Capítulo 39

119 31 3
                                    

Ele disse que sim, querendo se aproximar de mim, mais com medo do trem que estava cada vez mais próximo buzinando por estar vendo nós dois muito perto da linha, ele falou apreensivo

- Volta pra cá, isso não tem graça, eu sei que você não tem medo de nada, não precisa me provar isso. Rebeca!!

Respondi rindo me aproximando dele

- Então tchau, já que você vai embora. Não quero te provar nada, não seja bobo, eu realmente não me importo com a sua opinião Noah!

Ele estava preocupado com o trem, foi andando pra longe achando que eu ia junto, no último minuto pulei os trilhos, ele e o maquinista tomaram um susto, fiquei olhando o trem passando alguns instantes, deu pra ver ele me procurando pelas frestas dos vagões, fui embora, só pulei pra deixar ele longe, mesmo de carro ia demorar pra ele conseguir passar pra ir atrás de mim, quando eu estava chegando em casa passou por mim o pessoal que a gente saia, a menina disse que tinham ido chamar o Neto, mais ele não quis, me convidou pra ir a uma festa com eles e já era tarde, eu fui.

Chegando lá todos estavam muito loucos bebendo curtindo, fiquei de canto como sempre só observando, era melhor que ficar em casa sozinha lamentando a minha vida, só fui embora quando estava amanhecendo, cheguei em casa cedo, quando abri a porta da sala fui surpreendida, o Neto estava lá sentado no sofá, se levantou falou que meu tio tinha passado mal e que estava no hospital, perguntei oque aconteceu, ele disse que ia me levar lá.

Tomei banho rápido troquei de roupa, não chorei fiquei sem reação com muito medo, só ouvi ele dizendo que não sabia, que cedo foram ver porque meu tio não tinha levantado ainda e acharam ele caído em casa, fiquei completamente muda o tempo todo, chegando no hospital meu desespero era pra ver ele, eu ia ajudar logicamente e tudo ia ficar bem, eu só não imaginava que o estado ia ser grave, ninguém podia entrar pra ver ele, o Célio estava junto me dando suporte, falei ao médico que eu só precisava ver ele, um pouco, que podia ser a última vez que eu ia ver ele com vida, novamente ele começou explicar que não era possível, quando ouvi aquilo meu mundo caiu.

Encostei na parede me sentindo mau, o Neto se aproximou tentando me segurar, tirei as mãos dele, minha vista foi escurecendo fiquei pálida gelada, ele me segurou, falando que meu tio ia ficar bem, me levaram sentar, fiquei muda por horas, quando me ofereciam água, comida eu só balançava a cabeça que não, o Neto ficou sentado do meu lado quieto todo o tempo, depois chegou uma moça que trabalhava com a gente na reciclagem, ela ficou do meu lado me abraçou, no final do dia começaram falar que eu devia ir pra casa, descansar.

O estado dele era crítico mais estável, eu estava acabada tinha amanhecido acordada, falei que não ia sair de lá, então pediram pra eu tentar comer, pelo menos um pouco, tentei mais não consegui nem dar duas mordidas no salgado, o Neto me chamou pra sair andar um pouco, no lado de fora do hospital, falei que ia sozinha, ele disse que não era hora, pra eu me comportar daquele jeito, fui levantando

- Não preciso da sua piedade, não somos mais amigos, nada que aconteça vai mudar isso. Nada!

O Célio ficou olhando assustado, fui andar um pouco morrendo por dentro de arrependimento, meu tio ficou a noite toda desmaiado sozinho, se eu tivesse chego antes nada daquilo estaria acontecendo, sentei no chão em um cantinho, fiquei uns quarenta minutos lá, quando voltei estavam lá além dos três, a Tassiane e o Felipe, ela foi me abraçar falando palavras de apoio, ele também me abraçou, eu quase não falei nada, ela disse que tinha ido me levar pra casa, falei quase chorando

- Não, eu vou ficar aqui, não vou embora.

Ela segurou minha mão afetuosa

- Então vou ficar com você. Tenho certeza que logo logo seu tio vai melhorar, você precisa ser forte, dormir vai ser difícil, mais você tem que comer, vamos na cantina comigo, a gente toma um suco, um café. Por favor?!

O Felipe falou pegando em mim passando a mão nas minhas costas

- Vamos lá, como você vai cuidar da recuperação do seu tio, se ficar doente também?

Balancei a cabeça que sim, fiquei no meio dos dois, o Neto estava olhando muito sério, fui tomar o suco quase vomitei, estava até doendo tentar beber algo, ela perguntou onde eu estava na noite anterior, comecei chorar

- Por aí, eu devia ter ficado em casa.

Ela respondeu sem jeito

- Com quem você estava? O Neto disse que você passou a noite toda fora, eu só tô preocupada com você.

Fiquei quieta, o Felipe falou segurando na minha mão

- Não importa, fora isso que aconteceu, você tá bem?

Balancei a cabeça que sim, ela me puxou pra perto, encostei a cabeça no ombro dela ficamos abraçadas e ele segurando minha mão, quando voltamos pra junto dos outros eu notei que o Neto estava diferente, o Célio disse que ia pra casa mais que qualquer coisa era pra gente ligar, achei os dois estranhos, ele chamou pelo Neto, que retrucou

- Não vou pai.

Ele começou falar que não ia adiantar ele ficar lá, pediu pra ele deixar de ser teimoso, que ia demorar meses pra ele ter outra oportunidade daquelas, o Felipe falou pra mim

- A prova! É amanhã.

Ele tinha uma prova muito importante que eu nem estava sabendo na verdade, brigando com o Célio o Neto foi embora, não nos falamos em momento algum, a Tassiane e o Felipe passaram a noite toda comigo no hospital, a moça da reciclagem também ficou, eu nem consegui cochilar, estava a duas noites sem dormir, de manhã bem cedo o Neto voltou sozinho, levou coxinha e refrigerante pra mim, me entregou sem falar nada, o Felipe levantou foi conversar com ele afastado, disse que ia tentar convencer ele a fazer a prova, a Tassiane falou pra mim

- Beca ele não ouve ninguém além de você, sei que vocês estão brigados, mais é o futuro dele, é muito importante.

- Ele tá aqui porque se importa com você, as vezes magoamos as pessoas falamos e fazemos bobagens, mais é nos momentos difíceis que a gente vê quem realmente se importa.

Fiquei quieta a minha vontade era de que ele se desse mal mesmo, quando o Felipe voltou pra perto, levantei fui até o Neto, falei que era pra ele ir fazer a prova logo, ele balançou a cabeça que não, comecei falar que era importante, pedi pra ele ir pelo pai dele, pelo futuro, falei que não faria diferença ele lá ou não, pedi pra ele ir por nós, porque eu ia ficar me sentido mau se ele não fosse por minha causa, ele respondeu irônico

- Não somos mais amigos e nada vai mudar isso. Foi oque você disse!

Paraíso Sombrio ( CONCLUÍDO )Onde histórias criam vida. Descubra agora