| cinquantième troisième |

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A viagem de volta foi agradável. Todos conversavam confortavelmente, com exceção do Michael, que estava dormindo no ombro do rei, que, embora sentisse o braço dormente, não estava pronto para tirar o Michael dali e nem queria acordar o seu guardião. Estavam tão confortáveis e calmos que ele preferiu ignorar seu desconforto apenas para lhe dar alguns minutos ou horas de sono a mais que o seu tutor precisava.

Depois de um tempo, ouviram repetidas pancadas na carruagem, que balançava e estava continuando a andar. Luke, Ashton e Calum franziram seu cenho em confusão.

— Comandante! — Um dos cavalheiros que estavam de guarda gritou. Luke mexeu cuidadosamente o Michael para acordar ele para que pudesse atender aos apelos do homem.

— O que aconteceu? — Perguntou o guarda sonolento e bocejando, enquanto esfregava seus olhos.

— Estão querendo falar com você — Disse o rei, e Michael, ainda sonolento, acenou com a cabeça, abriu a pequena janela e colocando sua cabeça para fora.

— O que houve? — Gritou ele, exigindo alguma explicação.

— A guarda real está alinhada em volta do palácio. Podemos observar a fumaça. Aparentemente, com a ausência do rei, ocorreu incidentes. — Relatou o cavaleiro e Michael despertou totalmente, colocou metade do seu corpo para fora da janela e conseguiu confirmar o que o guerreiro dizia.

— Formação número três! Que o cocheiro se apresse! — O guerreiro ordenou e logo todos os guerreiros que estavam ali se apressaram a obedecer. O cocheiro também, como ele ordenou, apressou os cavalos a subirem a encosta, onde no final ficava o palácio do Rei.

Michael voltou a entrar na carruagem, e observou os rostos ansiosos de Ashton e Calum, que só observavam, enquanto, por outro lado, o rosto de Luke, estava cheiro de pânico, bem como o de seu tutor.

— Edward — Ambos sussurraram em uníssono, de repente sentindo um grande bolo em sua garganta.

***

Ao passarem pela formação dos cavaleiros, avistaram árvores no jardim da frente, queimadas até ficarem estaladiços, onde alguns criados ainda estavam tentando extinguir certas chamas e a fumaça branca saía. Entraram no palácio, pelo jardim central, e observaram os criados a deslocarem-se pelos corredores. Havia um par de arbustos em chamas, mas o que mais magoou o Luke, foram as suas rosas, queimadas, até restarem apenas seus galhos queimados e quebradiços.

A carruagem parou e formou-se uma linha de guerreiros ao lado da porta. O primeiro a sair foi o comandante, notando que os danos foram superficiais. Depois um cavaleiro auxiliou o rei, que ficou atrás do seu guardião, para sua proteção.

— Uma horda de rebeldes entrou, há 7 rebeldes mortos por queimaduras, 2 cavaleiros feridos com queimaduras menores, e 53 pessoas sob custódia. Eles só conseguiram chegar até o jardim principal, conseguimos impedi-los de entrar no palácio, embora, provavelmente, houvesse algum infiltrado que informou sobre a ausência do rei.

— Rei Luke! — Gritou a princesa Theodore na parte de trás da formação, e depois correu através da linha dos cavaleiros. Luke deu um passo ao lado do Michael, para receber a princesa que chorava inconsolavelmente, talvez ainda com medo.

Ele abriu os braços com a intenção de a consolar, mas ficou surpreendido quando ela juntou seus lábios aos seus, desesperadamente. Com olhos largos, assustado, retribuiu, mas ela quebrou o beijo e se aconchegou no seu peito. Ele fez carinho em suas costas, confortando-a de suas lágrimas e depois levou seu olhar para Michael, que lhe dava um contato visual tenso e frio?

— Quem era o infiltrado? — Perguntou o comandante, mais uma vez recebendo toda a atenção do exército que tinha se distraído com a demonstração pública de afeto entre o rei e a princesa.

— Na verdade, foi uma infiltrada. Uma das babás do Edward.

Isso foi suficiente para Michael, que deu a Luke, agora, um olhar de pânico, que Luke retribuiu. Ele tirou Theodore dos seus braços, e como se tivessem chegado a algum acordo, Michael começou a correr através dos cavaleiros, seguido de Luke.

Corriam sob o olhar atento dos criados e cavaleiros. Subiram as escadas ofegando juntos, até chegarem ao corredor onde seus quartos ficavam. Quando chegaram ao quarto de Michael, dois guerreiros estavam na porta do quarto, que abriram a porta e deixaram ambos passarem, notando uma figura familiar a ambos, que estava embalando o inquieto Edward em seus braços.

— Está tudo bem, nada aconteceu com ele — A Rainha Catherina de Camberra olhou para cima, fazendo com que o pequeno bebê voltasse o seu olhar para Michael e Luke, cujos olhos estavam vidrados de medo. — O seu filho está em perfeitas condições, Michael.

Michael sentou-se ao seu lado, e ela entregou o pequeno bebê, que levantou a sua mãozinha numa tentativa de agarrar o nariz de seu pai, que sorriu através das lágrimas.

Havia apenas a rainha, o rei Luke, Michael e Edward na sala, e era impossível para Michael conter o susto que experimentara. Ele pensou que a ama fizera algo com seu filho, que ele poderia ter o perdido.

— Não brinque conosco — Sussurrou Luke, depois sentou se ao lado do Michael e deixou algumas lágrimas caírem. A angústia parecia estar bastante carregada no ar, e logo o pequeno bebê começou a chorar, gritando nos braços do Michael.

— Shhh... shhh, bebê — Sussurrou a rainha, apenas para receber Edward novamente, enquanto Michael o segurava com as mãos trêmulas. Ele chorava incontrolavelmente, ao imaginar perder o seu filho para os rebeldes, perdê-lo, o lembrou de Tina.

Perdê-lo.

— Mãe... — Disse o Luke em um sussurro, chamando a atenção da rainha focada no Edward para o acalmar.

— Diga — A rainha sussurrou de volta, levantando-se para caminhar com Edward e acalmá-lo.

— Sei que homens não se abraçam, mas eu não dou a mínima. Desculpas por isso.

E sem mais delongas, Luke abraçou Michael, para o confortá-lo do choque, onde o envolveu em seus braços em volta do corpo do Luke e afogou seus soluços e medo nas vestes reais.

Luke, com uma das suas mãos, interrompeu o abraço, e tirou do topo da sua cabeça, a pesada coroa e a colocou na cama, antes de voltar a abraçar o Michael, tentando livrá-lo de toda a angústia, de todo o medo do fantasma da perda do seu filho.

— Se acalme, Ange Gardien. Está tudo bem, nós estamos bem.

A rainha assistiu toda a demonstração de afeto em silêncio, sem saber como reagir. O seu filho e o comandante de guerra, ela não sabia, não sabia como reagir a isso, só se lembrava dos tempos intermináveis em que o Michael esteve presente para o seu filho como seu guardião, como salvou seu filho de ser um rei mau e impiedoso, como o ajudou a ser uma pessoa melhor, e que todas essas ações, fizeram com que Luke não visse Michael como um guardião ou amigo, mas sim como um amante que o salvou de ser o mais miserável e infeliz.

Michael salvara Luke, no primeiro instante, da miséria.

E depois desses pensamentos, ela sorriu.

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