Haunted Eyes

Capítulo Treze

Savannah Hunter

Minha vida na Arábia nunca foi fácil. Mamãe e eu estávamos sempre fugindo, sempre nos esgueirando, sempre nos escondendo. Podia dizer sem exagero algum, então, que havia conhecido pessoas muito perigosas. Dito isso, nada foi tão intimidante como estar sentada do outro lado de uma mesa sendo encarada atentamente pelos olhos verdes de Dahra Lisbon.

— Então... — Finalmente quebrou o silêncio proposital que ela tinha instalado. — Duke me disse que vocês estão tendo alguns problemas.

— Um ano atrás, Savannah e eu nos casamos na embaixada americana na Arábia Saudita. — Caleb não se preocupou com meias-palavras. — Infelizmente, há cerca de três semanas, recebemos uma visita de agentes do Departamento de Imigração em casa. Eles parecem estar desconfiados de que há alguma coisa errada com nosso casamento.

Ela assentiu devagar.

— Eu analisei os documentos que vocês me enviaram. Então, corrija-me se tiver algum fato errado, mas vocês se casaram poucos dias depois de você, senhor Hunter, chegar à Arábia. — Vez ou outra abaixava o olhar para os papéis que estavam na sua frente. — E a data do casamento coincide com a do pedido de reconhecimento de direito à nacionalidade americana feito em nome da senhora Hunter, alegando a paternidade americana. Hmm...

De repente ela colocou a mão sob o queixo e desviou o olhar do nosso, encarando o vazio.

— Dra. Lisbon? — chamei depois de alguns momentos.

— É Barnes agora, na verdade. Acho meio retrógrado, mas meu marido é bastante antiquado nesse quesito. — Revirou os olhos. — Então eu fiz uma concessão aqui, ele fez uma concessão acolá e nós resolvemos a questão. Mas isso não tem importância no momento... — Balançou a cabeça. — Como estava dizendo, após o requerimento, vocês reiteraram oportunamente o pedido, dessa vez no Departamento de Imigração. A parte legal parece estar nos conformes. Porém, tenho algumas perguntas. E a primeira delas é como exatamente vocês conseguiram se casar na embaixada sendo que a senhora Hunter ainda não sustenta a qualidade de cidadã americana?

Meu olhar imediatamente se desviou dela para encontrar o de meu marido.

— Eu conheço algumas pessoas.

Dra. Barnes claramente esperava uma explicação mais elaborada, mas depois de alguns segundos percebeu que só teria aquela.

— Entendo — assentiu. — E esses seus... conhecidos conseguiram justificar o casamento em uma boa brecha legal. — Levantou algumas folhas e pareceu checar alguns dados. — É válido. Porém, entendo a suspeita do governo. Principalmente porque logo depois do registro do casamento na embaixada, foi enviado o requerimento sobre a nacionalidade. E agora vem minha próxima pergunta... vocês conseguiram o visto para que a senhora Hunter entrasse no país com qual justificativa? Sob o pretexto do casamento, correto? Entendo que essa tenha sido a melhor opção. De fato, é a maneira mais rápida, porém vocês conseguiram receber essa autorização em uma velocidade impressionante. Como isso se deu?

— Eu conheço algumas pessoas. — De novo Caleb colocou o tom final em suas palavras.

Ela apertou os lábios em desagrado.

— E quanto ao processo de reconhecimento de paternidade para o direito à cidadania? Vejo que parece bastante adiantado, apesar de vocês terem feito o pedido há menos de um ano.

Meu marido lhe lançou um olhar significativo. Dra. Barnes revirou os olhos e se recostou na cadeira.

— Deixe-me adivinhar: você conhece pessoas — murmurou, um tanto quanto condescendente.