Haunted Eyes

Capítulo Dezessete

Savannah Hunter

- Olha, eu não tenho nada contra mania de limpeza, especialmente quando isso me beneficia, mas, Savy, faz quase dez minutos que você está esfregando a mesma parte do balcão.

- O quê? - virei para minha chefe.

- Eu disse que voc- Ah! Deixa para lá. - Avalon revirou os bonitos olhos azuis - Você vai continuar com essa cara de banana de qualquer jeito.

- Cara de banana?

- É. Essa cara. - balançou a mão espalmada na frente do meu rosto para indicá-lo - Essa cara de banana, de apaixonada. - encolheu os ombros.

- O quê?

Ava apertou os lábios em impaciência.

- Eu não sou especialistas, mas as pessoas apaixonadas se tornam idiotas. E digo isso levando em consideração os dados empíricos aqui apresentados. - deu de ombros - Ou seja, a sua cara de paspalha - levantou a mão, contando cada um dos pontos nos dedos -, a cara de bobona de Rave sempre que recebe uma mensagem de Leo e a própria cara de lerdo de Leo quando olha para Rave e acha que ninguém está observando.

- O quê!

- Ah, sim! E além de ter cara de boboca, ainda se tornam mais lerdos. - Ava falando bem devagar, encostou o cotovelo no balcão, mantendo-se paralela a ele - Ou seja: apaixonados! - deu de ombros de novo - Faz um bom tempo que você está esfregando o mesmo ponto.

- Eu... oh. - franzi o cenho, encarando o pano em minha mão e depois para minha chefe.

Ava arqueou a sobrancelha, esperando que eu continuasse, mas eu estava sem palavras.

Será que realmente dava para notar tão fácil assim?

Será que Caleb conseguia perceber?

Podia sentir meu coração acelerar com a mesma velocidade que a cor deixava meu rosto.

- Hey, hey! - Ava abanou a mão em frente ao meu rosto - Por que você ficou branca desse jeito? Bruce! Traz um café forte.

- Não. Eu... não... Eu estou bem. Estou bem. - sacudi a cabeça, passando a mão pelo rosto. - Não precisa de café. Quer dizer, preciso de café sim. - assenti repetidamente. - E talvez precise sentar. Isso. Sentar.

Tateei ao redor em busca do banco que deixávamos do lado de dentro do balcão. Quase no mesmo minuto em que sentei, Bruce - meio estabanado, meio apressado - passou pelas portas de vai-e-vem que davam para cozinha segurando uma caneca.

- Aqui. - empurrou o copo em minhas mãos.

Felizmente o café não estava escaldante, caso contrário teria me queimado ao tomar dois goles de uma vez, agindo como se estivesse bebendo água ao invés. Ainda estava concentrada em reestabelecer minha respiração quando Bruce resolveu murmurar de maneira bem audível para nossa chefe:

- Por que Savy está assim? Você acha que ela está grávida?

- O quê!

Meu gritinho ecoou por toda Appleby's de maneira tão estridente que Ava precisou lançar, por cima do ombro, um sorriso em tom de desculpas para os poucos clientes que estavam tomando café da manhã tardio e que levantaram a cabeça para nos encarar.

- Bruce! - ela recriminou baixinho - Isso não é coisa que se pergunte desse jeito. E ela não está. - voltou a olhar para mim - Está?

- Não!

- Tudo bem, tudo bem. - levantou as mãos espalmadas para cima em sinal de rendição - Ok. Não perguntei por mal. Eu gosto de crianças. É só que você fez uma careta quando Bruce perguntou... bom, aí fiquei em dúvida.