ATENÇÃO: este capítulo fala sobre saúde mental, o que pode ser um tema sensível para algumas pessoas.
Obs: Eu escutei muitas vezes "Taylor Swift - exile (folklore: the long pond studio sessions | Disney+) ft. Bon Iver" enquanto escrevia esse capítulo. Fica a dica, para quem quiser entrar no clima.
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Caleb Hunter
- Valeu, cara. - respondi no telefone, sentado em minha cadeira e observando, pela grande janela em minha sala, as nuvens vagarosamente dançarem no céu. - Eu realmente agradeço. Fico te devendo uma.
- Que isso, Hunter. 'Tá tudo certo, cara. Eu te devo muito mais do que ensinar primeiros socorros para a sua esposa. - houve uma pequena pausa - E, cara, não é da minha conta e isso nem é uma pergunta, mas acho que preciso mencionar que você é bem melhor em PS do que eu.
Sabia ao que meu velho amigo se referia e sequer poderia culpá-lo pela curiosidade pouco disfarçada. Afinal, não havia um motivo óbvio para que eu mesmo não ensinasse minha esposa.
Cocei a nuca, pensando se valia a pena dizer meias-verdades ou mentiras compreensíveis. Depois de um momento, optei pela última opção:
- Eu me distraio. E distração não é algo que você quer quando se está ensinando massagem cardíaca.
- Te entendo, cara. - Tucker respondeu imediatamente - Tudo certo. Vejo vocês na academia na quinta então.
- Valeu, cara. Até quinta.
Virei a cadeira giratória para longe da janela e de volta para minha mesa. Precisava voltar a revisar as listas de planos de saúde e as opções disponíveis que estávamos analisando para contratação. Era um trabalho enfadonho, mas necessário.
Foram os anos de treinamento pesado que me impediram de reagir fisicamente com o susto que levei ao encontrar meu melhor amigo sentado na cadeira do outro lado de minha mesa.
Engoli em seco e, devagar, coloquei meu celular sobre a mesa.
- Que porra é essa, Chase! - falei, gelado - Já te falei várias vezes para não se esgueirar para perto de mim. Qualquer dia desses vou acabar te dando um tiro por engano.
Nem um pouco preocupado com a minha ameaça, Chase repuxou os lábios em um preguiçoso sorriso de canto de boca.
- Você pode tentar. - encolheu os ombros, parecendo ainda mais despreocupado.
Era nessas horas que eu me dava conta exatamente de quem Dylan Chase era. As pessoas normalmente não olhavam para além de sua aparência ou sua personalidade carismática, e esse era o erro. Chase parecia inofensivo, especialmente quando comparado à personalidade hostil de Duke, mas as pessoas não percebiam que ele personificava aquele ditado "as aparências enganam".
O cara sempre foi um camaleão, adaptando-se ao ambiente em que estava, dissecando cada situação até saber exatamente como agir, até saber os pontos fracos, as vantagens... E o mais perigoso era que ele absorvia tudo enquanto a outra pessoa não tinha a menor ideia do que estava acontecendo. Quando finalmente percebiam... já era tarde demais.
E, além disso tudo, ele era mais silencioso que um fantasma.
Infeliz.
- O que você estava fazendo? - levantou o queixo, o olhar sobre o telefone que eu tinha colocado sobre a mesa.
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Haunted Eyes
RomanceSavannah Hunter tinha dois dilemas em sua nova vida. O primeiro era como ela se adaptaria ao país em que sempre sonhou morar, e o segundo envolvia o marido que nunca pensou em ter, mas que se mostrara ser sua salvação - além de cada pedaço de perfei...