dia falei que queria ficar com o Neto apenas, porque eu não estava bem e ninguém ia poder me dar mais conforto que ele, todo o tempo tentei parecer calma e fui concordando com oque eles falavam, que eu ia ficar na casa de um, do outro, a noite tomei banho estava sozinha em casa, pensei em tudo, mais os planos mudaram quando fui novamente fuçar no quarto e encontrei dois endereços, outro dia eu tinha visto que a passagem de ônibus do meu tio foi pra aquela cidade, quando ele sumiu por dias.

Eu tive certeza que ia encontrar minha mãe ou meu pai, outra coisa que eu sabia era que mentiam pra mim, disso eu não tinha dúvidas, peguei mais algumas coisas pra dormir fora, escondi os papéis junto com o celular do meu tio que deixei desligado.

Fui pra casa do Célio, ele estava discutindo com o Neto, falando que eu era um problema, disse que as coisas não funcionavam daquela forma, que ele era só um muleque bobo, sem responsabilidade alguma, falou claramente que eu não podia ficar lá, disse que ia esperar a poeira baixar apenas, para resolver a minha situação, também falou da prova que o Neto perdeu como se a culpa de tudo fosse minha, eu fiquei surpresa muito decepcionada, sempre tive muito carinho pelo Célio, voltei pra casa dei um tempo e fui lá de novo.

O Neto estava na sala e o Célio na cozinha, falei que estava com fome, o jantar estava pronto, comi um pouco, depois perguntei ao Neto se a gente podia ver umas fotos, ele falou triste

- Vou pegar a caixa. Eu revelei suas fotos, do seu aniversário pra te dar.

Falei que queria ver também, fomos para o quarto dele, peguei algumas pra mim, fotos nossas desde criança, fotos do meu tio, deixei tudo separado, ele falou com um tom nostálgico que sentia falta de como nós éramos antes, eu estava chorando

- Eu não sei nada da vida, mais até hoje você foi a minha maior certeza.

- Obrigada por ter sido meu amigo, quando ninguém mais quis ser.

- Nunca vou esquecer da gente, de tudo oque vivemos!

Ele me abraçou pediu desculpas por tudo oque me falou na nossa briga, disse que não podia suportar imaginar uma vida sem mim, que aqueles dias brigados foram os piores da vida dele, desde que perdeu a mãe e ele faria de tudo por mim, fiquei quieta chorando, ele falou

- É sério, eu vou cuidar de você, podemos trabalhar e ir morar sozinhos.

- Nada vai separar a gente, não posso te perder!

Fiquei abraçada não disse nada, já estava tarde, ele me chamou pra deitar, fechou a porta apagou a luz, fui no banheiro me trocar pra deitar, peguei uma camiseta dele, fiquei me olhando no espelho pensando, quando sai ele já estava deitado, fui pra cama subi em cima dele, dei um beijo, falei levando as mãos dele em baixo da camiseta pra me tocar, eu já estava sem nada por baixo

- Não quero nunca esquecer da gente. Me perdoa por tudo!

Ele ficou surpreso, respondeu tirando as mãos

- Eu sempre vou te perdoar, porque eu te amo.

- Sei que você tá confusa agora, é melhor a gente não fazer nada.

- Vamos com calma dessa vez, tenho todo o tempo do mundo pra você.

- Vamos ter que casar.

Tirei a camiseta ficando nua, envergonhada deitei e o beijei, ele foi tentando resistir, mais era difícil estando tão perto, percebi que ele estava com medo se segurando, não fiz nada além de beijar, ele perguntou se eu queria mesmo continuar, olhei pra ele ofegante sem fôlego de tanto beijar, eu estava querendo chorar confusa, ele me colocou deitada de costas, me abraçou muito forte, falou chateado enquanto eu chorava de soluçar

- Eu estou aqui, tudo bem. Vou cuidar de você!

Chorei muito, eu não estava conseguindo administrar meus sentimentos, lidar com a perda, quando me acalmei um pouco, ele me vestiu, colocou meias nos meus pés e voltou deitar abraçado bem perto, cochilei um pouco, tive um pesadelo com meu tio, acordei assustada, decidi seguir com o meu plano...

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