Capítulo Doze

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Caleb Hunter

— Essa não é uma boa ideia. — Podia ouvir minha esposa atrás de mim, ainda que soubesse que ela sussurrava para si mesma.

Não podia discordar, ao menos não totalmente, então me mantive em silêncio, fingindo concentração — que não tinha — na tarefa de retirar as malas do bagageiro do carro, e uma calma — que não sentia.

Depois de colocar as três malas de rodinhas ao lado do carro, fechei e tranquei tudo, só então me colocando ao lado de Saara. Não que ela sequer tenha percebido que eu agora estava ali. Sua atenção estava sobre a casa em nossa frente. Era simples, um sobrado azul claro de dois andares com varanda na frente e um balanço antigo de madeira. Era o lugar em que fui criado e que só agora percebia quão longe ele parecia ter estado nesses últimos meses, quando, na verdade, apenas duas horas de carro eram o que nos separavam.

Engoli em seco. Repentinamente também estava nervoso.

Envolvi sua mão na minha. Nós dois precisávamos de conforto. Porém não percebi qual o grau de nervosismo de Savannah até estarmos diretamente em frente a porta e escutar seus murmúrios rápidos em árabe.

— Hey. — Coloquei-me entre ela e a casa, segurando seu rosto entre minhas mãos. — Está tudo bem, linda. Tudo bem, Saara. Confia em mim?

Foi só essa última frase que fez com que ela realmente me olhasse.

— Sempre — suspirou depois de um momento.

Com um sorriso pequeno que esperava que fosse encorajador, voltei a segurar sua mão — ou melhor, ela envolveu minha mão em um aperto de ferro — e toquei a campainha.

— Josh, atenda a porta! Eu estou vigiando o chili e Vivien está lá em cima.

— Mãe, eu já estava indo. Não precisa gritar. E cadê Tabata e aquele namorado esquisito dela?

— JOSHUA!

Os gritos bem-humorados eram claramente audíveis por de trás da porta antes de meu pai aparecer. Seu cenho franzido sumiu assim que me reconheceu.

— Caleb! — ganhei um abraço e depois ele se afastou para colocar as mãos em meus ombros. — Filho. Você parece bem. Como tem passado?

— Está tudo certo, pai. E o senhor?

Ele assentiu.

— Vamos entrar, vamos, vamos. Também já disse que não precisa tocar a campainha quando ve-

Seu olhar finalmente passou por mim e encontrou Savannah.

— Oh. Olá.

Dando mais uma demonstração da fortaleza que sabia que ela era, minha esposa deu um passo para frente.

— Senhor Hunter, é um prazer conhecê-lo. — Estendeu a mão. — Meu nome é Savannah.

— É um prazer, Savannah — sorriu. — Vamos entrando. O almoço já está quase na mesa.

Ele deu um passo para o lado e nós entramos. Como um túnel do tempo, ao entrar na sala, vi meu avô sentado em sua poltrona favorita assistindo a um de seus vários programas de auditório.

— Vovô.

Ele levantou a cabeça e me deu um pequeno sorriso. Aproximei-me para cumprimentá-lo, abaixando-me, uma vez que sabia que ele não iria levantar. O homem era forte como um touro, mas bastante preguiçoso.

— Caleb, filho. Como você está?

— Muito bem, vovô, e o senhor?

— Bem, filho. Bem. E quem é essa bela moça que está com você?

Haunted EyesOnde histórias criam vida. Descubra agora