Capítulo Quatro

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Caleb Hunter

— Você tem que ver a sala do Duke!

Levantei a cabeça do currículo que analisava, deparando-me com Chase parado na porta da minha sala. O divertimento pingando em suas palavras e aquele olhar que ele sustentava — o mesmo que ele sempre trazia ao conseguir que alguém fizesse exatamente o que ele tinha planejado — me disseram que Knight estava ferrado.

Empurrei a cadeira para trás, levantando devagar. Aquilo devia ser interessante.

Em silêncio, o segui até o final do corredor. O que encontrei fez a interrupção valer muito a pena. Parado em cima de um tapete preto enorme, meu melhor amigo, de costas para nós, encarava o sofá azul piscina de tonalidade mais chamativa que já tinha visto na vida. Ao perceber que estávamos ali, mesmo não tendo feito nenhum barulho, Duke se virou, absolutamente furioso.

— HUNTER! Que porra é essa? — abriu o braço, indicando o sofá atrás de si. — Que merda esse decorador achou que estava decorando? Um salão de beleza?

— Hey, cara, calma aí — confuso, franzi o cenho. — Eu dei instruções bem específicas. Na minha sala está tudo certo. Não sei o que aconteceu aqui. Chase?

— A minha sala está ótima.

Ele estava visivelmente tentando não rir, e é claro que Knight percebeu.

— Seu merdinha.

Ele avançou em direção ao bobo alegre, e Chase — e seu instinto suicida — pensou que seria uma boa ideia soltar uma gargalhada. Antes que conseguisse alcançá-lo, contudo, o babaca, ligeiro como sempre, conseguiu pular para o lado, erguendo as mãos espalmadas.

— Hey, hey. A culpa é da sua mulher.

Ele ainda ria, mas a menção à Ravenna o fez parar imediatamente. Felizmente Dylan pareceu recobrar o pouco de juízo que ainda tinha e continuou, ainda que entre uma risada e outra:

— Ela me ligou e disse que faria uma surpresa. Mas eu não sabia que ela iria fazer... bom... isso — olhou para o elefante branco, ou melhor, azul, na sala. — Rave só falou que não precisaria mais do decorador para sua sala, e eu repassei a informação.

Cruzando os braços, balancei a cabeça enquanto assistia a tudo aquilo. Era óbvio que Chase tinha uma ideia muito precisa do que Reid iria aprontar. Ele sempre conseguia pensar dois passos adiante de qualquer pessoa. Tão grande quanto sua esperteza, contudo, era seu prazer em irritar Duke, então estava bem claro o porquê de, ao invés de piscar os olhos azuis para convencer a loira de que aquela era uma péssima ideia e poupar toda o problema, estarmos agora discutindo o valor das cores neutras.

— Você é um filho da mãe — rangeu os dentes, ainda decidindo se devia abandonar a ideia de quebrar a cara de Chase.

— Ah, Duke. Não seja mau perdedor — repuxou os lábios em um sorriso enorme. — Afinal, tenho certeza de que nossos clientes vão adorar ouvir a história sobre o porquê de você ter uma peça tão... excêntrica — subiu e desceu as sobrancelhas repetidas vezes de maneira sugestiva.

Idiota.

Qualquer dia desses eu iria deixar que Chase perdesse alguns de seus dentes perfeitos, mas não seria hoje. Quando Duke avançou como uma pantera dando o bote, dei um passo para esquerda e usei o antebraço em seu peito para pará-lo.

— Acredite, Duke, sei que ele merece, mas acho que esse tempo seria melhor utilizado se fossemos tomar café naquela cafeteria da esquina. Eu realmente estou com fome — acrescentei depois de alguns segundos de silêncio, onde Knight continuou encarando o bobão sem amor à vida.

Haunted EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora